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SINAIS & SINTOMAS

Odor vaginal: quando é normal, sinais de alerta e cuidados 

O odor vaginal pode mudar em resposta à uma série de fatores, como menstruação, gravidez e relações sexuais

Dra. Andreia Sapienza

Dra. Andreia Sapienza

5min • 3 de out. de 2025

Odor vaginal: quando é normal, sinais de alerta e cuidados 

Todas as vaginas produzem odor naturalmente. Ele faz parte do funcionamento saudável do corpo e pode variar conforme o ciclo menstrual, a alimentação, a transpiração e até o nível de estresse. Por isso, nem sempre é fácil identificar quando o odor vaginal é apenas fisiológico ou quando indica que algo não está bem.

Inclusive, diversas mulheres convivem com dúvidas, sem saber ao certo quando é preciso procurar ajuda, mas é fundamental saber diferenciar situações normais de desequilíbrios que precisam de tratamento. A seguir, esclarecemos quando o odor vaginal é normal, quais casos precisam de atenção e quando procurar um médico.

Afinal, o que é odor vaginal normal?

A vagina é um órgão autolimpante e, assim como a boca produz saliva, ela naturalmente libera secreções ao longo do ciclo menstrual. Elas podem variar em quantidade, textura e até no cheiro — mas isso não significa, necessariamente, que há algo errado com o organismo.

Segundo a ginecologista e obstetra Andrea Sapienza, a presença de um odor vaginal leve e característico é completamente normal. Ele pode ser mais perceptível em determinados momentos, como durante o período fértil, após a prática de exercícios físicos ou em dias de calor intenso.

E quando o odor vaginal é anormal?

O odor vaginal passa a ser um sinal de alerta quando vem acompanhado de alterações como:

  • Corrimento com cor esverdeada, acinzentada ou amarelada;
  • Cheiro forte e persistente, semelhante a peixe estragado ou amônia;
  • Coceira, ardência ou dor durante a relação sexual;
  • Secreção com bolhas ou consistência alterada.

Nesses casos, é fundamental procurar avaliação médica.

O que pode causar o odor vaginal anormal?

Diversos fatores podem desencadear alterações no odor vaginal — e eles podem estar relacionados à parte interna da vagina ou à região externa da vulva. Confira algumas das causas mais comuns:

Vaginose bacteriana

De acordo com Andrea Sapienza, a causa mais comum de odor vaginal é a vaginose bacteriana. Ela ocorre quando há desequilíbrio da flora vaginal, com aumento de bactérias anaeróbias. Normalmente, a condição apresenta os seguintes sintomas:

  • Corrimento acinzentado;
  • Odor forte de peixe estragado ou amônia;
  • Pode apresentar pequenas bolhas na secreção;
  • Não causa inflamação, mas traz bastante incômodo.

A especialista aponta que o tratamento de vaginose bacteriana geralmente é feito com o uso de remédios antibióticos, como metronidazol, via oral ou vaginal. Mas apenas um especialista pode indicar o uso, não se automedique!

Infecções sexualmente transmissíveis (ISTs)

É menos comum, mas algumas infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), como a tricomoníase e a gonorreia, também podem provocar odor vaginal desagradável. Nesses casos, o cheiro costuma vir acompanhado de um corrimento de cor amarelada ou esverdeada — além de outros sintomas, como coceira intensa, dor durante as relações e ardência ao urinar.

Por se tratarem de infecções de transmissão sexual, a recomendação médica é procurar atendimento imediato para diagnóstico e tratamento adequados. O uso de medicamentos específicos costuma ser necessário, e o parceiro também deve receber tratamento para evitar novas infecções.

Bromidrose na região íntima

A bromidrose é uma condição em que as glândulas sudoríparas da virilha, semelhantes às que temos nas axilas e nos pés, são colonizadas por bactérias. O resultado é um cheiro forte e desagradável, que aparece especialmente em situações de suor, calor intenso ou após a prática de atividades físicas, segundo Andrea.

