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PREVENÇÃO & LONGEVIDADE

O que o estresse faz com sua imunidade 

O corpo reage naturalmente ao estresse, mas quando essa resposta se torna constante, ela enfraquece o sistema imunológico e abre espaço para doenças

Dra. Juliana Soares

Dra. Juliana Soares

5min • 28 de dez. de 2025

Homem sentado com expressão cansada e irritada, segurando a cabeça em sinal de estresse

O estresse prolongado desregula hormônios, reduz as defesas do organismo e aumenta o risco de inflamações e infecções | Foto: Freepik

O estresse faz parte da vida contemporânea. Em níveis controlados, ele ajuda o organismo a reagir diante de situações de perigo ou desafio. Porém, quando se torna constante, transforma-se em um inimigo silencioso da saúde. Essa sobrecarga física e emocional compromete a imunidade, altera o equilíbrio hormonal e pode facilitar desde resfriados frequentes até doenças crônicas mais graves.

O sistema imunológico é responsável por defender o corpo contra vírus, bactérias e outros agentes nocivos. Ele depende de uma rede complexa de células e substâncias químicas que precisam trabalhar em equilíbrio. Quando o estresse persiste por muito tempo, essa harmonia se rompe e o corpo passa a reagir como se estivesse em alerta permanente.

Como o corpo reage ao estresse

Sempre que enfrentamos uma situação de tensão, o cérebro aciona um mecanismo de defesa conhecido como “resposta ao estresse”. Nesse processo, o hipotálamo estimula a liberação de hormônios como adrenalina e cortisol. Eles aumentam o batimento cardíaco, elevam a pressão arterial e direcionam a energia para músculos e órgãos vitais, preparando o corpo para agir rapidamente.

Esse mecanismo é essencial para lidar com emergências e dura apenas alguns minutos. O problema surge quando o estresse se torna crônico e o organismo permanece ativado por semanas ou meses. O excesso de cortisol, nesse caso, deixa de ser protetor e passa a causar danos, especialmente ao sistema imunológico.

Entre os efeitos mais comuns estão a redução da produção de linfócitos, células que combatem infecções, e o desequilíbrio na liberação de citocinas, substâncias que controlam as respostas inflamatórias. Esse descompasso faz com que o corpo se torne mais vulnerável a vírus, bactérias e até ao desenvolvimento de inflamações persistentes.

Estresse agudo x estresse crônico

Nem todo estresse é prejudicial. O chamado estresse agudo, que ocorre em curto prazo, pode até fortalecer temporariamente a imunidade. Situações pontuais, como um desafio no trabalho ou uma competição esportiva, mobilizam as defesas do corpo e melhoram a vigilância imunológica por algumas horas.

Já o estresse crônico tem o efeito oposto. Quando o corpo é exposto continuamente a pressões emocionais, financeiras ou profissionais, o sistema de alerta nunca se desativa. Isso causa desgaste progressivo e altera o funcionamento das células de defesa. Além de enfraquecer a imunidade, o estresse prolongado aumenta o risco de inflamações sistêmicas, hipertensão, distúrbios do sono e doenças cardiovasculares.

Pesquisas mostram que pessoas sob estresse constante apresentam níveis mais altos de cortisol e menor capacidade de resposta a vacinas, infecções e até feridas simples. O corpo gasta tanta energia tentando lidar com a tensão que sobra pouco para se proteger de outros agressores.

Quando o estresse abre portas para doenças

O impacto do estresse sobre o sistema imunológico se manifesta de várias formas. Além de infecções recorrentes, muitas pessoas percebem aumento na queda de cabelo, dificuldade para cicatrizar feridas, alergias e crises de doenças autoimunes. Isso ocorre porque o excesso de cortisol interfere diretamente na regulação das respostas inflamatórias.

Ao mesmo tempo, o estresse altera o equilíbrio da microbiota intestinal, conjunto de micro-organismos que participa da defesa do organismo. Quando essa flora protetora é afetada, a absorção de nutrientes cai e a barreira intestinal perde eficiência, permitindo a entrada de toxinas e aumentando o risco de inflamações crônicas.

