DOENÇAS & CONDIÇÕES
Demência: como reconhecer os sinais e entender os tipos mais comuns
A perda de memória e de raciocínio pode ser o início de uma das doenças mais desafiadoras do envelhecimento. Saiba como identificar e lidar com a demência

Dra. Juliana Soares
5min • 26 de out. de 2025

A demência é caracterizada pela perda progressiva das funções cognitivas, como memória, atenção, raciocínio, linguagem e habilidades motoras
Esquecer compromissos, repetir perguntas, perder objetos e se desorientar em lugares familiares podem parecer distrações do dia a dia. No entanto, esses sinais podem indicar demência, um conjunto de síndromes que comprometem funções cerebrais como memória, linguagem, raciocínio e comportamento.
A demência não é uma doença única, mas um grupo de condições neurológicas que afetam o funcionamento do cérebro. As mais conhecidas são Alzheimer, demência vascular, demência com corpos de Lewy e demência frontotemporal. Embora o avanço seja gradual, o diagnóstico precoce e o suporte adequado fazem grande diferença na qualidade de vida do paciente e da família.
O que é a demência
A demência é caracterizada pela perda progressiva das funções cognitivas — como memória, atenção, raciocínio, linguagem e habilidades motoras. Essas alterações interferem no desempenho profissional, social e nas tarefas simples do cotidiano, comprometendo a autonomia e a convivência social.
Com o tempo, a perda cognitiva se agrava, e o paciente passa a depender de cuidados contínuos e apoio constante de familiares e cuidadores.
Sintomas da demência
Os sintomas variam de acordo com o tipo e a região do cérebro afetada, mas os sinais mais comuns incluem:
- Perda de memória e esquecimentos frequentes;
- Dificuldade em realizar tarefas conhecidas;
- Problemas de raciocínio e orientação espacial;
- Alterações de comportamento e humor;
- Confusão mental e desorientação;
- Agressividade ou apatia;
- Dificuldade de linguagem e atenção.
Esses sintomas pioram progressivamente, passando de pequenas falhas de memória a comprometimentos severos das funções básicas.
Tipos mais comuns de demência
Existem várias formas de demência, mas quatro tipos se destacam pela frequência e impacto clínico.
Doença de Alzheimer
É a forma mais comum, responsável por mais da metade dos casos. Ocorre devido ao acúmulo anormal de proteínas no cérebro, que formam placas e causam atrofia cerebral, prejudicando a comunicação entre os neurônios.
Principais sintomas:
- Perda de memória recente;
- Dificuldade de orientação em tempo e espaço;
- Alterações de linguagem;
- Mudanças de comportamento e equilíbrio;
- Evolução lenta e progressiva.
Demência Vascular
É a segunda mais frequente e ocorre devido a problemas nos vasos sanguíneos cerebrais, como AVC, que reduzem o fluxo de oxigênio no cérebro.
Sintomas principais:
- Início súbito após um evento vascular;
- Alterações de memória;
- Dificuldades de movimento, fala ou visão;
- Alterações de humor e raciocínio.
Fatores de risco: hipertensão, diabetes, colesterol alto e tabagismo.
Demência com Corpos de Lewy
Provocada pelo acúmulo de proteínas anormais (corpos de Lewy) nas células nervosas. Combina sintomas cognitivos e motores.
Sintomas característicos:
- Rigidez e lentidão dos movimentos (semelhante ao Parkinson);
- Alucinações visuais vívidas (ver pessoas ou animais que não existem);
- Oscilações no estado de atenção e alerta.
Demência Frontotemporal
Decorre da degeneração dos lobos frontal e temporal do cérebro, responsáveis por comportamento, linguagem e tomada de decisões.
Sinais iniciais:
- Mudanças de personalidade e comportamento (impulsividade, perda de crítica, isolamento);
- Dificuldade de linguagem (repetição de palavras, fala reduzida, dificuldade para nomear objetos);
- A memória tende a se manter preservada nas fases iniciais.
É o tipo de demência que pode surgir mais cedo, muitas vezes antes dos 65 anos.
Como é feito o diagnóstico
O diagnóstico exige avaliação clínica detalhada e exames complementares.
Avaliação médica
- Histórico dos sintomas e sua evolução;
- Testes cognitivos (memória, atenção, nomeação e desenho de relógio);
- Análise da capacidade de realizar atividades diárias.
Exames complementares
- Exames de sangue para descartar outras doenças;
- Tomografia ou ressonância magnética para avaliar alterações cerebrais;
- Testes neuropsicológicos para medir funções cognitivas.
O diagnóstico precoce é essencial para definir o tratamento e planejar os cuidados de longo prazo.
Tratamento
Embora não exista cura, o tratamento ajuda a controlar os sintomas, retardar a progressão e melhorar a qualidade de vida.
Tratamento medicamentoso
- Medicamentos específicos para cada tipo de demência, que estabilizam as funções cognitivas;
- Controle de doenças associadas como hipertensão, diabetes e colesterol alto.
Terapias complementares
- Fisioterapia, fonoaudiologia e terapia ocupacional para estimular corpo e mente;
- Atividades cognitivas: leitura, jogos de memória, música e artes;
- Apoio psicológico ao paciente e à família;
- Alimentação saudável e atividade física regular.
O cuidado com o ambiente e o suporte emocional são fundamentais para garantir segurança e bem-estar.
Impactos da demência
A demência afeta não apenas o paciente, mas toda a rede de apoio familiar e social.
- Perda progressiva da independência;
- Sobrecarga física e emocional dos cuidadores;
- Impactos financeiros e sociais, com necessidade de cuidados contínuos.
O acompanhamento por uma equipe multiprofissional é essencial para oferecer suporte integral ao paciente e à família.
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Perguntas frequentes sobre demência
1. Demência e Alzheimer são a mesma coisa?
Não. O Alzheimer é apenas um dos tipos de demência, embora seja o mais comum.
2. A demência tem cura?
Não, mas o tratamento pode retardar a progressão e melhorar a qualidade de vida.
3. Como diferenciar esquecimento comum de demência?
Esquecimentos ocasionais são normais. Na demência, há comprometimento das atividades diárias e confusão frequente.
4. A demência é hereditária?
Alguns tipos, como a demência frontotemporal, podem ter influência genética, mas a maioria dos casos não é hereditária.
5. É possível prevenir a demência?
Sim. Manter o cérebro ativo, controlar pressão, diabetes e colesterol, praticar exercícios e ter uma alimentação equilibrada ajudam na prevenção.
6. Como é o tratamento da demência?
Combina medicamentos, terapias de estimulação cognitiva, fisioterapia, acompanhamento psicológico e suporte familiar.
7. Quando procurar ajuda médica?
Procure avaliação médica sempre que houver esquecimentos frequentes, confusão, dificuldade em realizar tarefas simples ou mudanças de comportamento.
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