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Torção testicular: o que é, sintomas, tratamentos e como evitar

A torção testicular pode acontecer em qualquer idade, mas é mais comum entre os 12 e 25 anos de idade

Dra. Veridiana Andrioli

Dra. Veridiana Andrioli

5min • 8 de out. de 2025

Torção testicular: o que é, sintomas, tratamentos e como evitar

Dor intensa e súbita na região genital ou abdominal, inchaço, vermelhidão escrotal e náuseas são alguns dos principais sinais que podem indicar uma torção testicular, uma emergência médica que afeta especialmente crianças e adolescentes.

O quadro ocorre quando o testículo gira em torno do próprio eixo, interrompendo o fluxo de sangue. A obstrução rápida pode comprometer o tecido testicular em poucas horas — trazendo risco de perda permanente do órgão caso o atendimento médico não seja imediato.

Mas afinal, por que a torção acontece e o que fazer? Consultamos a urologista pediatra Veridiana Andrioli para esclarecer as principais dúvidas sobre o quadro.

O que é torção testicular?

A torção testicular acontece quando o cordão espermático, que é o conjunto de vasos sanguíneos, nervos e canais que nutrem e sustentam o testículo, gira sobre o próprio eixo. O movimento interrompe o fluxo sanguíneo para o testículo, causando um quadro chamado isquemia.

Quando o testículo não recebe sangue suficiente, ele começa a sofrer danos em poucos minutos. Se não houver tratamento rápido, ele pode necrosar e precisar ser removido.

Por isso, a torção é considerada uma emergência médica, uma vez que o tempo é o fator mais determinante para a preservação do órgão. Quanto mais cedo o paciente receber atendimento, maiores as chances de salvar o testículo.

Quais os sintomas da torção testicular?

Os sintomas da torção testicular podem variar conforme a idade, mas normalmente surgem de forma intensa e súbita. Os principais sinais incluem:

  • Dor forte e repentina no testículo ou na bolsa escrotal;
  • Inchaço e vermelhidão na região;
  • Náuseas e vômitos; especialmente em crianças menores, onde os sintomas podem ser menos específicos;
  • Testículo em posição mais alta ou horizontal em relação ao outro.

“Na criança pequena, os sintomas podem ser menos específicos, como a criança ficar chorosa, dizer que está com dor na barriga, náuseas, vômitos. Por isso, se o menino estiver muito choroso e reclamar de dor, sempre é prudente olhar a região genital e procurar por alterações”, explica Veridiana.

É importante que os pais observem atentamente pois, muitas vezes, a criança ou o adolescente pode se sentir constrangido em relatar desconforto na região genital, o que atrasa o diagnóstico.

Existe uma faixa etária em que o risco é maior?

De acordo com Veridiana, a torção testicular pode acontecer em qualquer momento da vida, inclusive ainda no útero materno (torção intrauterina) ou em idosos. No entanto, existe um pico de incidência entre os 12 e 25 anos de idade, período em que há maior estímulo hormonal e desenvolvimento.

Mesmo assim, vale ressaltar que todo menino, em qualquer idade, pode ter torção testicular. Pais de crianças pequenas devem ficar atentos a sinais inespecíficos, enquanto adolescentes precisam ser orientados sobre a importância de relatar imediatamente qualquer dor ou alteração na região íntima.

Quando procurar ajuda médica?

Ao notar os sintomas de torção testicular, é importante levar a criança ou adolescente o mais rápido possível ao hospital.

“A torção de testículo é uma urgência, e o principal fator de prognóstico, ou seja, que traz melhores chances de preservarmos o testículo, é o tempo. Quanto mais rápido for diagnosticado e mais rápido operado, maiores as chances de recuperação e preservação”, aponta Veridiana.

Diagnóstico de torção testicular

O diagnóstico geralmente é clínico, ou seja, baseado nos sintomas relatados e no exame físico realizado pelo médico. Na avaliação, o médico observa:

  • Alterações na posição do testículo;
  • Sensibilidade intensa ao toque;
  • Inchaço e coloração da bolsa escrotal.

Em casos de dúvida, pode ser solicitado um ultrassom Doppler testicular, exame que avalia o fluxo sanguíneo. No entanto, o mais importante é que o exame não atrase a cirurgia caso a suspeita de torção seja alta.

Como é feito o tratamento de torção testicular?

O tratamento da torção testicular é cirúrgico e deve ser feito o mais rápido possível. Na cirurgia, o médico abre a bolsa escrotal, distorce o cordão espermático e avalia se o testículo voltou a receber sangue.

  • Se o testículo estiver viável, ele é fixado à parede interna da bolsa (orquidopexia) para evitar novas torções;
  • Se não houver recuperação da circulação, é necessário removê-lo (orquiectomia).

Em alguns casos, o especialista pode tentar a distorção manual ainda no pronto-socorro, mas mesmo quando funciona, a cirurgia é sempre indicada imediatamente depois.

Além disso, os médicos costumam fixar também o outro testículo durante a mesma cirurgia. Isso acontece porque a anatomia que favorece a torção costuma estar presente em ambos os lados, aumentando o risco de novos episódios. Dessa forma, a cirurgia atua não apenas como tratamento, mas também como prevenção de futuras torções.

