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Quem tem problemas cardíacos pode fazer musculação? Cardiologista responde

Assim como qualquer prática esportiva, é necessária uma avaliação médica para garantir que a musculação seja segura.

Dra. Juliana Soares

Dra. Juliana Soares

5min • 10 de dez. de 2025

Homem treinando com halteres em academia durante exercício de musculação.

Existe uma série de alterações fisiológicas proporcionadas pela musculação que trazem benefícios ao coração | Foto: Freepik

A musculação é uma prática que usa movimentos repetidos para trabalhar vários grupos musculares, aumentando a carga e a intensidade aos poucos. Ela ajuda a fortalecer o corpo, melhorar a circulação, controlar a pressão arterial e reduzir o esforço que o coração precisa fazer nas tarefas diárias.

Mas, por ser uma atividade que exige aumento gradual de força e esforço físico, é comum ter dúvida se quem tem problemas cardíacos pode fazer musculação. Afinal, ela segura para pessoas com problemas cardíacos, como pressão alta, arritmias, insuficiência cardíaca, histórico de infarto ou doença arterial coronariana?

Conversamos com a cardiologista Juliana Soares para entender as principais orientações. Confira!

Pessoas com problemas cardíacos podem fazer musculação?

Pessoas com problemas cardíacos podem fazer musculação, e em muitos casos o treino é até recomendado como parte do tratamento.

A musculatura enfraquecida aumenta o esforço que o coração precisa fazer nas atividades do dia a dia, porque o corpo passa a depender mais do sistema cardiovascular para compensar a falta de força.

Isso acontece devido à perda de massa muscular, chamada de sarcopenia, que funciona como um fator de risco extra para quem já tem alguma doença cardíaca.

Quando o corpo ganha força e os músculos ficam mais eficientes, o retorno do sangue para o coração melhora e as tarefas diárias se tornam menos exigentes do ponto de vista cardiovascular. Por isso, o fortalecimento muscular traz benefícios diretos para quem convive com cardiopatias.

Segundo Juliana, se a pessoa está estável, sem sintomas descompensados e sem sinais que exijam intervenções imediatas, a musculação geralmente é indicada.

O treino precisa ser adaptado, respeitando limites individuais e com liberação médica, mas pode se tornar uma ferramenta importante para melhorar a capacidade física, a qualidade de vida e a saúde do coração.

Quem tem marca-passo pode treinar?

Pessoas com marca-passo podem treinar, desde que sigam cuidados específicos. Primeiro, Juliana explica que é necessário evitar qualquer impacto direto na região onde o gerador está implantado. Logo, atividades com risco de golpes no tórax, como esportes de luta, não são recomendadas.

A musculação também pode ser feita, mas deve-se evitar cargas muito elevadas, porque esforços intensos podem causar picos de pressão durante o movimento.

A longo prazo, quando o treino segue as orientações médicas e é ajustado conforme a condição de cada pessoa, a musculação ajuda a reduzir e controlar a pressão arterial, além de melhorar a força muscular e capacidade funcional.

Quais os benefícios da musculação para o coração?

Existe uma série de alterações fisiológicas proporcionadas pela musculação que trazem benefícios ao coração, segundo Juliana, como:

  • Melhora da sensibilidade das células à insulina, reduzindo o açúcar no sangue e diminuindo o risco de diabetes;
  • Melhora do retorno do sangue para o coração, já que músculos mais fortes ajudam na circulação e facilitam o trabalho cardíaco;
  • Aumento da eficiência geral do corpo, já que o coração não precisa trabalhar tanto para tarefas simples;
  • Maior flexibilidade dos vasos sanguíneos ao longo do tempo, o que melhora a saúde das artérias;
  • Redução gradual dos níveis de pressão arterial com a prática regular de treino muscular.

A cardiologista explica que o treino aeróbico e o de força são igualmente importantes para a saúde cardiovascular.

O treino aeróbico melhora o fluxo de sangue pelo coração, aumenta a eficiência do consumo de oxigênio e, a longo prazo, ajuda muito no controle da pressão arterial. Também melhora o condicionamento geral, tornando a frequência cardíaca mais estável.

Já o treino de musculação ajuda no fortalecimento muscular, que reduz a sobrecarga do coração, além de trazer melhorias metabólicas importantes que favorecem todo o sistema cardiovascular.

