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Varizes: o que é, causas, tratamento e como evitar

As varizes surgem quando o sangue se acumula nas pernas, dilatando as veias e dificultando a circulação

Dr. Marcelo Bellini Dalio

Dr. Marcelo Bellini Dalio

5min • 30 de set. de 2025

Varizes: o que é, causas, tratamento e como evitar
Você sabia que as varizes não são apenas um problema estético? Na verdade, a presença de veias dilatadas e tortuosas indica alterações na circulação venosa e pode causar sintomas como dor, inchaço e até feridas em casos mais graves.

Segundo a Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular, as varizes afetam cerca de 38% da população adulta, presentes em 30% dos homens e 45% das mulheres. Isso significa que quase quatro em cada dez pessoas convivem com algum grau de insuficiência venosa, muitas vezes sem sequer saber que se trata de uma condição de saúde.

O problema pode começar com uma sensação de peso nas pernas ao fim do dia, mas evoluir para limitações maiores se não houver acompanhamento médico. Por isso, entender como elas se desenvolvem e as maneiras de tratar é fundamental para evitar complicações e preservar a qualidade de vida.

O que são varizes?

As varizes são veias dilatadas e tortuosas, normalmente localizadas nas pernas, que aparecem devido a problemas na circulação do sangue de volta ao coração.

Enquanto as artérias levam o sangue do coração para o corpo, as veias fazem o caminho de volta. Nesse retorno, o movimento acontece com a ajuda da contração da musculatura das pernas e de válvulas dentro das veias, que funcionam para manter o sangue na direção correta.

De acordo com o cirurgião vascular Marcelo Dalio, quando essas válvulas não atuam adequadamente, o sangue tende a se acumular nas pernas, causando inchaço, sensação de peso e cansaço. Com o tempo, o processo leva à dilatação dos vasos, conhecida como varizes.

Causas das varizes

O surgimento das varizes resulta na combinação de predisposição genética com fatores ambientais e de estilo de vida. Entre as principais causas, é possível citar:

  • Genética: pessoas com histórico familiar têm maior risco de desenvolver varizes;
  • Idade: com o passar dos anos, as veias perdem elasticidade e as válvulas se tornam menos eficientes;
  • Gravidez: cada gestação aumenta a pressão sobre as veias e pode acelerar o aparecimento das varizes;
  • Sedentarismo: falta de atividade física reduz a ação da musculatura da panturrilha, que ajuda no retorno venoso;
  • Permanecer muito tempo em pé ou sentado: profissões como professores, seguranças e atendentes de loja favorecem a sobrecarga nas veias;
  • Sobrepeso e obesidade: o excesso de peso aumenta a pressão nas pernas, sobrecarregando as veias e dificultando o retorno do sangue ao coração, o que favorece o surgimento das varizes.

É importante lembrar que cada pessoa reage de forma diferente: alguém com pouca predisposição genética pode desenvolver varizes por estilo de vida, enquanto outra com forte predisposição pode manifestá-las mesmo tendo hábitos saudáveis.

Como identificar as varizes?

Nem sempre as varizes causam sintomas além da aparência de veias salientes e tortuosas, mas em algumas pessoas, é possível observar:

  • Sensação de peso, dor ou cansaço nas pernas, principalmente no fim do dia;
  • Inchaço nos tornozelos e pés;
  • Coceira e desconforto local;
  • Câimbras e sensação de pernas inquietas;
  • Escurecimento da pele em torno das varizes em casos mais avançados.

Segundo Marcelo, a dor típica das varizes costuma ser em peso e aparece mais no fim da tarde, após longos períodos em pé ou sentado. Quando a pessoa coloca as pernas para cima, o alívio costuma ser imediato.

Qual a diferença entre varizes e vasos?

É bastante comum que varizes sejam confundidas com os chamados vasinhos, mas existem diferenças significativas entre as duas condições.

