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DOENÇAS & CONDIÇÕES

Pressão alta: quando ir ao pronto-socorro?

Os sintomas da hipertensão costumam aparecer quando a pressão sobe muito, a ponto de o corpo não consegue mais compensar

Dr. Giovanni Henrique Pinto

Dr. Giovanni Henrique Pinto

5min • 24 de nov. de 2025

Pessoa idosa medindo a pressão arterial com aparelho manual, segurando o manômetro e a bomba de insuflação.

É importante procurar atendimento médico quando a pressão alta continuar acima de 180/120 mmHg (18 por 12) e se vier acompanhada de sinais de alerta | Foto: Freepik

No Brasil, a estimativa é que 388 pessoas morrem diariamente por problemas decorrentes da hipertensão, uma condição crônica em que a força do sangue contra as paredes das artérias fica constantemente acima do nível considerado normal.

Ela faz com que o coração tenha que trabalhar mais para empurrar o sangue pelo corpo — aumentando o risco de doenças graves, como AVC, infarto e aneurisma. Por isso, é ainda mais importante manter o acompanhamento médico regular para controlar a pressão e cuidar da saúde do coração.

Mas você sabe quando é hora de ir ao pronto-socorro? A pressão alta costuma ser silenciosa, mas, quando os níveis sobem demais, o corpo geralmente emite sinais de alerta que podem indicar uma crise hipertensiva. Entenda melhor a seguir.

A partir de qual valor a pressão é considerada perigosa?

A pressão arterial é considerada alta quando está igual ou acima de 140/90 mmHg (14 por 9), e normalmente não manifesta sintomas importantes, o que faz com que muitas pessoas convivam com a condição sem perceber.

Contudo, ela se torna perigosa quando ultrapassa 180/120 mmHg (18 por 12), especialmente se acompanhada de sintomas, conforme explica o cardiologista e cardio-oncologista Giovanni Henrique Pinto.

Os níveis elevados podem indicar uma crise hipertensiva, situação em que a pressão sobe a ponto de ameaçar a integridade de órgãos vitais, como o cérebro, o coração e os rins. O quadro exige atenção médica imediata, sendo recomendado procurar o pronto-socorro para avaliação e tratamento rápido — o que pode reduzir o risco de complicações graves.

A pressão está alta, o que fazer antes de ir ao hospital?

Quando a pressão arterial fica muito alta, antes de ir ao hospital, existem alguns passos simples que podem ajudar a conferir se o valor está realmente elevado e se existe risco imediato, sendo eles:

  • Refaça a medida após 5 a 10 minutos de repouso, sentado, em um ambiente calmo e sem falar durante a aferição;
  • Evite entrar em pânico, pois o nervosismo pode, por si só, elevar ainda mais a pressão, piorando a situação. Respire fundo e tente manter a calma;
  • Não repita a medição várias vezes seguidas. Medir a pressão repetidamente em poucos minutos aumenta a ansiedade, pode gerar leituras erradas e não ajuda a controlar o quadro;
  • Se, mesmo após o repouso, os valores continuarem acima de 180/120 mmHg (18 por 12) ou se surgirem sintomas de alerta, procure imediatamente um pronto-socorro.

Importante: se você já usa remédios para o controle da pressão arterial, não aumente a dosagem sem orientação médica. “Alguns medicamentos (como captopril, losartana ou clonidina) até podem reduzir a pressão rapidamente, mas o uso inadequado pode causar queda brusca da pressão, tontura, desmaio ou até redução da perfusão cerebral e renal”, explica Giovanni.

O cardiologista esclarece que o ideal é seguir o plano indicado pelo médico para situações de elevação da pressão, pois muitos pacientes recebem um “plano de ação” personalizado, que orienta quando e como usar um medicamento de resgate.

Leia também: Pressão alta e rins: como proteger a saúde renal

Quando ir ao pronto-socorro por conta de pressão alta?

É importante procurar atendimento médico quando a pressão continuar acima de 180/120 mmHg (18 por 12) e se vier acompanhada de sinais de alerta, como:

  • Dor no peito ou sensação de aperto;
  • Falta de ar;
  • Dor de cabeça intensa e súbita;
  • Visão borrada, turvação visual ou perda de visão;
  • Tontura, confusão mental, desmaio ou fala arrastada;
  • Fraqueza ou dormência em um lado do corpo;
  • Náuseas e vômitos intensos.

“Mesmo sem sintomas, uma pressão acima de 180/120 mmHg deve ser reavaliada rapidamente — se não baixar após alguns minutos de repouso, é motivo para procurar o pronto-socorro”, explica Giovanni.

