DOENÇAS & CONDIÇÕES
Tipos de sinusite: veja as diferenças entre viral, bacteriana e fúngica
Enquanto algumas crises de sinusite são passageiras e se resolvem sozinhas, outras exigem tratamento específico para evitar complicações.

Dr. Giuliano Bongiovanni
5min • 22 de set. de 2025

Você conhece os diferentes tipos de sinusite? A condição, que ocorre por uma inflamação da mucosa dos seios da face, pode provocar sintomas que afetam diferentemente o bem-estar no dia a dia, como nariz entupido, dor ou pressão na região da face, secreção espessa e dor de cabeça.
Ela pode ser causada por uma série de fatores, como vírus, bactérias e até fungos — cada uma com particularidades, tempo de duração e formas específicas de tratamento. Por isso, é importante entender as diferenças, reconhecer os sintomas e saber quando procurar ajuda médica. Esclarecemos tudo para você, a seguir!
1. Sinusite viral
A sinusite viral é um dos tipos de sinusite e é a forma mais comum. Na maioria dos casos, surge como uma complicação passageira de um resfriado. Ela ocorre quando vírus típicos de infecções respiratórias, como o rinovírus e a Influenza, atingem a mucosa dos seios paranasais, causando inflamação e produção excessiva de muco.
De acordo com o médico otorrinolaringologista Giuliano Bongiovanni, a evolução típica inclui piora nos primeiros três dias, com melhora gradual e resolução em um período de 7 a 10 dias. Os sintomas incluem:
- Coriza clara ou aquosa no início, que pode se tornar amarelada nos dias seguintes;
- Congestão nasal moderada;
- Sensação de pressão na face, mas sem dor intensa;
- Dor de garganta leve e mal-estar;
- Febre baixa, quando presente;
- Tosse seca ou com pouco muco, pior durante a noite.
Como é feito o tratamento de sinusite viral?
O tratamento de sinusite viral é feito para aliviar os sintomas e, em geral, a condição desaparece sozinha após alguns dias. Entre as medidas indicadas, estão:
- Lavagem nasal com soro fisiológico várias vezes ao dia, para fluidificar o muco e facilitar a drenagem;
- Inalação com vapor de água ou soluções salinas, que ajudam a reduzir a congestão;
- Repouso e boa hidratação, fundamentais para o corpo se recuperar;
- Analgésicos e antitérmicos, como paracetamol e dipirona, para dor e febre;
- Descongestionantes nasais tópicos, usados com cautela e por no máximo 3 dias, para evitar efeito rebote.
Se os sintomas persistirem por mais de 10 dias ou piorarem após uma melhora inicial, pode haver evolução para uma sinusite bacteriana, que requer acompanhamento médico.
Sinusite bacteriana
A sinusite bacteriana é um dos tipos de sinusite e frequentemente surge como uma complicação de infecções virais, como o resfriado. A inflamação da mucosa e o acúmulo de secreções cria um ambiente quente e úmido, propício à proliferação de bactérias — resultando em um quadro mais prolongado e com sintomas mais intensos.
Segundo Giuliano, a sinusite pode se manifestar com piora dos sintomas após a melhora inicial, ou com sintomas persistentes por mais de duas semanas. Entre os principais sinais de alerta da sinusite bacteriana, podemos destacar:
- Sintomas que duram mais de 10 dias sem melhora;
- Febre alta, geralmente acima de 38 °C;
- Dor intensa e localizada na face, muitas vezes em apenas um lado;
- Secreção nasal abundante, espessa e com odor desagradável;
- Tosse persistente, principalmente à noite.
As bactérias mais frequentemente envolvidas são Streptococcus pneumoniae, Haemophilus influenzae e Moraxella catarrhalis. Em alguns casos, especialmente após infecções dentárias, podem estar presentes bactérias anaeróbias (isto é, que sobrevivem e se multiplicam na ausência de oxigênio).
Como é feito o tratamento da sinusite bacteriana?
Os cuidados no tratamento de sinusite bacteriana são semelhantes aos da viral, mas nesse quadro, é necessário o uso de remédios antibióticos para combater a infecção. As principais medidas incluem:
- Lavagem nasal com soro fisiológico;
- Uso de analgésicos e anti-inflamatórios para controle da dor;
- Corticoides tópicos nasais para reduzir inflamação e melhorar a ventilação.
Quanto aos antibióticos, a escolha mais comum é a amoxicilina, utilizada por 7 a 14 dias, dependendo da gravidade. Em pacientes com alergia à penicilina, podem ser prescritos outros medicamentos.
É fundamental destacar que o uso inadequado de antibióticos favorece a resistência bacteriana. Por isso, a prescrição deve ser feita somente por médicos, após uma avaliação criteriosa.
Sinusite fúngica
Forma mais rara da sinusite, acontece quando fungos conseguem crescer e se desenvolver nos seios paranasais, e são classificados em quadros crônicos. Ela pode afetar qualquer pessoa, mas aquelas com o sistema imunológico comprometido são mais suscetíveis a quadros graves — como é o caso de pessoas imunossuprimidas.
Dependendo do caso, a sinusite fúngica pode se apresentar de três formas principais:
- Bola fúngica (aspergiloma): é o crescimento localizado de fungos dentro de um seio paranasal;
- Sinusite fúngica alérgica: é a reação exagerada do sistema imunológico à presença de fungos, com formação de pólipos nasais e secreção viscosa;
- Sinusite fúngica invasiva (mucormicose): é a forma mais grave, em que o fungo invade tecidos vizinhos, podendo atingir olhos e cérebro.
