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Úlcera no estômago: quando é grave e como é tratada 

Saiba o que causa as úlceras pépticas, como identificá-las cedo e quais tratamentos evitam complicações graves

Dra. Juliana Soares

Dra. Juliana Soares

5min • 6 de dez. de 2025

Médica examina estômago de paciente com queixa de dor, suspeitando de úlcera péptica

As úlceras pépticas podem variar em gravidade e podem levar a complicações se não tratadas adequadamente | Foto: Freepik

As úlceras pépticas (no estômago ou no duodeno) são mais comuns do que muita gente imagina e, apesar de parecerem algo distante do dia a dia, podem surgir silenciosamente e só dar sinais quando já estão causando desconforto.

A úlcera péptica ocorre quando o ácido do estômago agride a parede interna do órgão ou do duodeno, formando pequenas feridas que nem sempre doem, e é justamente isso que torna importante entender como elas acontecem e quais sinais devem chamar atenção.

Com o avanço dos estudos sobre a bactéria Helicobacter pylori e o impacto dos anti-inflamatórios no sistema digestivo, ficou mais fácil identificar as causas das úlceras e tratá-las de forma eficaz.

Hoje, a maior parte dos casos tem bom prognóstico quando o tratamento é iniciado rapidamente, mas reconhecer sintomas, fatores de risco e possíveis complicações ainda é essencial para evitar problemas mais sérios.

O que são úlceras pépticas?

As úlceras pépticas são feridas que se formam na parede do estômago ou do duodeno devido à ação do ácido gástrico sobre uma mucosa fragilizada. Elas podem cicatrizar sozinhas, mas quando não tratadas, aumentam o risco de complicações como sangramentos e perfuração intestinal.

Principais sintomas

Cerca de 70% dos casos não apresentam sintomas. Quando os sintomas surgem, o mais comum é a dor abdominal na região do epigástrio (boca do estômago).

O padrão da dor ajuda a diferenciar os tipos de úlcera:

  • Úlcera gástrica: piora com a alimentação e melhora em jejum.
  • Úlcera duodenal: dor costuma surgir 2 a 5 horas após comer.

Outros sintomas são:

  • Inchaço abdominal
  • Empachamento
  • Enjoos
  • Sensação de saciedade precoce

Complicações possíveis

Sangramento (mais comum)

Pode aparecer como:

  • Enjoo
  • Vômito com sangue (hematêmese)
  • Fezes escuras com odor forte (melena)

Obstrução da saída gástrica

Úlceras próximas ao piloro podem bloquear a passagem dos alimentos. Os sintomas são saciedade precoce, náuseas, vômitos, dor após comer e perda de peso.

Penetração ou fistulização

A úlcera pode atingir outros órgãos, formando fístulas ou abscessos. O sinal mais marcante é mudança brusca no padrão de sintomas.

Perfuração

Complicação grave marcada por:

  • Dor abdominal súbita e intensa
  • Aumento da frequência cardíaca
  • Abdome rígido (“abdome em tábua”)

Requer atendimento emergencial.

Causas

As principais causas são:

Infecção por H. pylori

A bactéria Helicobacter pylori altera a produção de ácido e diminui a defesa natural da mucosa, favorecendo o aparecimento da úlcera.

Uso de anti-inflamatórios (AINEs)

Medicamentos como aspirina e ibuprofeno aumentam em até quatro vezes o risco de úlceras e complicações.

Outros fatores de risco

  • Tabagismo
  • Consumo de álcool
  • Estresse crônico
  • Dieta inadequada
  • Fatores genéticos
  • Apneia do sono

Diagnóstico

O diagnóstico é suspeitado em pacientes com indigestão e dor abdominal superior, especialmente quando há histórico de:

  • H. pylori
  • Uso de AINEs

Endoscopia digestiva alta

É o exame mais eficaz, pois permite:

  • Visualizar a úlcera
  • Realizar biópsia

O diagnóstico também pode ser confirmado quando os sintomas desaparecem após tratamento empírico (início do tratamento sem endoscopia prévia).

Tratamento

O tratamento depende da causa e da gravidade.

Mudanças de hábitos

  • Parar de fumar
  • Reduzir ou evitar álcool
  • Ajustar dieta

Tratamento para H. pylori

Quando a infecção é confirmada, utiliza-se combinação de antibióticos, geralmente:

  • Amoxicilina
  • Claritromicina

A erradicação cura mais de 90% das úlceras relacionadas à bactéria.

Suspensão de AINEs

Se possível, o paciente deve interromper o uso desses medicamentos.

Redução da acidez

Todos os pacientes precisam de terapia com inibidores da bomba de prótons (IBP), como omeprazol. A duração varia conforme a causa e a presença de complicações.

Antiácidos

Podem aliviar sintomas, mas não tratam a úlcera.

Tratamento cirúrgico

Reservado para complicações graves, como perfuração e obstrução.

Prevenção

Para prevenir úlceras pépticas:

  • Evite uso abusivo de anti-inflamatórios
  • Trate H. pylori quando detectado
  • Siga corretamente o uso de medicamentos inibidores da bomba de prótons (como omeprazol) quando indicados pelo médico
  • Mantenha hábitos saudáveis de alimentação e rotina

O que esperar

O prognóstico é geralmente positivo:

  • Cerca de 60% das úlceras cicatrizam espontaneamente
  • Com tratamento para H. pylori, a taxa de cura ultrapassa 90%

Entre 5% e 10% das úlceras não respondem ao tratamento, geralmente associadas a:

  • Uso contínuo de anti-inflamatórios
  • Falha no tratamento para H. pylori
  • Outras causas mais raras

Confira: Azia constante: o que pode ser e como melhorar

Perguntas frequentes sobre úlcera péptica

1. Úlcera e gastrite são a mesma coisa?

Não. Gastrite é inflamação da mucosa; úlcera é uma ferida mais profunda.

2. Estresse causa úlcera?

O estresse crônico pode contribuir, mas geralmente há outros fatores associados, como H. pylori ou uso de AINEs.

3. Posso continuar tomando anti-inflamatório se tiver úlcera?

Não é recomendado. Eles aumentam o risco de sangramento e piora da lesão.

4. H. pylori sempre causa úlcera?

Não. Muitas pessoas têm a bactéria sem desenvolver lesões.

5. Alimentação influencia nas úlceras?

Sim. Dietas irritativas e consumo excessivo de álcool podem agravar os sintomas.

6. Antiácidos resolvem a úlcera?

Não. Eles aliviam desconforto, mas não tratam a causa.

7. Preciso de cirurgia se tiver úlcera?

Raramente. A cirurgia é indicada apenas para complicações graves.

Leia também: Endoscopia: como é o exame que vê o estômago por dentro

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Foto de Dra. Juliana Soares

Escrito por Dra. Juliana Soares

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