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DOENÇAS & CONDIÇÕES

Amenorreia: quando a menstruação não vem 

A ausência da menstruação pode ter várias causas — nem sempre é doença, mas exige atenção médica para identificar o que está por trás do desequilíbrio

Dra. Isabella Segura

Dra. Isabella Segura

5min • 21 de out. de 2025

Absorventes menstruais limpos em sinal de amenorreia

Em algumas situações, como a gravidez ou amamentação, é normal não menstruar. Em outras, porém, é preciso investigar a causa

Quando a menstruação atrasa ou deixa de vir por meses, o corpo está enviando um sinal de que algo não está funcionando como deveria. A amenorreia, nome dado à ausência de menstruação, pode ser um fenômeno natural — como na gravidez, amamentação ou menopausa —, mas também pode indicar alterações hormonais ou anatômicas que precisam ser investigadas.

Embora afete uma parcela pequena das mulheres em idade fértil, a amenorreia merece atenção. Ela não é uma doença em si, mas um sintoma de que há algo interferindo no eixo hormonal que liga o cérebro, os ovários e o útero. Entender as causas e buscar avaliação médica são medidas importantes para proteger a saúde reprodutiva.

Como o ciclo menstrual funciona

A menstruação depende de um delicado sistema de comunicação entre o cérebro, os ovários e o útero:

  • O hipotálamo e a hipófise, no cérebro, produzem hormônios que estimulam os ovários;
  • Os ovários liberam estrogênio e progesterona, que preparam o útero para uma possível gravidez;
  • Quando não há fecundação, o endométrio se descama e ocorre a menstruação.

Se uma dessas etapas é interrompida — por questões hormonais, anatômicas, metabólicas ou emocionais —, a menstruação pode cessar, caracterizando a amenorreia.

Tipos de amenorreia

Amenorreia primária

É considerada quando a menina nunca menstruou e deve ser investigada se a menstruação não ocorrer até os 15 anos, mesmo com outros sinais da puberdade, ou até os 13 anos, se não houver nenhum sinal de desenvolvimento.

Amenorreia secundária

Ocorre quando a mulher já menstruou, mas o ciclo parou por três meses ou mais. Também pode ser considerada quando há menos de nove menstruações por ano.

Em ambos os casos, é essencial procurar um ginecologista para identificar a causa e definir o tratamento adequado.

Principais causas

A amenorreia pode ter múltiplas origens — hormonais, genéticas, anatômicas ou até emocionais. Entre as principais causas estão:

1. Distúrbios do hipotálamo

  • Transtornos alimentares (como anorexia ou restrições severas);
  • Disfunção hipotalâmica funcional;
  • Deficiência de gonadotrofinas (ex.: síndrome de Kallmann);
  • Presença de tumores na região.

2. Alterações da hipófise

  • Excesso de prolactina (hiperprolactinemia), causado por tumores, uso de medicamentos ou doenças autoimunes.

3. Problemas nos ovários

  • Insuficiência ovariana prematura (falência dos ovários antes dos 40 anos);
  • Causas genéticas, autoimunes, cirúrgicas ou decorrentes de quimio/radioterapia.

4. Alterações genéticas e anatômicas

  • Ausência de útero, estenose cervical, hímen imperfurado ou obstruções vaginais;
  • Síndrome de Turner e outras condições genéticas que afetam os ovários.

5. Distúrbios endocrinológicos

  • Síndrome dos ovários policísticos (SOP);
  • Doenças da tireoide (hipotireoidismo ou hipertireoidismo);
  • Doença de Cushing (excesso de cortisol).

6. Outros fatores comuns

  • Estresse físico ou emocional intenso;
  • Prática excessiva de exercícios (comum em atletas e bailarinas);
  • Uso de medicamentos que interferem na produção hormonal.

Diagnóstico de amenorreia

O primeiro passo é descartar causas naturais, como gravidez. Depois, o ginecologista investiga outras possíveis origens por meio de exames e histórico clínico.

1. Avaliação clínica

  • Histórico menstrual e idade de início da puberdade;
  • Desenvolvimento de mamas e pelos;
  • Peso, altura e hábitos alimentares;
  • Sinais de menopausa precoce (calorões, secura vaginal);
  • Frequência de exercícios físicos;
  • Uso de medicamentos e histórico de doenças.

2. Exames complementares

  • Ultrassom pélvico: avalia útero e ovários;
  • Exames de sangue: dosagem de FSH, LH, prolactina, TSH e estradiol;
  • Cariótipo genético: em casos suspeitos de alterações cromossômicas.

Com base nos resultados, o médico identifica em qual parte do sistema reprodutivo está a falha — se é no cérebro, nos ovários, no útero ou na hipófise — e define o tratamento.

Tratamento

O tratamento da amenorreia depende totalmente da causa identificada:

  • Alterações de estilo de vida: reequilíbrio alimentar, redução do estresse e ajuste na rotina de exercícios;
  • Distúrbios hormonais: uso de medicamentos que regulam a produção de hormônios (como para hiperprolactinemia ou disfunções da tireoide);
  • Síndrome dos ovários policísticos: controle hormonal e acompanhamento clínico;
  • Malformações anatômicas: tratamento cirúrgico quando necessário;
  • Deficiência de estrogênio: reposição hormonal para proteger ossos e coração.

Em todos os casos, o acompanhamento ginecológico é essencial. Ignorar a ausência de menstruação pode trazer riscos à fertilidade, à densidade óssea e à saúde cardiovascular.

Veja mais: Fluxo menstrual intenso: o que é, sintomas e como tratar

Perguntas frequentes sobre amenorreia

1. Amenorreia é uma doença?

Não. É um sintoma que indica que algo está alterando o equilíbrio hormonal ou anatômico do sistema reprodutivo.

2. Toda ausência de menstruação é preocupante?

Nem sempre. Pode ser natural (como na gravidez, amamentação ou menopausa), mas deve ser avaliada se durar mais de três meses sem causa aparente.

3. Amenorreia causa infertilidade?

Pode estar associada à dificuldade para engravidar, dependendo da causa. Mas, com tratamento adequado, muitos casos são reversíveis.

4. O estresse pode parar a menstruação?

Sim. O estresse afeta o hipotálamo, parte do cérebro que regula os hormônios do ciclo menstrual.

5. Amenorreia tem tratamento?

Sim. O tratamento é direcionado à causa — desde mudanças de hábitos até medicamentos ou reposição hormonal.

6. Quem faz muito exercício pode parar de menstruar?

Sim. Exercícios intensos, especialmente combinados com baixo peso corporal, podem interromper o ciclo.

7. Quando devo procurar o ginecologista?

Se a menstruação não vem há três meses (em quem já menstruava) ou se nunca ocorreu até os 15 anos, é hora de investigar.

Leia também: Adenomiose: o que é, sintomas, causas e tratamento

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Escrito por Dra. Isabella Segura

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