SINAIS & SINTOMAS
Teste de ovulação: saiba como identificar o período fértil com mais precisão
Entenda como funcionam os testes, o que realmente medem e como usá-los para aumentar a eficácia

Dra. Andreia Sapienza
5min • 5 de out. de 2025

Para mulheres que desejam engravidar, reconhecer o período fértil pode ser decisivo. Embora existam sinais físicos que indicam a ovulação, como a mudança do muco cervical e a dor no baixo ventre, muitas mulheres buscam métodos mais objetivos. É aí que entram os testes de ovulação, vendidos em farmácias e cada vez mais populares.
Mas até que ponto esses testes são confiáveis? Eles garantem que a ovulação realmente aconteceu? Para esclarecer essas dúvidas, conversamos com a ginecologista e obstetra Andreia Sapienza, que explicou como funcionam os testes de ovulação, quando usá-los e quais são suas limitações.
Como os testes de ovulação funcionam
O funcionamento desses testes está diretamente ligado ao hormônio luteinizante (LH). Esse hormônio é responsável por desencadear a ovulação, promovendo o rompimento do folículo que libera o óvulo.
“O LH faz um pico bem no momento da ovulação. Ele faz o folículo estourar e empurrar o óvulo para dentro da tuba. Então, quando o LH aumenta subitamente no sangue, é o momento em que é muito provável de ocorrer a ovulação”, explica Andreia.
É importante reforçar: o teste não mede a ovulação em si, mas a subida do LH. “O LH é um bom preditor, aquele que prevê um evento, mas ele não é certeza do evento. Por exemplo, na síndrome dos ovários policísticos, o LH pode estar muito alto, mas a ovulação não vai ocorrer porque o folículo não consegue se romper”.
Ou seja, os testes de ovulação ajudam a identificar o período fértil, mas não confirmam com 100% de precisão que houve liberação do óvulo.
O que significa o resultado positivo no teste
Quando o teste detecta a elevação do LH, indica que a ovulação deve ocorrer em até 24 a 36 horas. É por isso que os especialistas recomendam que as relações sexuais nesse período aumentem as chances de gravidez.
Segundo Andreia, a janela fértil é relativamente curta: “O ideal é considerar 48 horas antes e 48 horas depois da ovulação. Isso porque o espermatozoide permanece viável por até dois dias dentro do trato reprodutivo, e o óvulo também se mantém viável por até dois dias depois de liberado”.
Assim, relações sexuais nesse intervalo — dois dias antes até dois dias depois do pico de LH — oferecem maior probabilidade de concepção.
Como usar os testes de ovulação corretamente
Os testes de farmácia são semelhantes aos de gravidez: utilizam a urina como amostra. O ideal é usá-los em dias próximos ao meio do ciclo, de acordo com o padrão de cada mulher, e manter consistência no horário.
“Não é proibido fazer em outro momento, mas é importante manter regularidade, mais ou menos no mesmo horário todos os dias. Pela manhã costuma ser melhor, porque a urina está mais concentrada e tende a capturar o hormônio de forma mais evidente”, recomenda Andreia.
Dicas para melhor uso:
- Escolher um período fixo do dia (preferencialmente manhã);
- Evitar excesso de líquidos antes do teste para não diluir a urina;
- Fazer o acompanhamento por alguns dias seguidos para perceber a curva de aumento do LH.
Ou seja, os testes de ovulação funcionam como uma ferramenta prática para identificar o período fértil, mas exigem disciplina no uso para que sejam realmente eficazes.
Alternativas aos testes de farmácia
Embora práticos, os testes de ovulação não são a única forma de monitorar a ovulação. Outras estratégias incluem:
- Acompanhamento do ciclo em aplicativos: ajuda a estimar o período fértil com base na duração do ciclo, embora não substitua sinais clínicos;
- Temperatura basal: pequenas elevações (entre 0,5 e 2 graus) indicam que o pico de LH ocorreu recentemente. “É uma forma relativamente fácil: a paciente anota diariamente, e quando há esse aumento, é provável que tenha tido o pico do LH”, diz Andreia;
- Ultrassonografia transvaginal seriada: mostra o crescimento do folículo e confirma a ovulação quando ele desaparece e dá lugar ao corpo lúteo. “Esse é o método mais preciso, porque consigo acompanhar a transformação do folículo em imagem”, afirma a médica;
- Exames de sangue para LH: fornecem valores exatos do hormônio, mas são usados em contextos clínicos específicos.