A torção testicular pode trazer consequências para a fertilidade no futuro?

A perda de um testículo não irá interferir na produção de hormônios ou no desenvolvimento dos caracteres sexuais secundários, como pelos, barba e desenvolvimento dos órgãos.

No entanto, Veridiana explica que a ausência de um dos testículos pode reduzir a produção total de espermatozoides. Se associada a outros fatores, pode dificultar a paternidade no futuro — então a preservação do testículo sempre é prioridade na cirurgia.

Como prevenir a torção testicular?

Não existem medidas preventivas absolutas, já que a torção testicular pode ocorrer de forma espontânea. Porém, algumas ações podem reduzir riscos e melhorar a chance de diagnóstico precoce, como:

  • Educar adolescentes para não ignorarem dores testiculares;
  • Estimular a comunicação aberta sobre saúde íntima entre pais e filhos;
  • Explicar sinais de alerta: dor intensa, inchaço, náuseas;
  • Levar imediatamente ao pronto-socorro diante de qualquer suspeita.

A torção testicular pode matar?

A torção testicular em si não leva à morte, mas é uma emergência médica grave porque pode causar a perda do testículo em poucas horas. O risco maior está na necrose do tecido por falta de sangue, o que pode exigir a retirada do testículo.

Veja mais: Desfralde diurno: saiba a idade ideal para a criança controlar o xixi e quando procurar ajuda

Perguntas frequentes sobre torção testicular

A torção testicular pode acontecer em qualquer idade?

Sim. Apesar de ser mais comum em adolescentes e jovens adultos, entre 12 e 25 anos, a torção pode ocorrer em qualquer fase da vida — inclusive em bebês ainda no útero ou em homens mais velhos. O risco maior nessa faixa etária está relacionado ao crescimento rápido e a algumas características anatômicas.

Como é feita a cirurgia para tratar a torção testicular?

A cirurgia para tratar a torção testicular é chamada orquidopexia e deve ser realizada com urgência para preservar o testículo. O procedimento é feito sob anestesia, geralmente geral ou regional, e consiste em realizar uma pequena incisão na bolsa escrotal para desenrolar o testículo torcido — restabelecendo o fluxo sanguíneo.

Após isso, o cirurgião fixa o testículo na parede interna do escroto com pontos, evitando que novas torções aconteçam. Na maioria dos casos, o outro testículo também é fixado preventivamente.

A torção testicular pode acontecer de novo?

Pode acontecer mesmo após correções cirúrgicas. A fixação testicular diminui o risco de uma outra torção, mas ainda assim ela pode ocorrer. A orquidopexia reduz significativamente a chance de recorrência.

Como diferenciar a torção testicular de outras dores nos testículos?

A dor da torção é súbita, intensa e geralmente acompanhada de inchaço e náuseas. Outras condições, como infecções (orquite ou epididimite), traumas ou hérnias, também podem causar dor, mas costumam ter evolução mais lenta. Como só um médico pode diferenciar com segurança, qualquer dor forte no testículo deve ser considerada uma emergência.

Quem já teve torção testicular pode ter filhos no futuro?

Sim, na maioria das vezes. Mesmo após a perda de um testículo, o outro geralmente é capaz de produzir espermatozoides suficientes para a fertilização. Em alguns homens, a quantidade de espermatozoides pode ser menor; exames específicos podem ser indicados em casos de dificuldade para engravidar a parceira.

É possível ter torção nos dois testículos ao mesmo tempo?

Sim, mas é bastante raro. A torção bilateral é ainda mais grave por colocar em risco a fertilidade. Por isso, durante a cirurgia, os médicos sempre aproveitam para fixar os dois testículos, reduzindo as chances de novos episódios.

Existe alguma posição ou movimento que favorece a torção testicular?

A torção pode acontecer durante atividades físicas, movimentos bruscos ou até mesmo durante o sono, sem nenhum esforço específico. Não existe uma posição única que provoque o problema, mas pessoas com predisposição anatômica podem ter maior risco em situações de impacto ou movimento intenso da região.

Leia também: Fimose em crianças: quando é normal e quando a cirurgia é necessária

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Foto de Dra. Veridiana Andrioli

Escrito por Dra. Veridiana Andrioli

Sobre

Urologista e professora assistente do Departamento de Urologia Pediátrica da Sociedade Brasileira de Urologia. Anteriormente, atuou no Departamento de Saúde do Adolescente da mesma instituição. Graduada em Medicina pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), realizou residência em Cirurgia Geral e Urologia na própria universidade. Posteriormente, fez fellowship em Urologia Pediátrica na Universidade de Ottawa, em Ontário, Canadá. É doutora em Urologia pela UNIFESP e revisora de artigos científicos do Journal of Pediatric Urology. Além disso, publicou diversos artigos científicos e capítulos de livros na área de Urologia Pediátrica.

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Urologia e Urologia Pediátrica e Adolescente - CRM/ SP 133.893 

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