SAÚDE MENTAL & EMOCIONAL
TOC não é só mania de limpeza: veja os sintomas reais do transtorno
Lavar as mãos dezenas de vezes ao dia, checar portas repetidamente ou ter rituais mentais exaustivos: saiba por que o TOC vai muito além da organização

Dr. Luiz Dieckmann
5min • 2 de out. de 2025

Quando você escuta alguém dizer “acho que tenho TOC porque gosto de tudo limpinho”, provavelmente essa pessoa está usando a expressão de forma equivocada. O Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC) é um problema de saúde mental sério, que gera sofrimento intenso e vai muito além da busca por organização.
A neurologista Paula Dieckmann explica que TOC não é apenas gostar de tudo limpinho e organizado. “Muitas vezes as pessoas sabem que os comportamentos não fazem sentido algum, mas elas não conseguem parar”, conta.
O que é TOC?
O TOC é um transtorno psiquiátrico caracterizado por obsessões (pensamentos recorrentes, indesejados e intrusivos) e compulsões (rituais ou comportamentos repetitivos que a pessoa sente que precisa realizar).
Embora as compulsões tragam um alívio temporário, logo toda aquela ansiedade retorna e gera um ciclo difícil de interromper. Esse transtorno afeta o dia a dia, os relacionamentos e a qualidade de vida da pessoa.
Exemplos de rituais do TOC
A neurologista explica que nem sempre o TOC se apresenta da mesma forma. Os rituais e pensamentos obsessivos variam de pessoa para pessoa, mas alguns exemplos são comuns:
- Verificação exagerada: checar se a porta está trancada 10, 20 ou até 50 vezes;
- Lavagem compulsiva: lavar as mãos repetidamente, muito além do necessário, por medo de contaminação;
- Contagem e simetria: tocar ou contar objetos em ordem específica;
- Rituais mentais: repetir frases ou pensamentos para evitar que algo ruim aconteça.
O psiquiatra Luiz Dieckmann reforça que os conteúdos das obsessões podem variar.
“Podem ser sobre infecção, simetria, medo de agir e machucar alguém ou a si mesmo. Mas o ponto central é que tudo isso gera sofrimento importante para a pessoa”.
TOC não é exagero
Chamar o TOC de “mania” ou “exagero” é não reconhecer a gravidade do problema.
“TOC não é exagero, nem mania de organização. É um transtorno que gera sofrimento real, com pensamentos obsessivos e comportamentos compulsivos difíceis de controlar”, explica a neurologista.
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Tratamento do TOC
A boa notícia é que o TOC tem tratamento. As abordagens geralmente são:
- Psicoterapia, especialmente a terapia cognitivo-comportamental (TCC), que ajuda a reduzir obsessões e compulsões;
- Remédios, como antidepressivos específicos, que podem equilibrar neurotransmissores e ajudar nas obsessões e compulsões;
- Apoio familiar e social, fundamentais para acolher a pessoa e ajudar no processo de recuperação.
Falar sobre o TOC é essencial para quebrar preconceitos e encorajar quem sofre a procurar ajuda. Quanto mais cedo o diagnóstico, menor é o sofrimento.
Assista ao vídeo em que os especialistas contam mais sobre a condição: ver no Instagram
Perguntas frequentes sobre TOC
1. TOC é o mesmo que mania de limpeza?
Não. O TOC pode até envolver comportamentos ligados à limpeza, mas é muito mais amplo. Envolve obsessões e compulsões que geram sofrimento e atrapalham a vida.
2. Quem tem TOC percebe que algo está errado?
Na maioria das vezes, sim. Muitas pessoas sabem que seus rituais são irracionais, mas não conseguem parar de repeti-los.
3. O TOC tem cura?
Não se fala em cura definitiva, mas o tratamento pode reduzir drasticamente os sintomas e melhorar muito a qualidade de vida.
4. Crianças também podem ter TOC?
Sim. O transtorno pode aparecer ainda na infância ou adolescência, e deve ser tratado desde cedo.
5. O TOC é comum?
Estima-se que entre 1% e 3% da população tenha TOC em algum momento da vida.
6. O que acontece se o TOC não for tratado?
Sem tratamento, os sintomas tendem a se agravar, causando maior sofrimento, prejuízo social, profissional e emocional.
7. Quando procurar ajuda médica?
Se obsessões e compulsões estão ocupando muito tempo do seu dia ou causando sofrimento intenso, é hora de buscar atendimento com um psiquiatra ou psicólogo.
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