Diferente da vaginose, a bromidrose não está relacionada a infecções internas. O tratamento, que deve ser orientado por um profissional, costuma incluir o uso de pomadas antibióticas tópicas — além de produtos que ajudam a controlar o suor e a reduzir a proliferação bacteriana.

Má higiene íntima

O descuido com a higiene da região íntima também pode favorecer o surgimento de odores indesejados. O acúmulo de secreções, suor e restos de urina na vulva cria um ambiente propício para a proliferação de microrganismos, o que intensifica o cheiro.

Porém, vale reforçar que a limpeza deve ser feita apenas na parte externa, de forma suave e equilibrada. O uso de duchas vaginais internas é extremamente prejudicial, pois pode desregular o pH natural e comprometer a flora vaginal, favorecendo infecções e irritações.

Alimentação pode alterar o odor vaginal?

A alimentação não é a principal causa de odor vaginal anormal, mas ela pode influenciar em algumas situações. Dietas ricas em alimentos como alho e cebola, ou mesmo o consumo excessivo de açúcar e carboidratos simples, podem alterar o cheiro natural da secreção.

No caso da candidíase, por exemplo, embora ela não cause odor, o excesso de açúcar pode favorecer o crescimento do fungo responsável pela infecção. Por isso, é muito importante manter uma dieta equilibrada e rica em fibras, frutas e vegetais.

Leia mais: Causas comuns de sangramento fora do período menstrual

Como saber se a secreção é normal ou sinal de problema?

A secreção vaginal é responsável por lubrificar, proteger e manter o equilíbrio da flora vaginal, sendo um mecanismo natural do corpo feminino. Entre as principais características dela, podemos apontar:

  • Cor transparente, leitosa ou esbranquiçada, podendo variar conforme o ciclo;
  • Textura que muda de acordo com a fase do mês: mais fluida no período fértil (semelhante à clara de ovo) e mais espessa no período pós-ovulatório;
  • Quantidade variável: algumas mulheres produzem mais secreção do que outras, o que também é normal;
  • Odor suave, quase imperceptível, que não causa incômodo;
  • Não vem acompanhada de dor, coceira, ardência ou desconforto.

Porém, quando há um desequilíbrio da flora vaginal ou presença de infecção, a secreção pode apresentar algumas características específicas, como:

  • Cor diferente do habitual: acinzentada, amarelada, esverdeada ou até com presença de sangue fora do período menstrual;
  • Textura alterada: pode ser espumosa, com bolhas, grumosa ou muito espessa;
  • Odor forte, persistente e desagradável (semelhante a peixe estragado ou amônia);
  • Sintomas associados, como coceira, ardência ao urinar, vermelhidão na vulva ou dor durante a relação sexual;
  • Aumento repentino na quantidade de secreção, fugindo do habitual.

Uma dica importante de observar é se a secreção está causando desconforto. A secreção fisiológica não incomoda, enquanto o corrimento anormal costuma vir acompanhado de sintomas que atrapalham a rotina, como odor forte ou prurido.

Cuidados práticos para manter a saúde íntima em dia

Incluir algumas medidas simples na rotina pode ajudar a manter o equilíbrio da flora vaginal e evitar odores desagradáveis. Entre eles, destacamos:

  • Higienização correta: lave apenas a parte externa da vulva com sabonete;
  • Escolha das roupas íntimas: prefira calcinhas de algodão e evite peças muito apertadas, que aumentam a umidade e favorecem a proliferação de microrganismos;
  • Hábitos saudáveis: beber bastante água, manter uma alimentação equilibrada e reduzir o consumo de açúcar e álcool auxilia no bom funcionamento do organismo e fortalece a imunidade;
  • Trocar absorventes e calcinhas ao longo do dia: isso ajuda a manter a região seca e limpa, o que reduz o risco de infecções;
  • Rotina de consultas: mesmo quando não há sintomas, realizar acompanhamento ginecológico regularmente permite identificar alterações de forma precoce. Um especialista também pode orientar sobre cuidados específicos de acordo com cada fase da vida.

