SINAIS & SINTOMAS
Fluxo menstrual intenso: o que é, sintomas e como tratar
O fluxo menstrual intenso pode indicar alterações hormonais, miomas ou outras condições ginecológicas; saiba como identificar e tratar

Dra. Andreia Sapienza
5min • 20 de set. de 2025

Você já ouviu falar em menorragia? O quadro, também chamado de fluxo menstrual intenso, ocorre quando a quantidade de sangue eliminada durante a menstruação é maior do que o considerado normal.
Apesar de muitas vezes ser considerada comum, o fluxo intenso pode afetar diretamente a qualidade de vida, causar anemia e até sinalizar doenças mais sérias, como distúrbios hormonais ou alterações uterinas.
Mas afinal, como é possível identificar se a menstruação é mais intensa que o normal? Quem convive com a condição costuma sentir impacto direto na qualidade de vida, e alguns sinais podem indicar que é hora de procurar um ginecologista. Entenda mais, a seguir!
O que é ter um ciclo menstrual regular?
De acordo com a ginecologista e obstetra Andreia Sapienza, um ciclo regular dura entre 25 e 35 dias, sendo contado do primeiro dia de uma menstruação até o primeiro dia seguinte. O sangramento deve ter duração de 3 a 7 dias. O padrão mais comum é o ciclo de 28 dias, mas variações dentro desta faixa ainda são consideradas normais.
No ciclo, há duas fases principais:
- Fase folicular: dura em média 15 dias e corresponde ao desenvolvimento do óvulo;
- Fase lútea: ocorre após a ovulação, quando o corpo se prepara para uma possível gestação.
O fluxo menstrual normal apresenta maior intensidade entre o segundo e o terceiro dia, diminuindo gradualmente até acabar. Muitas mulheres confundem irregularidade com ciclos que simplesmente acontecem duas vezes no mesmo mês, mas que ainda estão dentro da faixa considerada normal.
O que é menorragia?
O fluxo menstrual intenso acontece quando a perda de sangue é maior do que o esperado, seja pela quantidade ou pela duração. Nessa situação, o sangramento:
- Dura mais de 7 dias consecutivos;
- Exige a troca de absorvente a cada 1 ou 2 horas;
- Gera coágulos grandes e volumosos;
- Há episódios de vazamento noturno, mesmo com absorventes adequados;
- Interfere nas atividades diárias, como trabalhar, estudar ou praticar exercícios.
Normalmente, pessoas que convivem com a menorragia precisam lidar com a necessidade de trocar absorventes a cada hora, roupas manchadas, noites mal dormidas e até dificuldade para manter compromissos sociais e profissionais.
De acordo com o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CCD), mulheres com fluxo intenso perdem em média 80 ml de sangue por ciclo, o dobro do volume considerado normal. Em alguns casos, isso pode levar a quadros de anemia — provocando fadiga, tontura e falta de concentração.
Veja também: Causas comuns de sangramento fora do período menstrual
Sintomas da menorragia
Nem sempre é fácil identificar quando o fluxo menstrual está mais intenso que o normal. Por isso, é importante observar alguns sinais, como:
- Sangramento que dura mais de uma semana;
- Troca frequente de absorventes (a cada 1 hora);
- Uso de dupla proteção (absorvente interno e externo juntos);
- Presença de coágulos grandes;
- Dores abdominais fortes durante a menstruação.
Quando procurar ajuda médica?
Se você apresenta mais de dois desses sintomas com frequência, é fundamental procurar um ginecologista. O fluxo intenso pode ser apenas uma característica do seu corpo, mas também pode estar ligado a problemas de saúde que exigem acompanhamento.
O que pode causar fluxo menstrual intenso?
O ciclo menstrual faz parte da vida da maioria das mulheres em idade fértil, mas quando o sangramento é muito intenso, ele pode indicar a presença de algumas condições. Entre as mais comuns, de acordo com pesquisas e orientações da ginecologista Andreia Sapienza, destacamos:
- Alterações anatômicas: miomas, pólipos e adenomiose;
- Alterações hormonais: disfunções da tireoide, alterações da prolactina, síndrome dos ovários policísticos;
- Distúrbios de coagulação;
- Uso de medicamentos: como anticoagulantes;
- Fatores ligados ao estilo de vida: como estresse intenso, mudanças de peso ou prática excessiva de exercícios.