Com o tempo, essa sobrecarga também afeta o coração, o metabolismo e o cérebro. A pressão arterial sobe, a glicose tende a se desregular e os níveis de energia despencam. O resultado é um corpo mais cansado, menos resistente e com respostas imunológicas enfraquecidas.

O papel da mente na defesa do corpo

A ligação entre saúde mental e imunidade é cada vez mais clara. Emoções como ansiedade e preocupação constante aumentam a atividade do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal, o mesmo responsável por liberar o cortisol. Quando esse sistema é acionado de forma contínua, o corpo permanece em estado de alerta, mesmo sem uma ameaça real.

A consequência é uma espécie de “fadiga imunológica”. O sistema de defesa, sobrecarregado, perde a capacidade de diferenciar o que é realmente perigoso. É por isso que pessoas sob forte estresse têm mais chance de desenvolver gripes, herpes e até reativações de vírus que estavam inativos no organismo.

Estudos mostram que o estresse emocional pode afetar diretamente o corpo, intensificando dores e agravando problemas como gastrite, dermatite e síndrome do intestino irritável. Ou seja, quando as emoções ficam em desequilíbrio, o organismo responde com sintomas físicos reais.

Estratégias para fortalecer o sistema imunológico

Controlar o estresse é essencial para preservar a imunidade. Pequenas mudanças na rotina ajudam o corpo a retomar o equilíbrio e reduzir a liberação excessiva de cortisol.

  • Sono regular: dormir bem regula a produção de hormônios e melhora a resposta imunológica
  • Atividade física moderada: exercícios aeróbicos leves ou caminhadas ajudam a liberar endorfinas e reduzir a tensão
  • Alimentação equilibrada: frutas, verduras, proteínas magras e gorduras boas reforçam a produção de células de defesa

Também é importante cultivar momentos de prazer e desconexão. Técnicas como respiração profunda, meditação, yoga ou simplesmente pausas curtas durante o dia ajudam a desacelerar o sistema nervoso e reduzir o impacto da tensão diária.

Cuidar da mente é cuidar do corpo

O estresse não é apenas um sentimento passageiro. Ele provoca alterações químicas reais que afetam o funcionamento de todo o organismo. Reconhecer seus sinais e buscar formas de controle é uma das formas mais eficazes de fortalecer o sistema imunológico e preservar a saúde a longo prazo.

Manter uma rotina equilibrada, com alimentação saudável, atividade física e descanso adequado, é tão importante quanto procurar apoio psicológico quando necessário. O corpo reage melhor quando mente e emoções estão em harmonia.

Veja mais: Como o contato com a natureza ajuda a reduzir o estresse

Perguntas e respostas

1. Como o estresse enfraquece o sistema imunológico?

O estresse crônico mantém o corpo em estado de alerta por longos períodos. Isso aumenta o cortisol no sangue, reduz linfócitos e desregula citocinas, deixando o organismo mais vulnerável a infecções e inflamações.

2. Qual é a diferença entre estresse agudo e estresse crônico?

O estresse agudo ocorre pontualmente e pode até fortalecer temporariamente a imunidade. Já o estresse crônico se mantém por semanas ou meses, causando desgaste físico e emocional que compromete a defesa do organismo.

3. Que sinais podem indicar que o estresse está afetando a imunidade?

Infecções frequentes, alergias, queda de cabelo, dificuldade para cicatrizar, piora de doenças autoimunes e cansaço persistente são sinais de que o sistema imunológico pode estar comprometido.

4. O intestino também sofre com o estresse?

Sim. O estresse altera a microbiota intestinal, prejudica a digestão, reduz a absorção de nutrientes e aumenta a permeabilidade do intestino, o que facilita inflamações crônicas.

5. O que posso fazer para reduzir o impacto do estresse na saúde?

Sono adequado, exercícios moderados, alimentação equilibrada e práticas de relaxamento, como respiração profunda, meditação ou yoga ajudam a reduzir o cortisol e melhorar a imunidade.

Leia mais: 7 dicas de um médico para ser mais produtivo e ter menos estresse

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Escrito por Dra. Juliana Soares

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