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Trombose do viajante: o que é, sintomas, causas e como evitar

O problema ganhou esse apelido porque é mais comum em quem passa muitas horas sentado em viagens, como voos

Dr. Marcelo Bellini Dalio

Dr. Marcelo Bellini Dalio

5min • 24 de out. de 2025

Dois homens sentados em poltronas dentro de um avião, imóveis e com maior risco de desenvolver e trombose do viajante.

O problema ganhou o apelido de “trombose do viajante” justamente por ser comum em pessoas que passam muitas horas sentadas, especialmente em aviões

Você já ouviu falar em trombose do viajante? Antigamente conhecida como síndrome da classe econômica, ela acontece pela formação de coágulos sanguíneos nas pernas ou coxas durante viagens de longa duração — em especial em aviões.

A condição, conhecida como trombose venosa profunda (TVP), costuma estar relacionada a fatores individuais, como obesidade, idade avançada, gravidez, uso de anticoncepcionais hormonais ou terapia de reposição hormonal. Normalmente, você só vai sentir os sintomas depois da viagem, como inchaço súbito, dor e rigidez nas pernas.

O maior risco associado à trombose do viajante é que, em alguns casos, o trombo pode se desprender da veia e viajar até os pulmões, causando uma complicação grave e potencialmente fatal, conhecida como embolia pulmonar.

Conversamos com o cirurgião vascular Marcelo Dalio para esclarecer as principais dúvidas sobre a condição, incluindo como ela se manifesta, quando procurar atendimento e medidas de prevenção. Confira!

Afinal, o que é trombose venosa profunda?

A trombose venosa profunda (TVP) é uma condição causada pela formação de coágulos sanguíneos (trombos) no interior das veias profundas, normalmente nas pernas, que podem obstruir o fluxo normal do sangue e causar dor, inchaço e sensação de peso no membro afetado.

Durante uma viagem longa, o corpo passa muito tempo parado, de modo que a falta de movimento faz com que o sangue tenha mais dificuldade para retornar das pernas ao coração. Como resultado, ele pode se acumular nas veias — e, com o tempo, formar um coágulo.

O problema ganhou o apelido de “trombose do viajante” justamente por ser comum em pessoas que passam muitas horas sentadas, especialmente em aviões. As poltronas apertadas, o ar seco e o baixo nível de oxigênio na cabine agravam a situação, aumentando a viscosidade do sangue e favorecendo a formação de trombos.

Vale lembrar que a trombose não é exclusiva dos voos — longos trajetos de carro ou ônibus também podem favorecer o problema. Segundo Marcelo, em viagens terrestres é possível fazer pausas e se movimentar, o que reduz o risco; já em viagens aéreas longas, isso é mais difícil.

Por que as viagens longas aumentam o risco de trombose?

As viagens longas aumentam o risco porque o corpo fica parado por muito tempo, com as pernas dobradas e pouca movimentação. A imobilidade prolongada dificulta a circulação do sangue, favorecendo o acúmulo nas veias e a formação de trombos.

No avião, há agravantes como:

  • Baixa umidade da cabine (favorece desidratação);
  • Pressão atmosférica reduzida (altera a fisiologia);
  • Pouco espaço, dificultando mexer panturrilhas e tornozelos.

Quem está mais vulnerável à trombose do viajante?

Condições que aumentam significativamente o risco:

  • História prévia de trombose ou embolia pulmonar;
  • Cirurgias recentes (especialmente ortopédicas e abdominais);
  • Câncer e tratamentos oncológicos;
  • Uso de anticoncepcionais hormonais ou terapia de reposição hormonal;
  • Gravidez e pós-parto;
  • Obesidade e sedentarismo;
  • Tabagismo;
  • Idade acima de 60 anos.

Ainda assim, qualquer pessoa pode desenvolver o problema se permanecer tempo demais sem se movimentar.

Quais os sintomas de trombose venosa?

De acordo com Marcelo, os sintomas geralmente aparecem após o desembarque e podem piorar nas horas seguintes:

  • Inchaço súbito em uma perna (panturrilha ou coxa);
  • Dor ou sensibilidade na perna, pior ao caminhar ou ficar em pé;
  • Calor local e vermelhidão;
  • Rigidez ou sensação de peso nas pernas.

Os sinais surgem porque o coágulo impede a passagem do sangue, causando inflamação e acúmulo de líquido.

Segundo a Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular (SBACV), o perigo aumenta quando o trombo se desprende e migra para os pulmões, provocando embolia pulmonar. Nesses casos, pode haver falta de ar, dor no peito, tosse com sangue, tontura e desmaios. Qualquer sinal diferente após uma longa viagem merece avaliação médica.

