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Pedra nos rins (cálculo renal): quando os sintomas preocupam e como se prevenir 

Urologista explica como surgem as pedras, quais sinais exigem atenção imediata e as principais formas de prevenir novos episódios

Dr. Luciano Teixeira e Silva

Dr. Luciano Teixeira e Silva

5min • 25 de set. de 2025

Pedra nos rins (cálculo renal): quando os sintomas preocupam e como se prevenir 

As “pedras nos rins” estão entre as condições urológicas mais dolorosas e comuns. Estima-se que uma em cada dez pessoas terá ao menos um episódio de cálculo renal ao longo da vida. Embora em muitos casos eles sejam pequenos e eliminados sem grandes complicações, em outros podem provocar a temida cólica renal, considerada uma das dores mais intensas que o ser humano pode sentir.

Conversamos com o urologista Luciano Teixeira, que detalha como os cálculos se formam, quais sintomas não devem ser ignorados, os fatores de risco, além de estratégias eficazes de prevenção.

O que são cálculos renais e como eles se formam?

Cálculos renais, popularmente chamados de “pedra nos rins”, são pequenos aglomerados de sais minerais e cristais que se acumulam dentro dos rins. “Normalmente, nossa urina contém substâncias que evitam a formação desses cristais, mas, quando há desequilíbrio, como excesso de sais, falta de líquidos ou alterações metabólicas, eles se juntam e formam as pedras”, explica Luciano.

Essas formações podem começar microscópicas e aumentar com o tempo. Algumas permanecem no rim sem causar sintomas, mas, quando descem para os ureteres (canais que levam a urina dos rins até a bexiga), podem provocar dor intensa, conhecida como cólica renal.

Quem tem mais risco de desenvolver cálculo renal?

A propensão para desenvolver cálculos renais está ligada a fatores genéticos, metabólicos e de estilo de vida. Segundo o médico, algumas pessoas produzem urina mais concentrada ou rica em substâncias como cálcio, oxalato e ácido úrico, o que favorece a formação das pedras.

Além disso, existem os fatores de risco para o cálculo renal, que incluem:

  • Baixa ingestão de água: deixa a urina mais concentrada, facilitando a formação e o acúmulo de cristais.
  • Alimentação rica em sal e proteínas animais: aumenta a eliminação de cálcio e ácido úrico, favorecendo pedra nos rins.
  • Histórico familiar de cálculos renais: fatores genéticos elevam a predisposição ao problema.
  • Doenças metabólicas: gota, obesidade e hiperparatireoidismo aumentam cálcio, oxalato e ácido úrico na urina.
  • Infecções urinárias de repetição: criam ambiente favorável para o desenvolvimento de certos tipos de cálculo.

“Embora qualquer pessoa possa ter cálculo renal, alguns indivíduos estão mais propensos a repeti-los ao longo da vida”, explica Luciano.

O que fazer quando um cálculo aparece em um exame de rotina

Nem todo cálculo renal exige tratamento imediato, já que, muitas vezes, ele não está causando problemas e é descoberto por acaso em um exame de ultrassom ou tomografia.

“Nesses casos, a conduta depende de condições como tamanho, localização, ‘dureza’ e composição provável da pedra”, fala o urologista.

  • Pedras pequenas e sem sintomas: podem exigir apenas observação, com aumento da ingestão de líquidos e acompanhamento regular.
  • Pedras maiores ou com risco de migrar: podem exigir tratamento antes que causem crises.

“O mais importante é não ignorar a descoberta. Mesmo que a pedra não esteja causando sintomas, o acompanhamento com o urologista é essencial para evitar complicações futuras”.

Quais são os sintomas de uma crise de cálculo renal?

Quando um cálculo renal se desloca e obstrui os ureteres, o paciente pode apresentar uma crise aguda conhecida como cólica renal. Essa dor surge porque o rim e as vias urinárias são forçados a trabalhar contra a obstrução, provocando uma pressão intensa.

Trata-se de um quadro súbito e incapacitante que pode causar diversos sintomas de cólica renal:

  • Dor súbita e intensa na região lombar: pode irradiar para abdome, virilha ou genitais.
  • Sangue na urina: geralmente deixa a urina rosada ou avermelhada.
  • Náuseas e vômitos: comuns devido à intensidade da dor.
  • Urgência ou ardência para urinar: ocorre quando o cálculo se aproxima da bexiga.

“A cólica renal é considerada uma das piores dores que o ser humano pode sentir. Sempre que ela ocorre, é necessário atendimento médico imediato, não apenas para alívio da dor, mas também para avaliar o risco de complicações”, alerta Luciano.

Como diferenciar a dor da cólica renal de outras dores?

A dor do cálculo renal é tão característica que, em muitos casos, basta a descrição do paciente para levantar forte suspeita.

“A dor do cálculo renal costuma começar de forma súbita, na região lombar. Diferente de outras dores abdominais, não melhora com a mudança de posição. O paciente anda de um lado para o outro, inquieto, tentando encontrar alívio, mas não consegue”, explica Luciano.

Ele acrescenta que dores digestivas, musculares ou ginecológicas geralmente têm localização mais específica e podem aliviar em determinadas posições.