Como é feita a investigação do fluxo menstrual intenso?
Para descobrir a causa do fluxo menstrual intenso, o médico avalia os sintomas do paciente e pode pedir alguns exames, como:
- Ultrassonografia transvaginal: avalia o útero e os ovários, identificando miomas, pólipos, cistos e sinais de adenomiose;
- Exames de sangue: o hemograma detecta anemia, enquanto dosagens hormonais ajudam a verificar a função da tireoide, da prolactina e da ovulação;
- Exames de coagulação: investigam possíveis distúrbios no sangue que favoreçam sangramentos aumentados;
- Biópsia do endométrio: indicada em casos específicos, principalmente para mulheres acima dos 40 anos ou com histórico familiar de câncer ginecológico.
Leia mais: Higiene menstrual: conheça os principais cuidados durante o ciclo
Tratamentos para fluxo menstrual intenso
O tratamento do fluxo menstrual intenso varia de acordo com a causa da condição, e pode incluir:
- Terapia hormonal: com anticoncepcionais orais, DIU hormonal, implantes ou injeções de progesterona, que reduzem ou até suspendem a menstruação;
- Medicamentos específicos: como o ácido tranexâmico, usados em episódios agudos de sangramento;
- Anti-inflamatórios não hormonais: que ajudam a controlar cólicas e reduzem discretamente o fluxo;
- Cirurgias: quando há miomas, pólipos ou outras alterações estruturais que não respondem ao tratamento clínico. Em casos graves, pode ser indicada a histerectomia (retirada do útero).
Em casos de anemia, também é fundamental indicar um tratamento com suplementação. No entanto, conforme reforça Andrea, não adianta apenas tratar a anemia sem controlar o sangramento: é preciso “fechar a torneira” para que o corpo consiga se recuperar.
Riscos do fluxo menstrual intenso
O maior problema do fluxo intenso é a anemia, já que o corpo perde ferro e hemoglobina de forma mais rápida do que consegue repor. Nesse cenário, a pessoa sente cansaço constante, falta de disposição, palpitações, queda de cabelo, unhas frágeis e falta de ar. Em casos graves, a anemia pode causar complicações cardíacas.
Por isso, o hemograma é geralmente um dos primeiros exames solicitados quando há suspeita de fluxo aumentado. Se o resultado confirmar anemia, é muito provável que a menstruação abundante esteja diretamente ligada ao quadro.
Perguntas frequentes sobre fluxo menstrual intenso
1. Como saber se meu fluxo é realmente intenso?
Se você precisa trocar o absorvente a cada 1 ou 2 horas, usa dupla proteção (absorvente interno e externo juntos), fica mais de 7 dias menstruada ou apresenta sinais de anemia, como cansaço extremo, tontura ou falta de ar, é bem provável que esteja com fluxo menstrual intenso. Nesses casos, é fundamental procurar um médico.
2. Como diminuir o fluxo menstrual rápido?
Alguns remédios, como anti-inflamatórios, podem reduzir o sangramento. Porém, só devem ser usados com indicação médica, pois cada caso tem uma origem diferente e a automedicação pode mascarar sintomas importantes ou até piorar o problema.
3. Chá para diminuir o fluxo menstrual funciona?
Não existem evidências científicas de que o consumo de chá realmente controle o fluxo intenso. Eles podem até ajudar no alívio de cólicas leves, mas não substituem tratamento médico.
4. Ibuprofeno diminui o fluxo menstrual?
Sim. O ibuprofeno, além de aliviar a dor, pode reduzir o volume do sangramento em até 30%, segundo estudos. Mas deve ser usado apenas com orientação médica, principalmente para quem tem problemas gástricos.
5. Existe diferença entre cólica menstrual forte e fluxo menstrual intenso?
Sim, são coisas diferentes, mas que podem aparecer juntas. A cólica menstrual (ou dismenorreia) é a dor causada pela contração do útero para eliminar o endométrio, podendo variar de leve a incapacitante.
Já o fluxo menstrual intenso (menorragia) se refere especificamente à quantidade de sangue eliminada. Uma mulher pode ter cólicas fortes sem apresentar fluxo intenso, e também pode ter fluxo abundante sem sentir muita dor.
Leia também: Seu ciclo está bagunçado? Saiba quando a menstruação irregular é sinal de alerta

