DOENÇAS & CONDIÇÕES
Intolerância à lactose: quando o leite vira desconforto
Inchaço, gases ou diarreia, sintomas da intolerância à lactose podem atrapalhar a rotina. Veja como identificar, diagnosticar e tratar essa condição comum

Dra. Juliana Soares
5min • 27 de set. de 2025

Tomar um copo de leite, saborear um pedaço de queijo branco ou um simples sorvete pode ser um prazer para muitos. Mas, para quem tem intolerância à lactose, esses momentos podem se transformar em dor abdominal, gases e diarreia. O problema é mais comum do que parece e está ligado à dificuldade do corpo em digerir a lactose, o açúcar natural do leite e de seus derivados.
O que é a lactose?
A lactose é o açúcar presente no leite e em seus derivados, como queijos, iogurtes e sorvetes. Para ser utilizada como fonte de energia, ela precisa ser quebrada em partes menores no processo de digestão.
Essa quebra acontece no intestino delgado por meio da enzima lactase. Quando a produção dessa enzima é baixa ou inexistente, a lactose não é digerida corretamente, gerando sintomas como gases, dor abdominal e diarreia após o consumo de laticínios.
O que é intolerância à lactose
A intolerância à lactose ocorre quando o corpo tem dificuldade para digerir esse açúcar devido à baixa quantidade da enzima lactase. Como consequência, surgem sintomas gastrointestinais após o consumo de leite e derivados.
Existem diferentes formas da condição:
- Deficiência congênita de lactase: muito rara, aparece logo após o nascimento; o bebê já nasce sem capacidade de produzir lactase.
- Intolerância primária: a forma mais comum, em que a produção da enzima diminui naturalmente ao longo dos anos, com sintomas geralmente na vida adulta.
- Intolerância secundária: temporária, surge após doenças intestinais (como doença celíaca, Crohn, diarreias infecciosas) ou tratamentos como quimioterapia. A digestão da lactose volta ao normal quando o intestino se recupera.
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Quais são os sintomas?
Os sintomas surgem entre 30 minutos e 2 horas após o consumo de laticínios e variam de pessoa para pessoa:
- Dor e cólica abdominal;
- Inchaço e excesso de gases;
- Diarreia aquosa;
- Náuseas;
- Em alguns casos: dor de cabeça, tontura e cansaço.
A intensidade depende da quantidade ingerida e do grau de tolerância individual.
Como é feito o diagnóstico?
O diagnóstico pode envolver diferentes métodos:
- Testes genéticos: indicados principalmente em bebês, para identificar casos raros de ausência congênita de lactase.
- Teste respiratório de hidrogênio: mede a quantidade de gás liberado na respiração após ingestão de lactose.
- Teste oral de tolerância à lactose: avalia a variação da glicose no sangue depois da ingestão do açúcar do leite.
- Avaliação clínica: em muitos casos, basta observar os sintomas e a melhora após a retirada da lactose da dieta.
Qual é o tratamento?
Ao contrário da alergia à proteína do leite (APLV), que exige exclusão total do alimento, a intolerância à lactose permite ajustes mais flexíveis. As estratégias incluem:
- Reduzir a ingestão de lactose: pequenas quantidades podem ser toleradas, dependendo do indivíduo.
- Reposição de lactase: a enzima está disponível em cápsulas, que podem ser ingeridas antes de consumir laticínios.
- Uso de probióticos e dieta ajustada: podem ajudar no equilíbrio da microbiota intestinal.
- Produtos sem lactose: leites, queijos e iogurtes adaptados já disponíveis no mercado.
Todo tratamento deve ter acompanhamento médico e nutricional. A retirada completa dos laticínios sem orientação pode causar prejuízos nutricionais, já que esses alimentos são fontes de nutrientes importantes para a saúde.
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