DOENÇAS & CONDIÇÕES
Vacina para alergia: entenda como funciona a imunoterapia
Descubra como funciona a vacina para alergia, indicada para rinite, asma alérgica e alergias a picadas de insetos. Veja se você pode fazer e quanto tempo dura o tratamento

Dr. Alex Lacerda
5min • 28 de jul. de 2025

Se você é alérgico, sabe bem o que é conviver quase que diariamente com nariz entupido ou escorrendo, espirros, coceiras ou até mesmo olhos irritados e coçando por conta de uma conjuntivite alérgica. Hoje, porém, existe um tratamento conhecido como “vacina para alergia” que, quando bem indicada pelo médico, pode ajudar muito a aliviar os sintomas de forma duradoura.
Apesar do nome pelo qual é popularmente conhecida, ela não se trata de uma vacina como as que usamos para prevenir doenças infecciosas, como gripe ou sarampo. Na verdade, é um tratamento chamado imunoterapia.
O que é a vacina para alergia (imunoterapia)?
“A imunoterapia alérgeno-específica, popularmente conhecida como ‘vacina para alergia’, é um tratamento de dessensibilização ou indução de tolerância imunológica, indicado para quadros de alergia mediados por IgE”, explica o alergista e imunologista Alex Lacerda, membro da diretoria do Departamento Científico de Anafilaxia da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (ASBAI).
Ele conta que a vacina para alergia é um tratamento indicado para alergias respiratórias (como rinite alérgica ou asma alérgica), conjuntivite alérgica, dermatite atópica e para alergia a veneno de abelhas, vespas e formigas.
“O tratamento é especialmente indicado quando há sintomas persistentes, resposta inadequada a medicamentos ou desejo de reduzir a dependência de remédios a longo prazo”, detalha o especialista.
Como a vacina para alergia funciona
Durante a imunoterapia, a pessoa recebe doses mínimas e controladas do alérgeno. Com o tempo, o sistema imunológico vai aprendendo que aquilo não é uma ameaça, e os sintomas vão reduzindo quando a pessoa é exposta novamente ao que costumava causar alergia.
“Ao contrário de um mito comum, não é necessário ‘passar mal’ para que o tratamento funcione. O ideal é que o paciente esteja com sintomas bem controlados desde o início, geralmente com auxílio de medicamentos, enquanto a imunoterapia começa a fazer efeito”, detalha o alergista.
“Ajustes individuais na dose e ritmo da imunoterapia são feitos conforme a resposta clínica, sempre com o objetivo de manter o paciente estável e confortável durante todo o processo”, detalha o alergista.
Formas de aplicação da imunoterapia
O tratamento pode ser feito de duas maneiras, sempre com acompanhamento médico:
- Injeção subcutânea: aplicada no braço, em consultório.
- Via sublingual: gotas ou comprimidos colocados debaixo da língua.
O alergista e imunologista explica que a principal diferença entre as duas modalidades está na via de administração.
Imunoterapia subcutânea (SCIT)
É aplicada por injeção sob a pele, em local com suporte a tratamento de reações, com supervisão adequada. “Pela Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (ASBAI), não é indicada a autoaplicação em ambiente domiciliar. É a única via recomendada para alergia a venenos de insetos”, explica o médico.
Imunoterapia sublingual (SLIT)
Administrada por gotas sob a língua, é feita em casa pelo próprio paciente, sob orientação médica.
“Ambas têm eficácia comprovada para as principais causas de alergia respiratória, como ácaros da poeira, pólens e epitélios de animais. A escolha entre uma ou outra depende de fatores como perfil do paciente, adesão ao tratamento, tipo de alérgeno e disponibilidade de extratos padronizados”, explica o médico.
“Em geral, as duas formas apresentam eficácia semelhante, desde que utilizadas corretamente e por tempo adequado”, detalha o especialista.
Duração do tratamento com vacina para alergia
É um tratamento de médio a longo prazo, mas com ótimos resultados. A duração média da imunoterapia é de 3 a 5 anos.
Depois desse período, muitas pessoas relatam melhora significativa nos sintomas das alergias, como a alergia respiratória, redução da necessidade de medicamentos e, em alguns casos, até desaparecimento total das crises alérgicas.
Quem pode fazer imunoterapia?
A vacina para alergia pode ser indicada para pessoas que têm:
- Rinite alérgica persistente;
- Asma alérgica;
- Conjuntivite alérgica;
- Dermatite atópica;
- Alergia grave a picadas de abelha, vespas ou formiga.
Se você sente que os remédios não estão resolvendo suas crises ou quer uma solução mais duradoura, vale consultar um alergista para avaliar se a imunoterapia é para você.
Contraindicações da imunoterapia
Embora a imunoterapia seja segura quando bem indicada e realizada sob supervisão especializada, existem contraindicações absolutas e relativas. O Dr. Alex Lacerda explica que as principais contraindicações são:
- Asma moderada a grave não controlada;
- Doenças autoimunes em atividade;
- Câncer;
- Doenças infecciosas crônicas ou em atividade;
- Uso de imunossupressores;
- Insuficiência renal grave;
- Uso contínuo de corticosteroides em doses imunossupressoras.
“Cada caso deve ser avaliado individualmente pelo alergista antes do início do tratamento”, explica o médico.
Benefícios da imunoterapia
“A imunoterapia é atualmente o único tratamento capaz de modificar a história natural das doenças alérgicas. Ao atuar diretamente na causa da alergia, e não apenas nos sintomas, ela promove uma reeducação do sistema imunológico, levando à tolerância ao alérgeno”, explica Lacerda.
O especialista detalha os principais benefícios da vacina para alergia a longo prazo:
- Redução significativa dos sintomas ou desaparecimento dos sintomas alérgicos;
- Menor necessidade de medicamentos para tratar sintomas;
- Melhora da qualidade de vida e do sono;
- Prevenção da progressão da doença alérgica;
- Efeitos duradouros que podem persistir por 10 anos ou mais.
Perguntas frequentes sobre a vacina para alergia
1. Vacina para alergia é igual a vacina comum?
Não. A vacina para alergia é, na verdade, uma imunoterapia e não previne infecções, mas sim reduz a sensibilidade do organismo a alérgenos.
2. A vacina para alergia é segura?
Sim. A imunoterapia é segura e eficaz, desde que realizada por um profissional especializado e em ambiente adequado.
3. Quanto tempo leva para a vacina começar a fazer efeito?
Geralmente, os primeiros efeitos são percebidos após alguns meses, mas o resultado mais significativo vem com o uso contínuo, entre 3 e 5 anos.
4. A vacina cura a alergia?
Em muitos casos, sim. Alguns pacientes ficam anos sem apresentar sintomas mesmo após encerrar o tratamento.
5. Crianças podem tomar vacina para alergia?
Sim, crianças podem fazer o tratamento, desde que com indicação e acompanhamento de um especialista.
6. O SUS oferece vacina para alergia?
Em geral, o SUS não oferece imunoterapia. Ela está disponível em clínicas particulares e pode ser coberta por alguns planos de saúde.
Leia mais: 5 causas de alergia dentro de casa e o que fazer para evitar