“No entanto, como nem sempre a distinção é simples, qualquer dor lombar ou abdominal intensa deve levar o paciente a procurar atendimento médico imediato”.

Tratamento de cálculo renal: quais as opções?

O tratamento de cálculo renal varia de acordo com o tamanho, a localização e a composição do cálculo. Pedras pequenas, de até 5 mm, podem ser eliminadas naturalmente com hidratação abundante, além da indicação de analgésicos e, em alguns casos, medicamentos para relaxar o ureter.

Medicamentos também podem ser usados para dissolver pedras de ácido úrico (alcalinizantes) ou prevenir a formação de novos cálculos (diuréticos tiazídicos). Quando necessário, entram os métodos cirúrgicos:

  • Litotripsia extracorpórea por ondas de choque (LEOC): fragmenta pedras menores de 20 mm nos rins ou ureter superior.
  • Ureteroscopia: indicada para cálculos no ureter médio ou inferior; usa endoscópio para fragmentar e retirar a pedra.
  • Nefrolitotomia percutânea: feita por pequena incisão nas costas, indicada para cálculos maiores de 20 mm ou complexos.
  • Cirurgia aberta ou robótica: hoje rara, reservada para casos específicos.

“O objetivo é sempre o mesmo: eliminar a pedra nos rins com o mínimo de invasividade possível, aliviar a dor e preservar a função renal”, enfatiza o médico, que lembra que ajustes de dieta e hidratação são fundamentais para reduzir o risco de novos episódios.

Veja mais: 9 hábitos alimentares que ajudam a prevenir doenças no dia a dia

Alimentação e hidratação para prevenir cálculos renais

A alimentação é um dos principais fatores na prevenção dos cálculos renais. Alguns hábitos favorecem a formação das pedras, enquanto outros ajudam a evitá-las. Entre os pontos de risco, destacam-se:

  • Excesso de sal: aumenta a eliminação de cálcio pela urina, favorecendo a formação de cristais.
  • Proteínas animais em excesso: elevam o ácido úrico e deixam a urina mais ácida, o que facilita o surgimento de cálculos.
  • Baixa ingestão de cálcio: ao contrário do que muitos pensam, aumenta o risco. O cálcio da dieta neutraliza o oxalato no intestino e evita que ele chegue em excesso à urina.

“Uma alimentação equilibrada, rica em frutas, verduras, fibras e com moderação no sal e nas proteínas animais, é fundamental na prevenção”, fala Luciano, que acrescenta.

“Lembrando que beber bastante água é a medida preventiva mais importante. A água dilui a urina, reduz a concentração de sais e dificulta que os cristais se juntem para formar pedras”.

A recomendação é que o paciente elimine cerca de 2 litros de urina por dia, o que corresponde a 2 a 3 litros de líquidos ingeridos diariamente, variando conforme o clima e atividade física. Uma dica prática é observar a cor da urina: quanto mais clara, melhor a hidratação. Urina escura indica concentração elevada e risco maior de formação de cálculos.

O risco da recorrência

Um dos grandes desafios do cálculo renal é a sua alta taxa de recorrência. “Estima-se que cerca de 50% dos pacientes que tiveram uma pedra poderão formar outra em até 5 anos, se não houver prevenção adequada”, afirma Luciano.

Por isso, após o primeiro episódio, é essencial investigar a causa com exames de sangue, urina e análise da própria pedra, quando possível. Mudanças na alimentação, hidratação adequada e, em alguns casos, uso de medicamentos são medidas fundamentais para reduzir o risco de novos episódios.

Perguntas e respostas sobre cálculo renal

1. O que é cálculo renal e como ele se forma?

Os cálculos renais são aglomerados de sais e cristais nos rins, causados por desequilíbrios como excesso de sais ou pouca ingestão de líquidos.

2. Quem tem mais risco de desenvolver pedras nos rins?

Quem bebe pouca água, consome muito sal e proteína, tem histórico familiar, doenças metabólicas ou infecções urinárias.

3. Quais são os sintomas de uma crise de cálculo renal?

Cólica renal com dor intensa na lombar, sangue na urina, náuseas, vômitos e urgência para urinar.

4. Como diferenciar a cólica renal de outras dores?

É súbita, não melhora com posição e deixa o paciente inquieto, diferente de dores digestivas ou musculares.

5. Quais são as opções de tratamento?

Depende do tamanho e da localização. Cálculos pequenos podem sair naturalmente com hidratação. Para pedras maiores, além de medicamentos, usam-se técnicas como ondas de choque, ureteroscopia, cirurgia percutânea e, em situações raras, cirurgia aberta ou robótica.

6. Qual é o papel da hidratação no cálculo renal?

É a medida preventiva mais importante. Beber de 2 a 3 litros de líquidos por dia ajuda a eliminar cerca de 2 litros de urina. A urina clara indica boa hidratação; a escura sugere risco maior de pedras.

7. O cálculo renal pode voltar?

Sim. Cerca de 50% dos pacientes terão nova pedra em até 5 anos, se não houver prevenção adequada. Por isso, é essencial investigar a causa, ajustar hábitos alimentares e manter acompanhamento médico.

Leia também: Como montar um prato saudável para todas as refeições?

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Escrito por Dr. Luciano Teixeira e Silva

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