DOENÇAS & CONDIÇÕES
Tratamento para mioma uterino: opções não cirúrgicas
Descubra as principais opções de tratamento para mioma uterino sem cirurgia. Saiba como funcionam os anticoncepcionais, a embolização e os cuidados

Dra. Andreia Sapienza
5min • 22 de ago. de 2025

A mulher que descobre um mioma uterino em algum exame de rotina e não sabe bem o que é pode imaginar algo assustador. Mas calma: eles são tumores benignos que podem ser tratados de várias formas, e nem sempre a cirurgia é necessária.
Para entender melhor o assunto, conversamos com a ginecologista e obstetra Andreia Sapienza, que explicou como funcionam os tratamentos clínicos e quais as opções para quem quer evitar o centro cirúrgico.
O que são miomas e quais sintomas causam?
Os miomas são tumorações benignas, nódulos bem enrijecidos que são compostos de células musculares da camada muscular do útero, explica a ginecologista. “Ninguém sabe muito bem por que eles se formam, mas existe uma tendência genética, e a prevalência é maior em mulheres negras”.
Eles podem crescer em ritmos diferentes, e isso depende da presença de receptores hormonais no mioma. “Quando têm menos receptores, costumam ficar menores”, explica a médica.
Principais sintomas de miomas
- Sangramento uterino anormal: fluxo menstrual mais intenso, cólicas fortes e menstruação prolongada.
- Compressão pélvica: quando o útero cresce e pressiona órgãos vizinhos, como bexiga e intestino. Isso pode causar dor e desconforto.
“Em casos raros, os miomas degeneram ou crescem a ponto de causar necrose. A necrose é caracterizada por muita dor, sendo uma urgência ginecológica que precisa ser resolvida rápido. Mas isso é bem menos comum”, diz a médica.
Quando é preciso tratar?
Apesar de serem benignos, os miomas precisam de acompanhamento médico. O tratamento pode ser clínico ou cirúrgico, dependendo do caso.
A cirurgia é indicada quando:
- O sangramento é tão intenso que não melhora com tratamentos clínicos;
- O útero está muito aumentado e comprimindo outros órgãos;
- A dor é constante e limitante.
Antes disso, porém, há várias formas de controle sem precisar encarar o bisturi.
Tratamentos clínicos para miomas
Quando a escolha é pelo tratamento não cirúrgico, o objetivo principal costuma ser controlar o sangramento.
“A grande maioria vai ter como sintoma o aumento do sangramento genital. Então, temos algumas opções. Podemos bloquear o sangramento com contraceptivos hormonais, e há várias opções de pílulas”, explica a médica.
- Pílula só de progesterona;
- Pílula combinada de estrogênio e progesterona;
- Implantes hormonais.
O DIU hormonal nem sempre funciona bem. “O DIU é menos indicado, porque muitas vezes o mioma altera a cavidade interna do útero, e o dispositivo pode não ficar bem colocado”, comenta a especialista.
Outro ponto é tratar a anemia causada pelo excesso de sangramento. Mas isso só resolve se o fluxo for controlado. “É preciso ‘fechar a torneirinha’. Nunca vamos conseguir manter a hemoglobina e o ferro bons se a mulher não parar de sangrar”.
Além disso, quando há dor associada, entram em cena analgésicos e estratégias de controle. Se o quadro avança, a cirurgia passa a ser discutida.
Embolização: uma alternativa menos invasiva
Existe também a chamada embolização dos miomas, um procedimento realizado por um radiologista intervencionista.
“O médico entra por um vaso da perna (artéria femoral) e vai até a artéria uterina e faz a embolização, ou seja, fecha o vaso que nutre o mioma”, explica a ginecologista.
Sem sangue, o mioma tende a reduzir ou até desaparecer. É uma boa opção para quem não quer cirurgia, mas há ressalvas:
- Nem todos os miomas respondem bem;
- Existe risco de necrose uterina, o que pode levar à necessidade de retirar o útero, ou seja, não é uma opção boa para quem quer engravidar.
E a fertilidade de quem tem mioma, como fica?
Miomas podem ou não atrapalhar uma gravidez, e isso depende do tamanho e da localização deles. “Se distorcem internamente o endométrio, atrapalham a implantação do embrião. Alguns ficam perto das tubas uterinas e podem obstruir a passagem do espermatozoide”, explica a médica.
Há três tipos de miomas, sendo que cada um pode causar um impacto:
- Submucosos: mais problemáticos, aumentam o sangramento e podem dificultar a gravidez. Eles ficam na parte interna do útero;
- Intramurais: o impacto varia conforme o tamanho. Miomas muito grandes podem causar problemas. Eles se localizam na parede muscular do útero;
- Subserosos: crescem para fora do útero, costumam dar menos sintomas e raramente prejudicam a fertilidade.
O tratamento para mioma uterino vai muito além da cirurgia. Há opções de medicamentos, implantes hormonais, embolização e até estratégias combinadas para controlar sangramento e dor. O mais importante é conversar com um ginecologista e avaliar qual é a melhor alternativa para cada caso.
Perguntas Frequentes sobre mioma uterino e tratamentos
1. Mioma sempre precisa de cirurgia?
Não. Muitos casos podem ser controlados com tratamento clínico, como anticoncepcionais hormonais ou embolização.
2. O DIU pode ser usado em quem tem mioma?
Depende. Se o mioma alterar muito a cavidade uterina, o DIU pode não se fixar corretamente.
3. Miomas podem virar câncer?
Não. São tumores benignos. Em raríssimos casos, podem sofrer degeneração, mas não se transformam em câncer.
4. A embolização substitui a cirurgia?
Para algumas mulheres, sim. Mas há risco de complicações e não é indicada para quem deseja engravidar.
5. O mioma sempre causa sintomas?
Não. Alguns passam despercebidos e só são descobertos em exames de rotina.
6. Quem tem mioma pode engravidar?
Pode, apenas em alguns casos os miomas podem dificultar a gestação, dependendo do tamanho e da localização.
7. O mioma pode voltar depois do tratamento clínico?
Sim. Enquanto o útero for preservado, novos miomas podem aparecer.