Enquanto aplicativos e temperatura basal podem ser usados em casa, métodos como a ultrassonografia transvaginal e exames de sangue oferecem maior exatidão, mas geralmente são aplicados em contextos clínicos. A escolha depende do objetivo da mulher.
Em quais situações o monitoramento é mais indicado
Para mulheres sem dificuldades reprodutivas, ter relações sexuais frequentes já é suficiente e o monitoramento não é necessário. “Se você tiver relações de duas a três vezes por semana, muito provavelmente vai cair na janela de ovulação. Não é obrigatório acompanhar o LH”, explica Andreia.
No entanto, o monitoramento detalhado pode ser útil em casos de:
- Tentativas de engravidar sem sucesso após meses de relações regulares;
- Ciclos irregulares, em que é difícil prever o período fértil;
- Preparação para técnicas de reprodução assistida, como coito programado, inseminação artificial e fertilização in vitro.
O monitoramento da ovulação não é indispensável para todas as mulheres, mas pode fazer diferença em situações específicas.
Reprodução assistida: papel do acompanhamento da ovulação
Nos tratamentos de fertilidade, identificar o momento exato da ovulação é muito importante. Isso pode ser feito com ultrassonografias diárias durante o período fértil.
“Você reconhece pelo ultrassom qual é o folículo dominante, aquele que vai romper. Em um dia você vê o folículo, no outro não vê mais — aparece o corpo lúteo. Isso mostra que houve ovulação”, detalha a ginecologista.
Esse acompanhamento é utilizado em diferentes protocolos de reprodução assistida:
- Coito programado: relações sexuais orientadas para dias específicos de acordo com o período de ovulação;
- Inseminação intrauterina: o sêmen é coletado e introduzido diretamente no útero;
- Fertilização in vitro (FIV): os óvulos são coletados após estimulação ovariana e fecundados em laboratório, sendo depois transferidos ao útero.
Limitações e cuidados com os testes de ovulação
Apesar de úteis, os testes de ovulação não devem ser interpretados isoladamente. Doenças como a síndrome dos ovários policísticos podem alterar os níveis de LH e gerar resultados falsamente positivos. Além disso, nem sempre o aumento do LH significa que a ovulação aconteceu.
O teste sinaliza a possibilidade, mas a confirmação exige outros métodos, como ultrassonografia.
Ou seja, os testes de ovulação são aliados importantes para mulheres que desejam engravidar, mas não substituem completamente a avaliação clínica. Para quem enfrenta dificuldades reprodutivas ou se prepara para tratamentos de fertilidade, o acompanhamento detalhado pode ser decisivo.
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Perguntas e respostas sobre testes de ovulação
1. O que os testes de ovulação realmente medem?
Eles detectam o aumento do hormônio luteinizante (LH) na urina, que antecede a ovulação. O teste indica que o corpo está se preparando para liberar o óvulo, mas não garante com 100% de certeza que a ovulação aconteceu.
2. Quando é o melhor momento para usar os testes de ovulação?
O ideal é fazer próximo ao meio do ciclo menstrual, de acordo com a duração do ciclo de cada mulher. A recomendação é usar sempre no mesmo horário, preferencialmente pela manhã, quando a urina está mais concentrada.
3. O que significa um resultado positivo?
Um teste positivo indica que a ovulação deve ocorrer nas próximas 24 a 36 horas. Esse é o período em que relações sexuais oferecem maiores chances de gravidez, já que o óvulo e os espermatozoides permanecem viáveis por até 48 horas.
4. Os testes de ovulação são indicados para todas as mulheres?
Não. Para mulheres sem dificuldades reprodutivas, manter relações sexuais frequentes (2 a 3 vezes por semana) já é suficiente para coincidir com a janela fértil. O monitoramento é mais útil em casos de ciclos irregulares, dificuldades para engravidar ou preparo para reprodução assistida.
5. Quais são as alternativas aos testes de farmácia?
Entre os métodos caseiros estão a observação do muco cervical e a medição da temperatura basal. Já exames de sangue para LH e ultrassonografia transvaginal são recursos clínicos que oferecem maior precisão e costumam ser usados em tratamentos de fertilidade.
6. Quais são as limitações dos testes de ovulação?
Eles podem dar falsos positivos em casos de condições como síndrome dos ovários policísticos (SOP), já que os níveis de LH podem se manter elevados sem que ocorra ovulação. Por isso, devem ser interpretados em conjunto com outros sinais e, em casos de dúvida, com apoio médico.
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