Como é feito o atendimento de pressão alta?

No pronto-socorro, o atendimento em casos de crise hipertensiva é focado em identificar rapidamente se a pressão elevada já causou danos em órgãos importantes.

Primeiro, o médico irá aferir a pressão diversas vezes e avaliar a presença de sintomas, como dor no peito e falta de ar. Depois, podem ser solicitados exames para entender se existe comprometimento de órgãos como cérebro, coração ou rins, como:

  • Eletrocardiograma;
  • Dosagem de creatinina;
  • Eletrólitos;
  • Exame de urina;
  • Raio-X do tórax;
  • Se necessário, tomografia.

O tratamento costuma começar com medicamentos via oral ou intravenosa, de forma gradual. “A meta é reduzir a pressão sem quedas abruptas, que poderiam agravar o quadro”, complementa Giovanni.

Como evitar uma crise de pressão alta?

Para evitar uma crise hipertensiva, é importante controlar a pressão no dia a dia e reduzir os fatores que fazem esses números subirem. Algumas medidas simples ajudam muito, como:

  • Tomar os remédios exatamente como o médico orientou, sem pular doses;
  • Reduzir o consumo de sal na alimentação;
  • Evitar excesso de álcool e de alimentos ultraprocessados;
  • Manter o peso adequado e praticar atividade física regular;
  • Dormir bem e tentar reduzir o estresse diário;
  • Evitar uso de anti-inflamatórios e descongestionantes nasais sem orientação médica;
  • Medir a pressão com certa frequência e acompanhar os valores.

“Com tratamento contínuo e hábitos saudáveis, é possível manter a pressão sob controle e evitar novas emergências”, finaliza o cardiologista.

Confira: 12×8 já não é normal: nova diretriz muda o que entendemos por pressão alta

Perguntas frequentes sobre pressão alta

Pressão alta tem cura?

A hipertensão é uma doença crônica, o que significa que ela não tem cura. Contudo, é totalmente possível controlar os números com acompanhamento médico regular e hábitos saudáveis.

Quando a pessoa segue o tratamento, faz consultas de rotina, tem uma alimentação equilibrada, reduz o consumo de sal e pratica atividade física, a pressão pode ficar estável por longos períodos. Com o tempo, isso evita complicações graves e melhora a qualidade de vida.

É verdade que o sal aumenta a pressão?

O excesso de sal está diretamente ligado ao aumento da pressão arterial porque interfere na retenção de líquidos e no equilíbrio do organismo. Nesse sentido, reduzir o sal é uma das estratégias mais importantes para controlar a hipertensão, especialmente em quem já tem tendência ou histórico familiar.

Quem tem pressão alta precisa medir a pressão em casa?

Sim! Medir a pressão em casa faz parte do tratamento e ajuda a acompanhar se o remédio está funcionando e se as mudanças na rotina estão dando resultado. Além disso, a monitorização caseira ajuda a identificar oscilações e perceber quando algo não vai bem, antes de surgir uma emergência.

O ideal é medir a pressão com aparelhos digitais validados e, de preferência, de braço, pois são mais confiáveis do que os de pulso.

É normal a pressão subir quando estou nervoso ou ansioso?

Sim! Em momentos de estresse emocional, o corpo libera substâncias que aumentam os batimentos cardíacos e elevam a pressão temporariamente — o que pode acontecer em qualquer pessoa. Porém, valores muito altos não devem ser ignorados, mesmo se o motivo for ansiedade.

Se a pressão sobe com frequência em momentos de estresse, isso deve ser avaliado com o médico para ajustar o tratamento e evitar crises.

Posso parar o remédio se a pressão estiver controlada?

Não, pois a pressão controlada significa que o tratamento está funcionando. Parar o remédio por conta própria pode fazer a pressão subir novamente e colocar a saúde em risco, aumentando chances de AVC e infarto. Qualquer ajuste de dose, troca de medicação ou suspensão precisa ser orientado pelo médico.

É possível controlar a pressão apenas com alimentação e exercícios?

Em alguns casos mais leves, principalmente quando o diagnóstico é recente e não há outras doenças associadas (como diabetes), as mudanças de hábitos podem ajudar muito e até permitir controle sem remédios — mas isso não se aplica a todo mundo.

Em muitas pessoas, mesmo com alimentação adequada e atividade física regular, o uso de medicamentos continua sendo necessário. A melhor forma de saber é com acompanhamento médico, análises periódicas e monitorização da pressão ao longo do tempo.

Leia mais: Potássio ajuda a reduzir a pressão alta? Cardiologista explica

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