Confira: Higiene menstrual: conheça os principais cuidados durante o ciclo

Perguntas frequentes sobre odor vaginal

1. Toda vagina tem cheiro?

Sim, toda vagina tem um odor natural, e isso é absolutamente normal. O cheiro faz parte do equilíbrio da flora vaginal e varia de acordo com fatores como ciclo menstrual, ovulação, atividade física, transpiração e até mesmo alimentação.

É importante entender que ter odor não significa falta de higiene nem doença. Muitas pessoas acham que a vagina deveria ter cheiro neutro ou perfumado, mas isso é um mito. A vagina é um órgão vivo, com secreções naturais, e ter odor faz parte do funcionamento normal do corpo.

2. Como tirar odor vaginal?

Primeiro é importante lembrar que toda vagina tem um cheiro natural, e isso não significa falta de higiene.

Para evitar odores fortes e desconfortáveis, mantenha a higiene da região íntima apenas na parte externa, troque calcinha e absorventes com frequência, use roupas leves e de algodão e beba bastante água.

Agora, se o odor vier acompanhado de coceira, corrimento diferente ou ardência, pode ser sinal de infecção. Nesse caso, o correto é procurar um ginecologista.

3. Como diferenciar odor normal de odor anormal?

O odor normal costuma ser suave, não causa incômodo e pode variar levemente ao longo do ciclo. Já o odor anormal tende a ser forte, persistente e acompanhado de outros sinais, como secreção acinzentada, amarelada ou esverdeada, coceira, ardência ou dor durante as relações sexuais. Na presença desses sintomas, é fundamental procurar atendimento médico.

4. O uso de sabonete íntimo é indicado?

O uso de sabonetes íntimos pode ser feito com cautela, mas não é obrigatório. O mais importante é não realizar lavagens internas, pois isso altera o pH vaginal e pode favorecer infecções.

A limpeza deve ser feita apenas na parte externa, com sabonete neutro ou próprio para a região. No caso de sabonetes íntimos, eles devem ser usados em quantidade moderada, sem exageros, para não irritar a mucosa.

5. É normal a vagina ter um cheiro mais forte durante a menstruação?

Durante a menstruação, o sangue em contato com o pH vaginal pode gerar um odor mais forte, mas isso é considerado normal. O uso de absorventes por longos períodos também intensifica o cheiro, já que o sangue se acumula e entra em contato com o ar.

Nesses casos, basta trocar os absorventes com frequência, manter a higiene adequada e lembrar que a variação faz parte do ciclo e não indica problemas.

6. O que é vaginose bacteriana e por que causa mau cheiro?

A vaginose bacteriana é o desequilíbrio mais comum da flora vaginal, e ocorre quando há aumento de bactérias anaeróbias, que produzem compostos responsáveis por um odor característico de peixe estragado. Além do mau cheiro, pode surgir corrimento acinzentado, às vezes com bolhas. O tratamento é feito com antibióticos específicos, prescritos pelo médico.

7. Gravidez pode alterar o odor vaginal?

Durante a gestação, os hormônios provocam diversas mudanças no corpo da mulher, incluindo na vagina. O aumento da vascularização e da produção de secreção pode intensificar o odor, mas isso geralmente é normal.

No entanto, se o cheiro vier acompanhado de secreção anormal, coceira ou ardência, é importante buscar avaliação médica para investigar possíveis infecções, que podem trazer riscos para a gestação.

8. Quando devo procurar o ginecologista?

A orientação é procurar ajuda sempre que o odor vaginal for forte, persistente e vier acompanhado de alterações no corrimento, dor, coceira, ardência ou sangramento fora do período menstrual.

Também é importante buscar avaliação em caso de suspeita de infecção sexualmente transmissível (IST) ou quando as mudanças no odor afetam a qualidade de vida. Um exame físico pode identificar a causa e definir o tratamento adequado, evitando o uso incorreto de remédios.

Leia também: Fluxo menstrual intenso: o que é, sintomas e como tratar

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Escrito por Dra. Andreia Sapienza

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