  • Vasos (ou telangiectasias): são veias bem finas, visíveis na pele como linhas finas avermelhadas ou arroxeadas, e costumam ter impacto mais estético do que clínico;
  • Varizes: são veias maiores, com 4 a 5 mm de diâmetro, localizadas abaixo da pele, no tecido gorduroso. Podem causar dor, peso, inchaço e complicações.

Segundo Marcelo, ambos fazem parte do mesmo problema: um acúmulo de sangue venoso nas pernas, e o que muda é a profundidade e o tamanho do vaso afetado.

Apesar disso, o especialista lembra que o problema pode evoluir com o tempo. “Começa com um vasinho, depois eles vão se multiplicando, proliferando, e aí podem surgir sintomas”, explica.

Como é feito o diagnóstico de varizes?

O diagnóstico das varizes é clínico, de modo que o médico conversa com o paciente, avalia os sintomas e examina as pernas em pé, quando os sinais ficam mais evidentes.

Depois, o especialista pode solicitar a realização de exames, como o ultrassom doppler venoso, que avalia o fluxo de sangue, identifica refluxos e mede o tamanho das veias. Ele é fundamental para definir se existe comprometimento de veias maiores, como a safena, e se há necessidade de tratamento cirúrgico ou procedimentos minimamente invasivos.

Como funciona o tratamento de varizes?

O tratamento das varizes depende do grau do problema e das queixas do paciente. Em casos mais leves, o médico pode indicar apenas medidas clínicas que ajudam a melhorar a circulação e aliviar sintomas como dor, peso e inchaço nas pernas. Elas não eliminam as varizes, mas trazem mais conforto ao dia a dia:

  • Praticar exercícios físicos (como caminhada, corrida leve, natação, bicicleta), que estimulam a musculatura da perna e favorecem o retorno venoso;
  • Elevar as pernas ao final do dia, facilitando a drenagem do sangue de volta ao coração;
  • Usar meias elásticas de compressão graduada, que apertam mais na região do tornozelo e aliviam o peso nas pernas;
  • Manter o peso saudável, reduzindo a sobrecarga sobre as veias;
  • Evitar permanecer longos períodos em pé ou sentado sem movimentar as pernas;
  • Utilizar medicamentos e cremes específicos, que podem aliviar sintomas de cansaço, inchaço e dor (mas não eliminam as varizes).

Quando a cirurgia é necessária (e como é feita)?

A indicação de cirurgia ou procedimento depende do contexto, de acordo com Marcelo: queixas do paciente, intensidade dos sintomas, tamanho e localização das varizes. Hoje existem técnicas modernas e variadas, que vão desde a aplicação em consultório até cirurgias minimamente invasivas.

Para vasinhos (menos de 1 mm), o tratamento mais utilizado é a escleroterapia, que consiste na aplicação de uma substância dentro do vaso para que ele deixe de funcionar. Outra alternativa é o laser transdérmico, que atua através da pele e ajuda a eliminar os vasos mais superficiais.

Para veias de 4–5 mm abaixo da pele, pode ser indicada a cirurgia convencional, realizada por meio de pequenos cortes para retirar a veia, ou o laser endovenoso, em que um cateter é introduzido na veia e emite energia térmica para inutilizá-la.

Em casos mais avançados, com manchas na pele ou quando a cirurgia não é possível, pode ser feita a escleroterapia com espuma. O procedimento é realizado em consultório, com auxílio do ultrassom, e a espuma faz a veia perder a função, sendo depois absorvida pelo corpo. É uma alternativa menos invasiva, recomendada sobretudo para idosos ou pessoas com outras doenças.

Segundo Marcelo, as técnicas não prejudicam a circulação, pois o sangue passa a ser direcionado para as veias saudáveis, melhorando o funcionamento do sistema venoso como um todo.

É possível prevenir as varizes?

Não é possível evitar totalmente o aparecimento das varizes, especialmente em quem tem forte predisposição genética. Mas algumas medidas ajudam a retardar e reduzir os sintomas, como:

  • Praticar atividade física regularmente;
  • Manter o peso saudável;
  • Evitar ficar longos períodos em pé ou sentado sem se movimentar;
  • Colocar as pernas para cima alguns minutos por dia;
  • Usar meias elásticas de compressão em situações de risco (longos voos, dias de trabalho em pé);
  • Evitar banhos muito quentes e exposição prolongada ao calor.

