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PREVENÇÃO & LONGEVIDADE

DIU de cobre: o que é, como funciona e efeitos colaterais

Um dos métodos contraceptivos mais seguros, o DIU de cobre é uma opção sem hormônios e disponível gratuitamente no SUS

Dra. Andreia Sapienza

Dra. Andreia Sapienza

5min • 9 de out. de 2025

Mulher em consulta médica conversando com profissional de saúde, avaliando opções de contracepção como o DIU de cobre

Com eficácia comparada à laqueadura, o DIU de cobre é um método contraceptivo de longa duração, que pode prevenir uma gravidez por até 10 anos. Por não conter hormônios, ele pode ser utilizado pela maioria das pessoas — inclusive aquelas que têm condições de saúde que contraindicam o uso de hormônios.

Para entender como ele funciona, quando é indicado e as vantagens e desvantagens do método, conversamos com a ginecologista e obstetra Andreia Sapienza. Confira, a seguir!

O que é e como funciona o DIU de cobre?

O DIU de cobre, ou dispositivo intrauterino, é um pequeno objeto em formato de T, feito de plástico flexível e revestido por fios ou anéis de cobre. Ele é colocado dentro do útero por um profissional de saúde em um procedimento rápido, geralmente realizado no consultório.

Assim como o DIU hormonal, o DIU de cobre não impede a ovulação, mas a pessoa não engravida porque as condições para fecundação e implantação não acontecem. O mecanismo de ação do dispositivo é o seguinte:

  • O cobre libera íons que criam um ambiente inflamatório controlado no útero, tornando-o hostil para os espermatozoides;
  • A inflamação impede que os espermatozoides sobrevivam tempo suficiente para chegar até o óvulo;
  • O muco cervical também fica mais hostil, dificultando ainda mais a mobilidade dos espermatozoides;
  • Além disso, caso ocorra fecundação, o endométrio (camada interna do útero) fica impróprio para a implantação do embrião.

A duração do DIU varia de acordo com o modelo, podendo durar de 5 a 10 anos. Isso significa que não é necessário o controle diário com anticoncepcionais, e se a pessoa decidir engravidar, basta retirar o dispositivo — a fertilidade retorna rapidamente.

Vale apontar que o DIU de cobre não é abortivo. Ele simplesmente dificulta que espermatozoides encontrem o óvulo e que um possível embrião se implante.

Como é feita a colocação do DIU de cobre?

A colocação do DIU de cobre é um procedimento simples, rápido e realizado no consultório do ginecologista.

Durante o procedimento, a mulher fica deitada na posição ginecológica, e o médico utiliza um espéculo para visualizar o colo do útero. A região é higienizada e a cavidade uterina é medida para garantir que o DIU será posicionado corretamente.

Depois, o dispositivo é introduzido cuidadosamente pelo colo do útero até o interior da cavidade uterina. Quando o DIU é liberado, ele se abre em formato de T e permanece ali, oferecendo proteção contraceptiva imediata.

Ao final, ficam apenas dois fios finos no colo do útero, que servem para verificar se o dispositivo está no lugar e facilitar a retirada no futuro.

Algumas mulheres podem sentir cólica ou desconforto durante a inserção, mas os sintomas normalmente são leves e passageiros. Após o procedimento, a recomendação é evitar relações sexuais e o uso de absorvente interno por alguns dias, além de retornar ao médico para acompanhamento.

E a remoção?

A remoção do DIU de cobre também é rápida e feita em consultório, sem necessidade de anestesia. O médico localiza os fios no colo do útero e puxa suavemente o dispositivo, que sai em poucos segundos. A mulher pode sentir apenas uma cólica leve e passageira.

O DIU pode ser retirado a qualquer momento, seja porque terminou o prazo de validade, por desejo de engravidar ou por troca de método. A fertilidade retorna logo após a remoção, permitindo a gestação já no ciclo seguinte.

Cuidados após a colocação do DIU de cobre

Para reduzir quaisquer riscos de complicações, logo após a inserção, Andreia aponta que o recomendado é realizar um ultrassom para confirmar a posição correta do DIU.

No primeiro ano, o ideal é repetir o exame a cada seis meses e, a partir do segundo ano, fazer a checagem anualmente ou sempre que houver sintomas como dor intensa ou sangramento anormal.

Quando o DIU de cobre é indicado?

