DOENÇAS & CONDIÇÕES
Prisão de ventre: o que fazer quando o intestino trava
Dificuldade para evacuar, fezes ressecadas e sensação de intestino preso são situações incômodas; veja o que fazer para resolver o problema
Dra. Isabella Segura
5min • 11 de out. de 2025

Ir ao banheiro deveria ser algo natural — mas para muitas pessoas, é uma verdadeira batalha. A constipação intestinal, ou prisão de ventre, é um problema que afeta milhões de brasileiros e interfere na qualidade de vida.
Ela acontece quando evacuar se torna difícil, infrequente ou a evacuação é incompleta, com aquela sensação de que o intestino não esvaziou por completo. Embora seja comum, não deve ser ignorada, pois pode ter várias causas e, em alguns casos, sinalizar doenças que precisam de tratamento.
O que é prisão de ventre
Os médicos consideram que existe constipação intestinal (prisão de ventre) quando, por pelo menos três meses seguidos, a pessoa apresenta dois ou mais dos seguintes sinais:
- Menos de três evacuações por semana;
- Fezes muito ressecadas e duras;
- Esforço exagerado para evacuar;
- Sensação de evacuação incompleta;
- Sensação de “entupimento” na saída;
- Necessidade de usar laxantes ou até manobras com as mãos para facilitar a evacuação.
Tipos de prisão de ventre
Constipação funcional
É a mais comum. Não está ligada a uma doença específica, mas a hábitos de vida inadequados, como alimentação pobre em fibras, baixo consumo de líquidos, sedentarismo ou idade avançada.
Ela se divide em três subtipos:
- Trânsito normal: o intestino funciona, mas evacuar é difícil — geralmente melhora com fibras ou laxantes leves;
- Trânsito lento: o intestino demora muito a movimentar as fezes;
- Evacuação obstruída: o intestino produz as fezes, mas há dificuldade na saída.
Constipação secundária
Ocorre quando há uma causa definida, como alterações ou lesões no intestino, uso de certos medicamentos (como analgésicos opioides), doenças neurológicas (Parkinson, AVC, doença de Chagas) ou alterações hormonais e metabólicas, como diabetes e hipotireoidismo.
Quem tem maior risco
A prisão de ventre pode afetar qualquer pessoa, mas é mais frequente em:
- Idosos, que têm maior risco de complicações;
- Mulheres;
- Pessoas que ingerem pouca água e fibras;
- Sedentários;
- Gestantes.
Principais causas de prisão de ventre
As causas se dividem em dois grandes grupos:
- Funcionais: dieta pobre em fibras, falta de atividade física, postura incorreta no vaso sanitário, perda do reflexo de evacuação e abuso de laxantes;
- Secundárias: tumores, prolapso retal, efeitos colaterais de medicamentos, doenças neurológicas e musculares, diabetes e hipotireoidismo.
Como é feito o diagnóstico
O diagnóstico começa com uma conversa detalhada com o médico, que avalia a frequência das evacuações, o uso de remédios, a presença de outras doenças e os hábitos de vida.
Depois, podem ser realizados exames físicos e complementares, como:
- Exames de sangue e fezes;
- Exames de imagem (raio X, colonoscopia ou enema opaco, quando necessário);
- Testes de funcionamento intestinal, como tempo de trânsito intestinal, manometria e defecografia.
Esses exames ajudam a diferenciar entre constipação funcional e causas mais complexas.
Tratamento da prisão de ventre
Na maioria dos casos, mudanças simples no estilo de vida já trazem alívio significativo:
- Aumentar o consumo de fibras (frutas, verduras, legumes e cereais integrais);
- Beber água ao longo do dia;
- Praticar atividade física regularmente;
- Criar uma rotina para ir ao banheiro, respeitando os sinais do corpo.
Quando necessário, o médico pode indicar laxantes ou outros medicamentos para auxiliar na evacuação, sempre com acompanhamento profissional, já que o uso prolongado pode piorar o problema.
Quando procurar o médico
Procure ajuda médica se a prisão de ventre for persistente, se houver sangue nas fezes, perda de peso inexplicada, dor abdominal intensa ou alterações súbitas no funcionamento intestinal. Esses podem ser sinais de doenças que exigem investigação.
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Perguntas frequentes sobre prisão de ventre
1. É normal evacuar só a cada dois ou três dias?
Depende. Algumas pessoas têm ritmo intestinal naturalmente mais lento, mas se houver esforço, dor ou sensação de evacuação incompleta, pode indicar constipação.
2. Laxantes podem ser usados todos os dias?
Não. O uso contínuo pode tornar o intestino “preguiçoso”. Use apenas sob orientação médica.
3. Água e fibras resolvem sempre?
Na maioria dos casos, sim. A hidratação e uma dieta rica em fibras ajudam a regular o trânsito intestinal.
4. Quais frutas ajudam a soltar o intestino?
Mamão, ameixa, laranja com bagaço, abacate e kiwi são boas opções.
5. É verdade que o café ajuda a ir ao banheiro?
Em algumas pessoas, sim. A cafeína pode estimular o movimento intestinal, mas não deve ser usada como tratamento.
6. A prisão de ventre pode causar hemorroidas?
Sim. O esforço repetido para evacuar aumenta a pressão nas veias do reto, o que favorece o surgimento de hemorroidas.
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