Segundo Marcelo, o ideal é não esperar o problema agravar para procurar ajuda médica. Quanto antes o tratamento for iniciado, menores as chances de complicações, como úlceras e tromboses.

Confira: Exercícios para fortalecer a coluna: o guia completo para proteger sua postura e prevenir dores

Perguntas frequentes sobre varizes

1. Qual a melhor meia de compressão para varizes?

A melhor meia de compressão para varizes é aquela escolhida de acordo com o grau da doença, a intensidade dos sintomas e as necessidades individuais de cada paciente.

Existem diferentes modelos, que variam tanto na altura quanto na força de compressão, e apenas um médico vascular pode indicar qual é a mais adequada para cada caso.

2. Quem tem varizes sempre precisa operar?

Nem sempre, pois o tratamento das varizes depende da gravidade do caso. Em situações leves, é possível controlar os sintomas com medidas clínicas, como praticar exercícios físicos regularmente, manter o peso adequado, adotar pausas para elevar as pernas ao longo do dia e usar meias elásticas de compressão.

A cirurgia ou os procedimentos minimamente invasivos só são indicados quando as varizes causam dor intensa, complicações (como manchas na pele, úlceras ou sangramentos), ou quando o impacto estético é significativo para o paciente.

Mesmo nesses casos, existem diferentes técnicas modernas, desde a escleroterapia até o laser endovenoso, que tornam o tratamento mais seguro e eficaz.

3. Tenho varizes, posso usar salto alto?

Sim, é possível usar salto alto, mas com moderação! O uso frequente de calçados altos pode dificultar o movimento natural da panturrilha, de modo que a circulação venosa fica mais lenta e os sintomas das varizes, como peso e inchaço, podem piorar.

Por isso, quem tem varizes pode usar salto em ocasiões específicas, mas é recomendável alternar com sapatos mais confortáveis, de salto baixo ou médio, e sempre incluir atividade física na rotina para fortalecer a musculatura das pernas.

4. Banhos quentes podem piorar as varizes?

Sim, a água muito quente provoca dilatação dos vasos sanguíneos, o que aumenta a sensação de peso, inchaço e desconforto nas pernas. Além disso, a exposição frequente ao calor, como em dias quentes ou em ambientes como saunas, também pode agravar sintomas.

O ideal, nesses casos, é optar por banhos mornos ou frios, que ajudam a manter a circulação mais equilibrada e proporcionam alívio imediato para o desconforto.

5. O que é úlcera varicosa?

A úlcera varicosa é uma ferida crônica que surge normalmente próxima ao tornozelo, causada pela insuficiência venosa prolongada.

Quando o sangue não circula corretamente, ele se acumula nas pernas, aumentando a pressão e prejudicando a oxigenação dos tecidos — e isso faz com que a pele fique mais frágil, escura e, com o tempo, possa abrir uma ferida.

Ela é considerada uma complicação grave das varizes e exige acompanhamento médico especializado, pois a cicatrização pode ser lenta e há risco de infecções. O tratamento inclui curativos adequados, uso de meias de compressão, controle dos sintomas e, em alguns casos, procedimentos para tratar a circulação venosa.

6. O que posso fazer em casa para aliviar as pernas pesadas?

Elevar as pernas acima do nível do coração, praticar exercícios que movimentem a panturrilha (como ficar na ponta dos pés), usar meias de compressão e evitar longos períodos em pé ou sentado. Medidas como massagens e drenagem linfática também podem ajudar, mas o exercício ativo é sempre a medida mais eficaz.

Leia também: Pés inchados no fim do dia podem indicar problema no coração, mas há outras causas

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Escrito por Dr. Marcelo Bellini Dalio

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Cirurgia Vascular - 104721/SP - RQE 26563

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