Quando saber que é hora de procurar atendimento médico?

Procure um profissional de saúde se, nas horas ou dias após a viagem, você apresentar:

  • Inchaço em apenas uma perna;
  • Dor persistente na panturrilha;
  • Sensação de calor, vermelhidão ou endurecimento local;
  • Dificuldade para andar por dor ou peso na perna.

O médico poderá solicitar ultrassonografia com doppler venoso para detectar coágulos e avaliar o fluxo sanguíneo. Quanto mais cedo o diagnóstico, menores as chances de complicações (embolia pulmonar, progressão do trombo ou síndrome pós-trombótica).

Após viagens longas, os sintomas podem surgir entre 24 e 72 horas (ou mais). Sinais sutis que evoluem merecem atenção, especialmente em quem tem fatores de risco.

Qual a relação entre trombose e embolia pulmonar?

A TVP ocorre quando se forma um coágulo nas veias (geralmente das pernas). Se o coágulo se desprende e viaja até os pulmões, pode bloquear uma artéria pulmonar, causando uma embolia pulmonar — condição potencialmente grave, com falta de ar, dor torácica e taquicardia. Tratar a trombose precocemente reduz o risco de embolia.

Como é feito o tratamento de trombose venosa profunda?

O objetivo é impedir o aumento do coágulo e evitar que ele se desprenda:

  • Anticoagulantes (orais ou injetáveis): reduzem a coagulação, previnem novos trombos e permitem que o organismo dissolva o existente. A duração depende da gravidade e do risco de recorrência;
  • Internação e procedimentos (em casos graves): trombólise, trombectomia ou filtro de veia cava;
  • Meias de compressão graduada: aliviam dor e inchaço e ajudam a prevenir síndrome pós-trombótica (sempre com orientação médica).

É seguro usar anticoagulantes antes de viajar?

Não. O uso preventivo de anticoagulantes sem prescrição não é indicado, pois aumenta o risco de sangramentos. A prevenção deve focar movimentação e hidratação, nunca automedicação.

Como evitar a trombose venosa durante uma viagem longa?

Dicas da SBACV e do cirurgião vascular Marcelo Dalio:

  • Movimente-se a cada ~2 horas: levante, ande, estique as pernas; sentado, gire os tornozelos e flexione os pés;
  • Use roupas confortáveis e evite peças apertadas;
  • Meias de compressão (média compressão) se prescritas, especialmente para quem tem varizes, histórico familiar ou TVP prévia;
  • Hidrate-se: beba água antes, durante e após a viagem; evite álcool e excesso de cafeína;
  • Evite álcool e sedativos (podem aumentar imobilidade e desidratação);
  • Prefira assentos no corredor para facilitar levantar e se movimentar.

Pessoas com histórico de trombose, doenças cardíacas, câncer, varizes ou gravidez devem conversar com o médico antes de viagens longas para medidas personalizadas.

Confira: Sente pernas pesadas no fim do dia? Confira dicas para aliviar

Perguntas frequentes sobre trombose do viajante

1. Qual a diferença entre trombose venosa e trombose arterial?

A trombose venosa ocorre nas veias (retorno do sangue ao coração), gerando inchaço, dor e calor local. A trombose arterial ocorre nas artérias (envio de sangue oxigenado aos tecidos) e é mais rara, porém grave, podendo causar infarto, AVC ou isquemia de membros.

2. A trombose tem cura?

Sim, com diagnóstico precoce e anticoagulação adequada. O tratamento costuma durar de 3 a 6 meses (ou mais, conforme o caso). Acompanhamento médico e prevenção reduzem recidivas.

3. A trombose pode voltar depois do tratamento?

Sim. Quem já teve TVP tem risco maior de novos episódios. Meias elásticas, controle de peso, hidratação e atividade física ajudam a reduzir a recorrência.

4. Como é feito o diagnóstico da trombose?

É clínico e confirmado por imagem. O principal exame é a ultrassonografia com doppler venoso. Em casos complexos, podem ser solicitados exames laboratoriais e tomografia.

5. A trombose pode acontecer em qualquer parte do corpo?

É mais comum nas veias profundas das pernas, mas pode ocorrer em braços, abdômen, cérebro e coração. Sintomas persistentes e atípicos devem ser investigados.

6. Existe relação entre trombose e obesidade?

Sim. A obesidade aumenta a pressão nas veias das pernas, dificulta o retorno venoso e altera fatores de coagulação. Manter peso saudável, praticar exercícios e ajustar a alimentação reduz o risco e melhora a saúde cardiovascular.

Leia também: Qual a relação entre varizes e dor nas pernas?

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Escrito por Dr. Marcelo Bellini Dalio

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