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Vertigem Posicional Paroxística Benigna (VPPB): o que é, sintomas e como tratar
A condição é mais comum após os 50 anos, mas pode acontecer em qualquer idade e não representa risco direto ao ouvido ou ao cérebro

Dr. Giuliano Bongiovanni
5min • 3 de nov. de 2025

A vertigem posicional paroxística benigna acontece quando pequenos cristais de cálcio, chamados otólitos, se deslocam dentro do ouvido interno e vão para um canal onde não deveriam estar | Foto: Freepik
Você já ouviu falar em vertigem posicional paroxística benigna? Normalmente confundida com labirintite, a condição é uma das principais causas de tontura e está diretamente relacionada ao movimento da cabeça. Ela causa episódios súbitos de vertigem, aquela sensação de que o ambiente está girando — que acontece ao deitar, virar na cama ou olhar para cima, por exemplo.
O nome até pode ser complicado, mas a vertigem não interfere na audição e não está associada a infecção ou inflamação no ouvido. Porém, ela pode impactar no dia a dia, causar insegurança ao realizar tarefas cotidianas e aumentar o risco de quedas, ainda mais em pessoas idosas.
O que é vertigem posicional paroxística benigna (VPPB)?
A vertigem posicional paroxística benigna (VPPB), também conhecida como “tontura dos cristais”, é um tipo de tontura que surge de forma repentina quando a cabeça muda de posição, como ao se deitar, levantar da cama, olhar para cima ou virar de lado. A sensação é de que tudo ao redor está girando, mesmo quando o corpo está parado.
De acordo com o otorrinolaringologista Giuliano Bongiovanni, apesar da intensidade do desconforto, não existem sintomas auditivos associados, como zumbido ou perda de audição. Após a crise, a pessoa pode sentir um leve desequilíbrio ou náusea — mas a vertigem principal é curta e dura até um minuto.
Causas da vertigem posicional paroxística benigna (VPPB)
A VPPB acontece quando pequenos cristais de cálcio, chamados otólitos, se deslocam dentro do ouvido interno e vão para um canal onde não deveriam estar. O ouvido interno é responsável pelo equilíbrio e, quando os cristais ficam no lugar errado, enviam informações confusas para o cérebro sobre o movimento do corpo.
Normalmente, a vertigem está ligada a algum tipo de trauma na cabeça, que pode variar de leve a grave e provocar o deslocamento dos cristais dentro do ouvido interno. Também pode surgir em pessoas que passaram por distúrbios que danificam o ouvido interno, como inflamações ou infecções, alterando o funcionamento do sistema responsável pelo equilíbrio.
Em situações mais raras, a condição aparece após cirurgias de ouvido ou depois de longos períodos deitado de costas, como acontece em procedimentos odontológicos. Por fim, a VPPB ainda pode estar associada a crises de enxaqueca, já que pessoas com a condição têm maior sensibilidade no ouvido interno e no sistema vestibular, favorecendo o deslocamento dos cristais.
Existem fatores de risco para VPPB?
A vertigem posicional paroxística benigna pode aparecer em qualquer fase da vida, mas é mais frequente em pessoas a partir dos 50 anos e/ou em mulheres — indicando possível influência de fatores hormonais e estruturais.
Traumatismos na cabeça e alterações que afetam os órgãos de equilíbrio no ouvido também aumentam a suscetibilidade ao desenvolvimento da VPPB, pois favorecem o deslocamento dos cristais.
Sintomas da vertigem posicional paroxística benigna (VPPB)
- Sensação de que tudo está girando, principalmente ao deitar, levantar, virar na cama ou olhar para cima;
- Tontura intensa e breve, que dura segundos ou poucos minutos;
- Desequilíbrio ao caminhar ou dificuldade para manter a estabilidade;
- Náusea e, em alguns casos, vômitos;
- Sensação de cabeça leve ou flutuante;
- Movimentos involuntários dos olhos (nistagmo) durante a crise.
Os sintomas aparecem e desaparecem de forma recorrente e costumam durar menos de um minuto. Além da vertigem, muitas pessoas relatam sensação de desequilíbrio ao ficar em pé ou ao caminhar.
Como é feito o diagnóstico de VPPB?
O diagnóstico da VPPB é baseado nos sintomas descritos pelo paciente e em testes clínicos feitos pelo médico, geralmente um otorrinolaringologista ou neurologista. O especialista analisa o histórico, verifica quais movimentos provocam a vertigem e utiliza manobras específicas para observar a resposta do sistema de equilíbrio.