O otorrinolaringologista Giuliano ressalta que os fungos estão presentes no nariz da maioria das pessoas, mas nem todos desenvolvem a doença. A predisposição genética também desempenha um papel importante.
Entre os sintomas mais comuns da sinusite fúngica, estão:
- Congestão nasal persistente;
- Secreção espessa, por vezes com sangue;
- Dor e pressão facial constante;
- Inchaço ao redor dos olhos;
- Febre e sinais sistêmicos nos casos invasivos;
- Alterações visuais, quando o fungo atinge a órbita ocular.
Como é feito o tratamento de sinusite fúngica?
O tratamento de sinusite fúngica depende do tipo:
- Nos casos de bola fúngica, a principal medida é a cirurgia endoscópica, para remover o material fúngico e melhorar a drenagem;
- Na sinusite fúngica alérgica, além da cirurgia, são usados corticoides para controlar a inflamação;
- Já na forma invasiva, o tratamento é emergencial e inclui cirurgia associada a remédios antifúngicos potentes, como anfotericina B.
Se não tratada rapidamente, a sinusite fúngica pode ser fatal, então é fundamental estar atento aos sinais de alerta, que ajudam no diagnóstico precoce.
Leia também: Asma infantil: sintomas, diagnóstico e tratamento
Quando a sinusite é grave?
Na maioria dos casos, a sinusite se manifesta de forma leve e autolimitada, e o quadro se resolve a partir de cuidados simples. Contudo, existem situações em que a condição causa sintomas intensos e persistentes, o que exige atendimento médico.
De acordo com Giuliano, as complicações da sinusite incluem complicações intracranianas, como meningite e abscessos cerebrais, complicações ósseas, como osteomielite, e complicações orbitárias, que podem variar de inflamações nas pálpebras a abscessos orbitários, com potencial de comprometer a visão.
Quando procurar ajuda médica?
Procure atendimento médico quando notar os seguintes sinais de alerta:
- Os sintomas duram mais de 10 dias sem melhora;
- Há febre alta ou dor intensa na face;
- Os sintomas pioram após uma melhora inicial;
- O problema se repete várias vezes ao ano;
- O paciente tem condições crônicas, como asma, diabetes ou imunodeficiência.
O diagnóstico da sinusite é clínico, baseado em um exame físico e nos sintomas que a pessoa apresenta. O médico ainda pode solicitar exames complementares em alguns casos, quando ainda há dúvida quanto ao diagnóstico.
Perguntas frequentes sobre tipos de sinusite
1. Sinusite pode causar dor de dente?
Sim. Quando a sinusite atinge os seios da face, principalmente os maxilares, que ficam logo acima dos dentes de cima, a inflamação pode gerar pressão e causar dor que se confunde com dor de dente.
Por isso, nem sempre a dor vem de um problema no dente em si, e pode ser reflexo de um quadro de sinusite. Ah, e o contrário também acontece: uma infecção dentária pode se espalhar e provocar sinusite.
2. Descongestionantes nasais são perigosos?
Os descongestionantes nasais podem ajudar no alívio rápido da congestão, mas não devem ser usados por tempo prolongado, pois podem causar efeito rebote. Isso significa que, em vez de melhorar, a mucosa passa a inchar ainda mais quando o remédio é interrompido, criando dependência do medicamento.
Por isso, o uso deve ser sempre orientado por médico, e preferencialmente substituído por medidas mais seguras, como lavagem nasal com soro fisiológico.
3. A sinusite pode voltar várias vezes ao ano?
Sim. O quadro é chamado de sinusite recorrente, quando a pessoa apresenta quatro ou mais episódios de sinusite aguda em um período de 12 meses. Isso pode estar relacionado a fatores predisponentes, como alergias mal controladas, desvio de septo, pólipos nasais ou imunidade baixa.
Nessas situações, o otorrinolaringologista pode recomendar exames complementares, tratamento preventivo ou até cirurgia para corrigir alterações anatômicas que dificultam a drenagem dos seios.
4. Qual é a diferença entre sinusite aguda, subaguda, crônica e recorrente?
A principal diferença está na duração do quadro:
- Aguda dura até 4 semanas e está frequentemente ligada a infecções virais que se resolvem espontaneamente;
- Subaguda é a continuação de um quadro que não foi totalmente resolvido, com duração entre 4 e 12 semanas;
- Crônica é definida quando os sintomas persistem por mais de 12 semanas, mesmo após tratamento adequado;
- Recorrente ocorre quando o paciente apresenta pelo menos quatro episódios agudos por ano, com intervalos de melhora completa entre as crises.
5. Quando a cirurgia é indicada no tratamento da sinusite?
A cirurgia, geralmente feita por via endoscópica, é indicada quando o tratamento clínico não é suficiente, em casos de sinusite crônica grave, sinusite fúngica ou quando há complicações, como abscessos.
O procedimento é feito para melhorar a drenagem dos seios, remover pólipos e permitir ventilação adequada. Contudo, a cirurgia não impede que novas crises aconteçam se os fatores de risco não forem controlados.
6. Sinusite tem cura?
A sinusite crônica dificilmente tem cura, mas pode ser controlada a partir de um tratamento orientado pelo especialista. Ele depende especialmente da causa principal: quando há alterações estruturais, como desvio de septo ou presença de pólipos, pode ser indicada uma cirurgia para corrigir a obstrução.
Já nos casos ligados a alergias ou inflamações persistentes, o tratamento inclui o uso de remédios específicos, lavagens nasais frequentes e acompanhamento médico contínuo. Ele contribui para reduzir as crises, aliviar os sintomas e proporcionar mais qualidade de vida ao paciente.
Leia também: Sinusite: o que é, causas, sintomas e como tratar