CHECK-UPS & EXAMES
IMC: o índice avalia o peso, mas não conta toda a história
A tabela oficial do IMC ajuda a identificar riscos para a saúde, mas sozinha não basta: entender o percentual de gordura é importante para evitar erros

Dra. Juliana Soares
5min • 13 de set. de 2025

No consultório médico, na academia ou em calculadoras online, o IMC (Índice de Massa Corporal) é um dos parâmetros mais usados para avaliar se uma pessoa está dentro do peso considerado saudável, pois relaciona o peso e a altura e classifica em faixas que vão de baixo peso até obesidade grave.
Apesar de ser prático e útil para identificar riscos em populações, o IMC não é perfeito. Ele não diferencia massa muscular de gordura corporal, por exemplo, o que pode gerar distorções, como no caso de uma pessoa musculosa que aparece como acima do peso ou daquela com aparência magra, mas com alto percentual de gordura.
Como calcular o IMC?
É bem fácil fazer a conta:
IMC = peso (kg) ÷ altura² (m)
Uma pessoa com 70 kg e 1,70 m de altura, por exemplo, tem IMC de 24,2 kg/m².
Valores de referência de IMC
Os valores de referência para adultos são:
- Abaixo de 18,5: baixo peso
- 18,5 a 24,9: peso normal
- 25 a 29,9: sobrepeso
- 30 a 34,9: obesidade grau I
- 35 a 39,9: obesidade grau II
- 40 ou mais: obesidade grau III
Essa tabela é usada como ferramenta de triagem para riscos ligados ao excesso de peso, como diabetes tipo 2, pressão alta e problemas cardiovasculares.
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Limitações: quando ele pode enganar
Embora seja importante, fácil de calcular e traga uma boa noção de que faixa a pessoa está, o exame tem algumas limitações:
- Pessoas muito musculosas: o IMC pode apontar sobrepeso ou obesidade, mesmo quando o percentual de gordura é baixo;
- Falsos magros: pessoas com peso considerado normal podem ter excesso de gordura corporal e baixo percentual de massa magra, o que aumenta o risco metabólico;
- Diferenças individuais: idade, sexo e etnia influenciam na composição corporal, mas não são considerados no cálculo.
Por isso, o ideal é que o IMC seja avaliado junto com outros parâmetros, como percentual de gordura, circunferência da cintura e exames laboratoriais.
Percentual de gordura: por que também importa?
O percentual de gordura corporal mostra de fato quanto do peso é composto por gordura e quanto corresponde a músculos, ossos e água. Ele pode ser medido com equipamentos como bioimpedância ou dobras cutâneas.
Uma pessoa pode ter IMC normal, mas percentual de gordura elevado (falso magro). Outra, porém, pode ter IMC de sobrepeso, mas ser muito musculosa e saudável.
Por isso, especialistas defendem que olhar apenas para o IMC é como ver só a capa do livro, e é preciso avaliar o conteúdo, nesse caso, a composição corporal.
Obesidade pré-clínica
A partir de 2025, o diagnóstico da obesidade ganha um olhar mais sofisticado, não só com o IMC. Com base em recomendações científicas, hoje se passou a diferenciar dois estágios da obesidade: pré-clínica e clínica.
Obesidade pré-clínica
É o excesso de gordura corporal em pessoas saudáveis, ou seja, ainda sem sinais claros de disfunção metabólica ou física, mas com risco de desenvolver complicações como diabetes, pressão alta e doenças cardiovasculares.
Obesidade clínica
É a obesidade que já manifesta impacto funcional em órgãos ou na capacidade de fazer atividades básicas do dia a dia. Essa distinção traz mais sensibilidade ao diagnóstico e permite tomar atitudes preventivas antes que o problema piore.
Perguntas frequentes
1. O IMC é confiável?
Sim, mas é uma medida de triagem. Funciona bem em grandes populações, mas pode falhar em avaliações individuais.
2. Crianças usam a mesma tabela de IMC?
Não. Para crianças e adolescentes, existem curvas específicas de crescimento que levam em conta idade e sexo.
3. O IMC serve para idosos?
O índice pode não refletir bem a composição corporal em idosos, já que a perda de massa muscular é comum nessa fase da vida.
4. Percentual de gordura é mais importante que IMC?
Não é que seja “mais importante”, mas sim mais específico. O ideal é avaliar os dois em conjunto.
5. Qual percentual de gordura é considerado saudável?
Depende do sexo, da idade e do quanto de atividade física a pessoa faz, mas em geral:
- Homens: 10% a 20%
- Mulheres: 18% a 28%
6. Só corro riscos se tiver IMC alto?
Não. Mesmo com IMC normal, fatores como percentual de gordura, colesterol, pressão arterial e estilo de vida também contam muito para a saúde.
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