O teste mais usado, segundo Giuliano, é a manobra de Dix-Hallpike. Durante o exame, o médico posiciona a cabeça do paciente de formas específicas para provocar a vertigem e observar os olhos. Quando ocorre nistagmo juntamente com a sensação de giro, o diagnóstico de VPPB é confirmado.
Em alguns casos, o médico pode pedir exames de imagem para confirmar o quadro ou descartar outras doenças com sintomas parecidos. A eletronistagmografia é utilizada para identificar movimentos oculares anormais ligados ao equilíbrio, enquanto a ressonância magnética ajuda a avaliar o ouvido interno e o cérebro.
Tratamento de vertigem posicional paroxística benigna (VPPB)
O tratamento é feito principalmente com manobras de reposicionamento, que têm como objetivo recolocar os cristais de cálcio no local correto dentro do ouvido interno para que eles parem de enviar sinais incorretos ao cérebro.
Giuliano aponta que a mais utilizada é a manobra de Epley, uma sequência de movimentos da cabeça e do tronco realizados de forma controlada, com o paciente sentado e depois deitado em posições específicas. A técnica costuma gerar alívio rápido e pode ser realizada em consultório.
Após o procedimento, recomenda-se manter alguns cuidados por cerca de 48 horas para evitar recaídas: dormir com a cabeça elevada e evitar movimentos bruscos do pescoço.
VPPB é grave?
A VPPB não é considerada uma condição grave ou perigosa para a saúde do ouvido ou do cérebro. No entanto, ela pode causar bastante desconforto e impactar o dia a dia devido às crises de tontura, que podem surgir de forma inesperada.
Além disso, a VPPB aumenta o risco de quedas, especialmente em pessoas idosas. Por isso, o diagnóstico e o tratamento adequados são essenciais para aliviar os sintomas e prevenir acidentes.
Quando procurar ajuda médica?
Procure atendimento imediato se a tontura ou vertigem vier acompanhada de:
- Dor de cabeça súbita, intensa ou diferente do habitual;
- Febre;
- Visão dupla ou perda de visão;
- Perda de audição;
- Dificuldade para falar ou articular palavras;
- Fraqueza nos braços ou pernas;
- Desmaio ou perda de consciência;
- Queda ou dificuldade para caminhar;
- Dormência ou formigamento no corpo.
A presença desses sinais pode indicar uma condição mais séria que precisa de diagnóstico e tratamento rápidos.
Veja também: Consultas médicas para idosos: quais as mais importantes para quem vive sozinho?
Perguntas frequentes sobre Vertigem Posicional Paroxística Benigna
1. A VPPB tem cura?
Sim, a VPPB é tratável e, na grande maioria dos casos, pode ser resolvida com manobras de reposicionamento que recolocam os cristais no local correto. Muitos pacientes melhoram imediatamente; outros precisam de algumas sessões. Recidivas podem ocorrer, mas costumam responder bem ao retratamento.
2. A VPPB pode causar perda de audição?
Não. A VPPB afeta apenas o sistema de equilíbrio do ouvido interno e não interfere na audição. Se houver sintomas auditivos, é importante investigar outras causas (como síndrome de Ménière).
3. Quem tem VPPB pode dirigir?
Durante as crises, não é seguro dirigir, pois a vertigem pode ser desencadeada por movimentos da cabeça. Com os sintomas controlados e orientação médica, a pessoa pode voltar a dirigir normalmente.
4. A VPPB pode piorar com o estresse?
O estresse não causa VPPB, mas pode intensificar a percepção dos sintomas e dificultar a recuperação, aumentando o desconforto.
5. Como diferenciar VPPB e labirintite?
A VPPB causa vertigem rápida e intensa, de segundos, que aparece com mudanças de posição da cabeça e não afeta a audição. Já a labirintite provoca vertigem contínua por horas ou dias e costuma vir acompanhada de perda auditiva, zumbido, febre ou mal-estar.
6. Como é feita a manobra de Epley?
É uma sequência de movimentos da cabeça e do corpo feita pelo médico para reposicionar os cristais no ouvido interno. O paciente começa sentado, vira a cabeça para o lado afetado e é deitado rapidamente; em seguida, a cabeça é girada para o outro lado e o corpo é virado até que os cristais retornem ao local correto. O processo dura poucos minutos e costuma aliviar a vertigem rapidamente.
Veja mais: Tontura: o que pode estar por trás desse sintoma tão comum

