PREVENÇÃO & LONGEVIDADE
Desidratação aumenta o risco de infarto? Conheça os riscos e como evitar
Em casos mais graves, a desidratação pode causar queda da pressão arterial, aceleração dos batimentos cardíacos e desmaios

Dra. Juliana Soares
5min • 28 de nov. de 2025

A desidratação acontece quando o corpo perde mais líquidos do que consome, provocando um desequilíbrio entre água e sais minerais, especialmente sódio e potássio | Foto: Freepik
Durante períodos de calor intenso ou prática de atividades físicas prolongadas, como treinos de resistência e corridas, é bastante comum o corpo perder água e sais minerais por meio do suor — sendo importante repor adequadamente os líquidos para evitar a desidratação. Desequilíbrios podem comprometer o funcionamento de órgãos vitais, especialmente o coração.
Quando o organismo perde líquidos em excesso, o sangue se torna mais espesso e o volume circulante diminui. Como consequência, o coração precisa bater com mais força e rapidez para manter a pressão arterial e garantir que o oxigênio chegue aos tecidos.
O esforço extra aumenta a sobrecarga cardíaca, o que pode ser perigoso sobretudo para pessoas com doenças cardiovasculares, hipertensão ou histórico de infarto. Vamos entender mais, a seguir.
Mas como ocorre a hidratação?
A desidratação acontece quando o corpo perde mais líquidos do que consome, provocando um desequilíbrio entre água e sais minerais, especialmente sódio e potássio, que são fundamentais para o bom funcionamento das células. A perda pode acontecer de forma gradual ou rápida, dependendo da causa e da intensidade.
Normalmente, o organismo elimina líquidos por meio do suor, urina, fezes e respiração. Mas, em situações como exposição prolongada ao calor, prática intensa de exercícios, febre, vômitos ou diarreia, a perda de água e eletrólitos tende a ser muito maior. Quando você não faz a reposição adequada de líquidos, o volume de sangue circulante diminui e os tecidos passam a receber menos oxigênio e nutrientes.
Como há menos líquido disponível, o corpo tenta se adaptar: os rins reduzem a produção de urina, a pele fica seca e a temperatura corporal tende a aumentar. O sangue, mais espesso, circula com dificuldade, exigindo maior esforço do coração para manter o fluxo.
Se a desidratação ficar mais grave, podem surgir sintomas como tontura, fraqueza, queda de pressão, batimentos acelerados e confusão mental, caracterizando um quadro de risco que precisa de reposição imediata de líquidos e, em casos graves, atendimento médico urgente.
Desidratação afeta a pressão arterial?
De acordo com a cardiologista Juliana Soares, a desidratação pode causar um quadro de hipotensão, que é a queda na pressão arterial. Ela ocorre porque a redução do volume sanguíneo leva à diminuição da pressão exercida pelo sangue nas paredes dos vasos, comprometendo o fluxo adequado para os órgãos vitais — o que pode causar sintomas como tonturas, náuseas e desmaios.
Em alguns casos, pode acontecer um aumento transitório e discreto da pressão, pois o organismo tenta compensar a perda de líquido liberando hormônios que causam o estreitamento dos vasos sanguíneos.
Embora seja uma forma de defesa do corpo, ele pode sobrecarregar o sistema cardiovascular, ainda mais em quem convive com hipertensão ou doenças cardíacas pré-existentes.
Desidratação é perigosa para o coração?
Em quadros de desidratação, há risco de queda acentuada da pressão arterial, aceleração dos batimentos, arritmias, tontura, fraqueza e desmaios. A sobrecarga cardíaca também pode desencadear crises hipertensivas, infarto e AVC, sobretudo em pessoas com histórico de doenças cardiovasculares, insuficiência cardíaca ou hipertensão.
Além dos distúrbios de ritmo, a perda de líquidos e sais minerais intensifica o esforço do coração e reduz a oxigenação dos tecidos, o que pode causar sensação de cansaço extremo e mal-estar generalizado. O desequilíbrio de eletrólitos, principalmente de sódio e potássio, agrava o risco de irregularidades na condução elétrica cardíaca, elevando as chances de complicações graves.
De acordo com Juliana, os idosos são mais vulneráveis à desidratação porque apresentam alterações naturais do envelhecimento, como a diminuição da sensação de sede e, muitas vezes, a função renal menos eficiente. Isso dificulta a reposição adequada de líquidos e aumenta o risco de desidratação.
Em pessoas com doenças cardíacas, a cardiologista explica que o coração já tem dificuldade em manter um fluxo sanguíneo adequado. A desidratação exige esforço adicional para bombear um sangue mais espesso e em menor quantidade, o que pode provocar complicações graves. Pacientes com insuficiência cardíaca, por exemplo, podem ter maior risco de infarto e AVC.
Sinais de desidratação para ficar atento
Os primeiros sintomas de desidratação incluem:
- Sede intensa e boca seca;
- Urina escura e em pequena quantidade;
- Cansaço e fraqueza generalizada;
- Dor de cabeça e tontura;
- Pele e lábios ressecados;
- Confusão mental ou dificuldade de concentração;
- Ausência de urina por várias horas.
