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SAÚDE MENTAL & EMOCIONAL

Autismo em adultos: sinais que você pode não saber e quando buscar diagnóstico 

Neurologista explica como o TEA pode se manifestar de forma sutil em adultos e quais estratégias ajudam no dia a dia

Dra. Paula Dieckmann

Dra. Paula Dieckmann

5min • 23 de set. de 2025

Autismo em adultos: sinais que você pode não saber e quando buscar diagnóstico 

O Transtorno do Espectro Autista (TEA) costuma ser associado à infância, mas ele não desaparece com o tempo. Muitas pessoas só identificam características autísticas na vida adulta, porque os sinais foram sutis ou confundidos com timidez, introversão ou “manias”.

A neurologista Paula Dieckmann explica: “O autismo é uma condição do neurodesenvolvimento, o que significa que está presente desde a infância, mesmo que não tenha sido identificado nessa época”.

Em outras palavras, o cérebro da pessoa autista funciona de forma característica desde cedo. Vamos entender!

O autismo em adultos sem diagnóstico precoce

Quando o diagnóstico não acontece na infância, geralmente é porque os sinais eram discretos. Muitos adultos aprenderam a “camuflar” comportamentos ou criar estratégias de compensação.

Segundo Paula: “Podem ter desenvolvido roteiros de conversação, imitado comportamentos de pessoas sociáveis ou evitado eventos difíceis. O autismo estava presente, mas foi invisibilizado”.

Isso traz sofrimento e sensação de “não pertencimento”. Alguns relatam desde cedo dificuldades em fazer amigos, incômodo exagerado com estímulos sensoriais, apego a rotinas ou interesses muito específicos.

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Sinais de autismo em adultos

Alguns sinais passam despercebidos porque se confundem com características de personalidade. Entre os mais comuns estão:

  • Dificuldade em entender ironias, sarcasmo e entrelinhas sociais;
  • Preferência por rotinas rígidas e ansiedade com mudanças;
  • Hiperfoco em interesses específicos, que podem parecer apenas hobbies intensos;
  • Cansaço após interações sociais;
  • Sensibilidade a luzes, sons ou texturas;
  • Dificuldade em manter conversas longas;
  • Sensação constante de “não pertencer”.

“Essas manifestações podem não ser óbvias para os outros, mas são muito significativas para a própria pessoa”, reforça a médica.

Autismo, introversão e timidez: como diferenciar

Muitos acreditam ser apenas tímidos ou introvertidos, mas existem diferenças claras:

  • Introversão: preferência por menos estímulo social, mas entendimento das regras sociais.
  • Timidez: desejo de interagir, mas com ansiedade em iniciar contatos.
  • Autismo: diferenças qualitativas na socialização, dificuldades em decodificar sinais sociais, interesses restritos, padrões repetitivos e sensibilidades sensoriais.

Paula exemplifica: “Um introvertido percebe que o outro está entediado, mas continua falando. Já um autista pode não perceber esse sinal. A pessoa tímida quer se enturmar, mas fica nervosa. O autista, muitas vezes, não sabe como se enturmar ou não vê sentido em certas convenções”.

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Diagnóstico de autismo na vida adulta

O diagnóstico em adultos é cada vez mais comum, muitas vezes após episódios de esgotamento ou pela percepção de um padrão de dificuldades ao longo da vida.

O processo inclui entrevistas clínicas detalhadas, análise de histórico desde a infância, aplicação de questionários como o Autism Quotient (AQ) e o SRS-2, e, sempre que possível, a participação de familiares. O médico deve diferenciar o TEA de outras condições, como ansiedade, depressão ou TDAH.

“Às vezes, testes neuropsicológicos aprofundados são solicitados, avaliando habilidades cognitivas e de comunicação. Mesmo na vida adulta, o diagnóstico traz autoconhecimento, reduz culpa e melhora a autoestima”, diz Paula.

Tratamentos de autismo e terapias para adultos

Não existe cura para o autismo, mas há apoios eficazes para promover autonomia e qualidade de vida. Entre eles:

  • Psicoterapia adaptada: especialmente Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), voltada para habilidades sociais e manejo da ansiedade.
  • Terapia ocupacional: ajuda na organização prática e na adaptação sensorial.
  • Grupos de habilidades sociais: para treinar conversas e interações.
  • Medicação: apenas para condições associadas, como depressão, ansiedade ou TDAH.
  • Psicoeducação: acesso a grupos de apoio e troca com autistas adultos.
  • Hábitos saudáveis: sono, alimentação equilibrada e atividade física regular.

“A saúde física impacta diretamente a saúde mental. Dormir bem, se exercitar e manter alimentação equilibrada também beneficiam pessoas autistas”, reforça a médica.

Perguntas e respostas sobre autismo em adultos

1. O autismo pode surgir na vida adulta?

Não. Ele está presente desde a infância, mas pode ser diagnosticado tardiamente.

2. Quais os sinais mais comuns em adultos?

Dificuldade em compreender sinais sociais sutis, preferência por rotinas, hiperfoco, fadiga após interações, sensibilidade sensorial e sensação de não pertencimento.

3. Como diferenciar autismo de timidez ou introversão?

Timidez e introversão envolvem preferência ou ansiedade, mas preservam o entendimento social. No autismo, há dificuldade em decodificar interações e presença de padrões repetitivos e sensibilidades.

4. Como é feito o diagnóstico?

Com entrevistas clínicas, questionários padronizados (AQ, SRS-2), análise de histórico desde a infância e diferenciação de outras condições.

5. O diagnóstico tardio traz benefícios?

Sim. Ele promove autoconhecimento, melhora autoestima, facilita acesso a terapias e adaptações no trabalho e amplia redes de apoio.

6. Existe cura?

Não. O autismo não tem cura, mas terapias e estratégias ajudam a melhorar autonomia e bem-estar.

7. Medicamentos fazem parte do tratamento?

Não há remédios específicos para o TEA, mas eles podem ser usados para tratar condições associadas, como depressão, ansiedade ou TDAH.

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Este conteúdo é informativo e não substitui avaliação médica. Para diagnóstico ou tratamento do TEA, procure acompanhamento especializado.

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Escrito por Dra. Paula Dieckmann

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