Cuidados antes de começar na musculação

Pacientes com condições cardiovasculares precisam de atenção especial durante a musculação. Juliana explica que o primeiro passo é realizar uma avaliação médica antes de iniciar qualquer tipo de treino, para identificar limites, restrições e metas seguras. Ela também é necessária para ajustar alguma medicação antes do início da atividade física.

Outros cuidados importantes incluem:

  • Manter respiração adequada, soltando o ar no momento da força, para evitar picos de pressão;
  • Evitar chegar à fadiga muscular extrema; o ideal é parar antes de atingir o limite máximo de força;
  • Ter cuidado com mudanças bruscas de posição, que podem causar quedas transitórias da pressão arterial, especialmente em quem usa medicamentos para pressão;
  • Monitorizar a frequência cardíaca durante o treino e respeitar os limites definidos pelo médico;
  • Ajustar cargas, repetições e intervalos de acordo com a orientação profissional.

Com as adaptações, o treino se torna mais seguro e eficaz para quem convive com doenças cardíacas.

Sinais de alerta durante a musculação

Se qualquer um desses sintomas aparece, o ideal é interromper o treino e procurar orientação médica:

  • Dor no peito, aperto, queimação ou desconforto que se espalha para braço, pescoço ou mandíbula;
  • Falta de ar intensa, desproporcional ao esforço realizado;
  • Tontura, fraqueza súbita ou sensação de desmaio;
  • Palpitações fortes, sensação de batimentos irregulares ou muito acelerados;
  • Náuseas, sudorese fria ou mal-estar repentino;
  • Dor de cabeça súbita durante o esforço;
  • Aumento exagerado da pressão arterial percebido por sintomas como visão turva ou zumbido;
  • Dor muscular intensa que impede a continuidade do movimento, diferente da fadiga comum do exercício.

Confira: Exercícios para fortalecer a coluna: o guia completo para proteger sua postura e prevenir dores

Perguntas frequentes

Quem tem hipertensão pode fazer musculação?

Sim, a musculação é permitida para pessoas com pressão alta, desde que o treino seja ajustado com cargas moderadas e progressão lenta. As cargas muito elevadas podem causar aumentos rápidos da pressão durante o movimento, mas cargas leves ajudam no controle da pressão arterial a médio e longo prazo.

O treino adequado fortalece grupos musculares importantes para circulação e melhora a saúde das artérias. A prática regular também reduz a necessidade de esforço cardíaco e favorece a estabilização da pressão.

É obrigatório fazer avaliação médica antes de começar a academia?

Sim, pois a avaliação médica identifica limitações cardiovasculares, determina frequência cardíaca segura, verifica se há risco de arritmias, avalia a pressão arterial, ajusta os rfemédios e estabelece quais movimentos devem ser evitados.

Pessoas com histórico de infarto, insuficiência cardíaca, arritmias ou pressão alta precisam conversar com um especialista antes de iniciar qualquer rotina de treino. A avaliação também orienta a intensidade, duração e progressão do programa de exercícios.

O que uma pessoa com problemas cardíacos deve evitar na musculação?

A pessoa precisa evitar cargas muito altas, movimentos muito rápidos ou explosivos, treinos que obrigam a prender o ar e séries longas sem intervalo, porque tudo isso aumenta de forma brusca o esforço do coração.

Também é necessário evitar exercícios que causam muita pressão no tórax ou no abdômen, já que podem elevar a pressão arterial durante o movimento. Treinos até a falha muscular, assim como qualquer exercício que provoque dor, tontura, náusea ou mal-estar, devem ser interrompidos imediatamente.

A musculação substitui os remédios para o coração?

O treino fortalece o corpo, melhora a circulação e favorece controle da pressão, mas não substitui remédios prescritos para controlar condições cardíacas.

A musculação funciona como complemento ao tratamento médico, aumentando a eficiência do organismo e reduzindo riscos, porém a medicação continua sendo parte indispensável do acompanhamento.

Pessoas idosas com cardiopatia também podem fazer musculação?

Sim, os idosos se beneficiam muito do fortalecimento muscular, porque a sarcopenia é mais frequente nessa fase da vida e aumenta risco de quedas, fadiga e perda de autonomia. A musculação, quando é suave, melhora equilíbrio, força, mobilidade e controle da pressão arterial.

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Escrito por Dra. Juliana Soares

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