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INFÂNCIA

Xixi na cama: saiba as causas, os impactos e as soluções segundo a urologia pediátrica 

Entenda por que a enurese noturna acontece, quando procurar ajuda e quais são as opções de tratamento

Dra. Veridiana Andrioli

Dra. Veridiana Andrioli

5min • 15 de set. de 2025

Xixi na cama: saiba as causas, os impactos e as soluções segundo a urologia pediátrica 

O xixi na cama, conhecido como enurese noturna, é um dos problemas mais comuns da infância e um dos que mais afeta a autoestima da criança. Lidar com noites molhadas pode gerar frustração, vergonha e até afastamento social, mas é importante saber: há explicações claras e soluções eficazes.

Conversamos com a urologista pediátrica Veridiana Andrioli, que explica o que é esperado no desenvolvimento, quando investigar e quais tratamentos funcionam de verdade quando o assunto é enurese noturna.

O que é enurese noturna e por que a criança faz xixi na cama?

Segundo a especialista, que cita a Sociedade Internacional de Incontinência, “enurese é a perda involuntária de xixi (mais do que duas vezes ao mês) em crianças com mais de 5 anos de idade”.

A enurese é multifatorial, ou seja, não há uma única causa, mas um conjunto de fatores. “Sabemos que a hereditariedade e o fator genético são os mais importantes: quando um dos pais apresentou enurese, a chance de o filho apresentá-la é de 44%, e quando ambos os pais apresentaram, chega a 77%”.

  • Distúrbios da bexiga, que pode contrair fora de hora;
  • Alterações da vasopressina, hormônio que regula a produção da urina;
  • Dificuldade em despertar, mesmo com a bexiga cheia;
  • Distúrbios respiratórios, como apneia do sono;
  • Fatores emocionais, como ansiedade ou medo.

Isso mostra que não se trata de preguiça ou desatenção da criança, mas de questões orgânicas, comportamentais e até genéticas que precisam ser avaliadas com cuidado por um especialista.

Até quando o xixi na cama pode ser considerado normal?

Muitos pais se perguntam se a criança vai “crescer e passar” dessa fase do xixi na cama. A especialista é clara: “Se a partir dos 5 anos completos a criança ainda não consegue ter todas as noites secas, e isso estiver causando incômodo, ela já merece ser avaliada.”

Essa idade é o marco porque, na maioria das crianças sem alterações neurológicas ou anatômicas, a continência noturna já deveria estar estabelecida. Ultrapassar essa fase e continuar molhando a cama com frequência é sinal de alerta.

Hábitos que podem ajudar — e seus limites

Muitos pais tentam controlar a enurese limitando líquidos à noite. Mas essa estratégia, sozinha, não resolve.

“Isso é controverso, porque muitos adultos bebem bastante antes de dormir e não molham a cama”, explica a médica. O problema central está na dificuldade de despertar com a bexiga cheia.

De qualquer forma, vale reduzir líquidos próximos à hora de dormir, especialmente cafeína, chás, refrigerantes e ultraprocessados. E sempre estimular a criança a urinar antes de deitar.

Quando é hora de procurar um especialista?

O critério principal é a idade e o impacto na vida da criança. “A enurese deve ser tratada em crianças acima de 5 anos quando causa incômodo, e em todas acima de 7 anos”, esclarece a médica.

Leia também: Asma infantil: sintomas, diagnóstico e tratamento

Sinais de que é hora de investigar o xixi na cama

  • Episódios frequentes após os 5 anos;
  • Persistência após os 7 anos;
  • Vergonha ou impacto social (não querer dormir fora de casa);
  • Sintomas associados, como constipação ou ronco/apneia.

Além do desconforto físico, a enurese pode pesar no bem-estar psicológico, afetando a vida social da criança. A especialista lembra: jamais punir a criança. “Ela não faz isso de propósito. Não é preguiça, não é para chamar atenção. Família e equipe médica devem procurar juntos a melhor forma de ajudar”.

Como funciona o tratamento da enurese noturna

O tratamento é sempre individualizado. Primeiro, avalia-se a rotina de micção, constipação, consumo de líquidos e comportamento da criança.

As principais medidas incluem:

  • Sensores de umidade: alarmes que despertam a criança ao detectar o início da urina;
  • Vasopressina (desmopressina): hormônio sintético que reduz a produção de urina à noite, indicado em alguns casos.

Se não houver sucesso, o médico pode combinar estratégias ou indicar outros medicamentos. A persistência da enurese pode atingir até 10% das crianças após os 7 anos, 3% dos adolescentes e menos de 1% dos adultos — por isso, o tratamento é essencial.

Perguntas e respostas sobre xixi na cama

1. O que é enurese noturna?

É a perda involuntária de xixi durante o sono em crianças com mais de 5 anos, ocorrendo mais de duas vezes ao mês.

2. Até que idade o xixi na cama pode ser considerado normal?

Até os 5 anos completos pode fazer parte do desenvolvimento. Após essa idade, já é motivo para avaliação.

3. Quais fatores podem causar o xixi na cama?

Genética, alterações da bexiga, produção insuficiente de vasopressina, dificuldade em despertar, distúrbios respiratórios e fatores emocionais.

4. Hábitos como reduzir líquidos à noite resolvem o problema?

Podem ajudar, mas não são solução definitiva do xixi na cama. O fator central é a dificuldade de despertar durante o estímulo da bexiga cheia.

5. Quando os pais devem procurar um especialista?

Se o problema persistir após os 5 anos e causar incômodo, ou em todas as crianças acima de 7 anos. Também se houver sintomas como constipação ou apneia do sono.

6. Quais são os tratamentos mais indicados?

Sensores de umidade e vasopressina. Em casos resistentes, outros medicamentos podem ser associados.

7. O problema desaparece com o tempo?

Na maioria sim, mas não em todos. Persistência ocorre em 5 a 10% das crianças após 7 anos, 3% dos adolescentes e menos de 1% dos adultos.

Leia também: Criança que não consegue segurar o xixi: quando é normal e quando é problema

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Foto de Dra. Veridiana Andrioli

Escrito por Dra. Veridiana Andrioli

Sobre

Urologista e professora assistente do Departamento de Urologia Pediátrica da Sociedade Brasileira de Urologia. Anteriormente, atuou no Departamento de Saúde do Adolescente da mesma instituição. Graduada em Medicina pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), realizou residência em Cirurgia Geral e Urologia na própria universidade. Posteriormente, fez fellowship em Urologia Pediátrica na Universidade de Ottawa, em Ontário, Canadá. É doutora em Urologia pela UNIFESP e revisora de artigos científicos do Journal of Pediatric Urology. Além disso, publicou diversos artigos científicos e capítulos de livros na área de Urologia Pediátrica.

Especialidades/Área de atuação

Urologia e Urologia Pediátrica - CRM/ SP 133.893 

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