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DOENÇAS & CONDIÇÕES

Quando o fígado dá sinais: entenda a cirrose e seus riscos

Entenda como o fígado perde parte de sua função, o que causa cirrose e por que hábitos saudáveis são fundamentais para preveni-la

Dra. Isabella Segura

Dra. Isabella Segura

5min • 25 de out. de 2025

Médica anota queixas de paciente com suspeita de cirrose hepática

A cirrose pode ter diversas origens, e muitas vezes, mais de um fator está envolvido

A cirrose hepática é uma das doenças mais graves do fígado e representa o estágio final de diversas condições crônicas que afetam o órgão. Ela ocorre quando o tecido saudável é substituído por cicatrizes (fibrose), comprometendo a estrutura e reduzindo progressivamente a capacidade funcional do fígado.

Como o fígado é essencial para o metabolismo, digestão e eliminação de toxinas, sua falha tem impacto em todo o organismo. Embora grave, a cirrose pode ter a evolução controlada e a qualidade de vida mantida com diagnóstico precoce e tratamento adequado.

O que é a cirrose hepática

A cirrose é caracterizada pela fibrose e formação de nódulos de regeneração no fígado, que desorganizam sua estrutura normal. Isso reduz gradualmente a capacidade do órgão de metabolizar substâncias, produzir proteínas e eliminar toxinas.

Como a cirrose se desenvolve

Inflamações repetidas ou lesões contínuas fazem o fígado tentar se regenerar. Esse processo constante leva à formação de cicatrizes e nódulos que alteram o fluxo de sangue dentro do órgão, provocando hipertensão portal — uma das complicações mais sérias, que causa sangramentos e acúmulo de líquido no abdômen.

Fases da doença

  • Cirrose compensada: fase inicial, em que o fígado ainda realiza parte de suas funções. Pode não causar sintomas.
  • Cirrose descompensada: o órgão perde a capacidade de adaptação, e surgem complicações como ascite (líquido no abdômen), encefalopatia hepática (confusão mental), icterícia e hemorragias.

A transição entre essas fases indica que a doença está comprometendo mais intensamente a saúde e o bem-estar do paciente.

Causas mais comuns

  • Álcool: consumo excessivo é uma das principais causas. Mulheres são mais suscetíveis a menores quantidades.
  • Hepatites B e C: infecções crônicas que inflamam o fígado por anos.
  • Doença hepática gordurosa metabólica: relacionada à obesidade, diabetes e colesterol alto, pode evoluir para cirrose mesmo sem álcool.
  • Hepatite autoimune: o sistema imunológico ataca as células do fígado.
  • Doenças hereditárias: como hemocromatose (ferro), doença de Wilson (cobre) e deficiência de alfa-1-antitripsina.
  • Uso prolongado de medicamentos ou exposição a substâncias tóxicas.
  • Cirrose criptogênica: quando a causa é desconhecida.
  • Colangite biliar primária e colangite esclerosante primária: doenças dos ductos biliares que podem evoluir para cirrose.

Sintomas e manifestações

Nos estágios iniciais, a cirrose pode não causar sintomas. Com o avanço, podem surgir:

  • Cansaço e fraqueza;
  • Inchaço nas pernas e abdômen;
  • Pele e olhos amarelados (icterícia);
  • Perda de apetite e emagrecimento;
  • Alterações hormonais;
  • Tendência a hematomas e sangramentos;
  • Eritema palmar (palmas avermelhadas);
  • Confusão mental ou sonolência (encefalopatia hepática);
  • Aranhas vasculares (vasos dilatados visíveis na pele).

Complicações

Na fase descompensada, a cirrose pode causar:

  • Hipertensão portal;
  • Ascite: líquido no abdômen, com desconforto e distensão;
  • Sangramento digestivo (varizes no esôfago/estômago);
  • Encefalopatia hepática: confusão causada por toxinas no sangue;
  • Infecções bacterianas como peritonite (infecção do líquido ascítico);
  • Síndrome hepatorrenal: falência renal secundária;
  • Câncer de fígado (carcinoma hepatocelular).

Diagnóstico

O diagnóstico é feito por exame clínico e testes laboratoriais e de imagem:

  • Exames de sangue: avaliam enzimas hepáticas, coagulação e plaquetas;
  • Ultrassonografia, tomografia, ressonância e elastografia: identificam fibrose e alterações estruturais;
  • Biópsia hepática: confirma o diagnóstico e identifica a causa.

Após a confirmação, exames complementares ajudam a determinar a origem da doença e definir o tratamento adequado.

Tratamento

O tratamento busca controlar a progressão da doença e prevenir complicações, conforme a causa:

  • Alimentação equilibrada e suplementação de vitaminas;
  • Suspensão total do álcool e de substâncias tóxicas;
  • Controle de diabetes, colesterol e obesidade;
  • Diuréticos para ascite e antibióticos para infecções;
  • Antivirais e vacinação para hepatites B e C.

Transplante de fígado

Nos casos mais avançados, o transplante hepático é o único tratamento capaz de restaurar a função do órgão e oferecer chance real de cura.

Prognóstico e cuidados

O prognóstico depende da causa e do grau de comprometimento do fígado. Quando diagnosticada precocemente, a cirrose pode ser estabilizada e a qualidade de vida preservada. Para prevenir o avanço:

  • Evite o consumo de álcool;
  • Mantenha alimentação equilibrada;
  • Vacine-se contra as hepatites;
  • Faça acompanhamento médico regular.

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Perguntas frequentes sobre cirrose hepática

1. A cirrose tem cura?

Não há cura definitiva, mas é possível controlar a progressão. Em casos graves, o transplante pode oferecer cura funcional.

2. O consumo moderado de álcool pode causar cirrose?

Sim. O risco aumenta conforme o tempo e a frequência do consumo, mesmo em quantidades pequenas — especialmente em mulheres.

3. A cirrose sempre causa sintomas?

Não. Nas fases iniciais, pode ser silenciosa e descoberta apenas em exames de rotina.

4. Quem tem gordura no fígado pode desenvolver cirrose?

Sim. A esteatose hepática pode evoluir para inflamação, fibrose e, eventualmente, cirrose se não for tratada.

5. O que é hipertensão portal?

É o aumento da pressão nos vasos sanguíneos do fígado, comum na cirrose, e pode causar ascite e sangramentos.

6. Existe dieta específica para quem tem cirrose?

Sim. Deve-se priorizar proteínas magras, frutas, legumes e evitar álcool. A dieta deve ser orientada por médico e nutricionista.

7. Quando o transplante de fígado é indicado?

Quando o órgão não consegue mais exercer suas funções e há risco de falência hepática.

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Escrito por Dra. Isabella Segura

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