Em casos moderados a graves, podem surgir palpitações, aceleração dos batimentos cardíacos, queda de pressão, náusea, confusão mental e desmaios. Os sintomas indicam que o corpo já perdeu quantidade significativa de líquidos e sais minerais, o que compromete a circulação e o funcionamento do coração.
Entre idosos, crianças e pessoas com doenças crônicas, a desidratação pode evoluir rapidamente. A ausência de suor em dias quentes, a falta de urina por muitas horas ou a sonolência excessiva são sinais de alerta que exigem avaliação médica imediata.
Como prevenir a desidratação e proteger o coração?
Manter o corpo hidratado é uma das principais medidas para prevenir a desidratação e garantir o bom funcionamento do coração, especialmente durante períodos de calor intenso ou em situações que aumentam a perda de líquidos, como atividade física ou febre.
Outras medidas importantes para adotar no dia a dia incluem:
- Prefira água, água de coco ou bebidas isotônicas em casos de suor excessivo;
- Evite o consumo exagerado de café, álcool e refrigerantes, que favorecem a perda de líquidos;
- Use roupas leves, claras e de tecidos que permitam ventilação;
- Evite exposição solar entre 10h e 16h;
- Mantenha ambientes ventilados e frescos, com uso de ventilador ou ar-condicionado quando possível;
- Faça pausas durante atividades físicas em dias quentes;
- Observe sinais como urina escura, tontura, fraqueza ou palpitações e procure atendimento se persistirem;
- Pessoas com doenças cardíacas devem seguir orientação médica sobre a quantidade ideal de líquidos e possíveis ajustes de medicamentos.
Beber água em excesso também é perigoso?
Tudo em excesso pode prejudicar a saúde, inclusive o consumo de água. Segundo Juliana, o consumo exagerado de líquidos em um curto período pode causar hiponatremia, condição em que o sangue se torna muito diluído e o nível de sódio cai. O sódio, inclusive, é fundamental para o funcionamento adequado do organismo e para a manutenção dos batimentos cardíacos.
O excesso de água também pode provocar inchaço das células, inclusive das cerebrais, causando alterações neurológicas e cardíacas graves. Em situações extremas, a diluição excessiva compromete o funcionamento do sistema nervoso e pode levar a uma parada cardíaca.
Existe uma quantidade ideal de líquidos por dia?
A quantidade ideal de líquidos deve ser individualizada e determinada pelo médico, segundo Juliana. Para a maioria das pessoas, o recomendado é a ingestão de 2 a 2,5 litros de líquidos por dia.
Entretanto, pacientes com insuficiência cardíaca podem apresentar dificuldade em eliminar o excesso de líquidos, o que favorece a retenção e o acúmulo, especialmente nos pulmões, agravando o quadro clínico.
Nessas situações, a cardiologista explica que pode ser orientado uma restrição hídrica, limitando a ingestão diária (em alguns casos, a aproximadamente 1 litro) conforme a gravidade e as necessidades específicas de cada paciente, como finaliza a cardiologista.
Veja também: Por que beber água é tão importante para os rins e a bexiga?
Perguntas frequentes
A falta de água pode causar arritmia cardíaca?
Pode, sim. A desidratação causa desequilíbrio de eletrólitos, como sódio e potássio, fundamentais para a condução elétrica que regula os batimentos cardíacos. Quando há carência de minerais, o coração pode apresentar ritmo irregular, palpitações e arritmias. Em quadros mais severos, essa instabilidade elétrica pode gerar complicações graves e até risco de parada cardíaca.
O que fazer para se hidratar corretamente?
A melhor forma é beber água em pequenas quantidades ao longo do dia, sem esperar sentir sede. Os alimentos ricos em água, como frutas, verduras e sopas, também ajudam. Em situações de calor ou transpiração intensa, é indicado repor sais minerais com água de coco ou bebidas isotônicas. A hidratação deve ser constante, e não concentrada em grandes volumes de uma só vez.
Quando procurar atendimento médico por desidratação?
O atendimento deve ser buscado sempre que houver sinais de desidratação moderada ou grave, como sede intensa, urina escura ou ausente, tontura, fraqueza extrema, confusão mental, dor no peito ou palpitações.
Crianças, idosos e pessoas com doenças cardíacas devem ser avaliadas mais rapidamente, pois o risco de complicações é maior. O tratamento pode incluir reposição de líquidos por via oral ou intravenosa, dependendo da gravidade do quadro.
O café e o álcool favorecem a desidratação?
Sim, tanto o café quanto o álcool têm efeito diurético, estimulando o corpo a eliminar mais líquidos pela urina. Quando consumidos em excesso, aumentam o risco de desidratação, especialmente em dias de calor ou durante atividades físicas intensas.
Como identificar a desidratação leve antes que piore?
Os primeiros sinais leves de desidratação são sede, boca seca, urina mais escura e sensação de cansaço. Se não houver reposição de líquidos, surgem tontura, dor de cabeça e palpitações. Observar a cor da urina é uma boa forma de monitorar o nível de hidratação: quanto mais clara, melhor.
Qual é o melhor tipo de bebida para hidratação?
A água é sempre a melhor opção para se hidratar, no entanto, em situações de grande perda de líquidos, bebidas isotônicas ou água de coco ajudam a repor eletrólitos. Sucos naturais também contribuem para melhorar o quadro, desde que sem excesso de açúcar.
Confira: Descubra quanto de água você deve tomar por dia