O DIU de cobre é indicado especialmente para pessoas que desejam um método contraceptivo de longa duração. De acordo com Andreia, por não ter hormônio, o dispositivo pode ser utilizado pela maioria das pacientes — inclusive aquelas que têm doenças que contraindicam hormônios.

O dispositivo pode ser inserido logo após o parto ou após um aborto, desde que não haja contraindicações específicas. Ele também é uma opção acessível, já que está disponível gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

De acordo com o Ministério da Saúde, o DIU de cobre pode ser usado até como contracepção de emergência, desde que seja colocado em até 5 dias após uma relação sexual desprotegida. Isso o torna mais eficaz que a pílula do dia seguinte, com a vantagem de continuar protegendo por anos.

Vantagens do DIU de cobre

  • Tem eficácia superior a 99% e pode durar de 5 a 10 anos;
  • Não contém hormônios, não altera o ciclo menstrual, não engorda e não interfere na libido;
  • A fertilidade retorna imediatamente após a retirada;
  • Pode ser usado por mulheres com contraindicação de hormônios;
  • Está disponível gratuitamente pelo SUS;
  • Também pode ser usado como contracepção de emergência se colocado até 5 dias após a relação.

Desvantagens do DIU de cobre

Uma das principais desvantagens do DIU de cobre, de acordo com Andreia, é o aumento do fluxo menstrual e das cólicas. Como ele provoca uma reação inflamatória no útero, o fluxo tende a aumentar e, em mulheres que já têm cólicas, as dores podem se intensificar.

Além disso, outras desvantagens devem ser consideradas, como:

  • O ciclo pode se prolongar, em alguns casos levando à anemia;
  • Existe maior risco relativo de infecção uterina;
  • Há chance rara de gravidez ectópica;
  • Pode ser expulso espontaneamente, sobretudo no primeiro ano.

Outra complicação possível que Andreia destaca, e vale para todos os DIUs, é a perfuração uterina. Isso acontece quando o dispositivo atravessa a parede do útero e migra para a cavidade abdominal. O risco é baixo, mas requer atenção.

Leia mais: Odor vaginal: quando é normal, sinais de alerta e cuidados

Possíveis efeitos colaterais

  • Sangramento irregular nos primeiros ciclos;
  • Menstruações mais longas e volumosas;
  • Cólicas menstruais mais fortes;
  • Corrimento ou desconforto leve (geralmente passageiro).

Essas alterações são comuns nos primeiros meses, mas tendem a melhorar entre 3 e 6 meses. Se houver febre, dor intensa ou sangramento muito forte, é importante procurar atendimento médico.

Quais as contraindicações do DIU de cobre?

Apesar de ser seguro e indicado para a maioria das mulheres, o DIU de cobre não é recomendado em algumas situações específicas. Entre as contraindicações absolutas, estão:

  • Gravidez confirmada ou suspeita;
  • Câncer de colo do útero ou de endométrio;
  • Infecções genitais ativas;
  • Malformações uterinas que impeçam a colocação do DIU;
  • Alergia ao cobre;
  • Sangramentos uterinos de origem desconhecida.

Já as contraindicações relativas incluem:

  • Doenças de coagulação;
  • Doenças relacionadas ao HIV em estágio avançado;
  • Histórico de doença trofoblástica gestacional.

Confira: Fluxo menstrual intenso: o que é, sintomas e como tratar

Perguntas frequentes sobre DIU de cobre

1. O DIU de cobre é abortivo?

Não. Ele age antes da fecundação e é classificado pela OMS como método não abortivo.

2. O DIU de cobre altera o ciclo menstrual?

Sim, pode aumentar o fluxo e a duração da menstruação. Em alguns casos, pode causar anemia.

3. O DIU de cobre dói para colocar?

Pode causar cólicas leves ou moderadas, mas geralmente passageiras.

4. Qual é a eficácia do DIU de cobre?

Tem eficácia superior a 99%, comparável à laqueadura, mas é reversível.

5. Quanto custa o DIU de cobre?

É gratuito pelo SUS. Na rede privada, custa de R$150 a R$600 com o procedimento incluso.

6. DIU de cobre engorda?

Não. Por não conter hormônios, não afeta o peso nem o metabolismo.

7. O DIU de cobre pode sair sozinho?

Raramente, e costuma ocorrer no primeiro ano de uso. É importante acompanhamento médico.

8. O DIU de cobre pode ser usado no pós-parto?

Sim, pode ser colocado logo após o parto, desde que não haja infecção ou complicações.

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Escrito por Dra. Andreia Sapienza

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