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Teste do Pezinho: tudo o que os pais precisam saber
Entenda como o teste identifica doenças graves e por que isso importa para o bebê

Dra. Juliana Soares
5min • 21 de nov. de 2025

Desde 2001, o exame tornou-se gratuito e obrigatório para todos os bebês nascidos no Brasil | Foto: Freepik
Nos primeiros dias de vida, um simples exame é capaz de mudar completamente o futuro de uma criança. O Teste do Pezinho, conhecido oficialmente como triagem neonatal, identifica doenças graves antes que os sintomas apareçam, e permite iniciar o tratamento imediatamente. Esse cuidado precoce evita sequelas, reduz internações e pode salvar vidas.
Criado há mais de duas décadas como política pública de saúde, o teste faz parte da rotina de todos os recém-nascidos no Brasil. Mesmo sendo um procedimento rápido e quase indolor, seu impacto é enorme: quanto mais cedo as doenças são detectadas, maiores as chances de desenvolvimento saudável.
Como surgiu o Teste do Pezinho no Brasil
A triagem neonatal começou a ganhar destaque mundial na década de 1960, após recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS). No Brasil, o primeiro passo foi dado em 1976, com um projeto pioneiro em São Paulo coordenado pelo professor Benjamin Schmidt, focado na detecção da fenilcetonúria (PKU).
Em 2001, o Ministério da Saúde instituiu oficialmente o Programa Nacional de Triagem Neonatal (PNTN), conhecido como Teste do Pezinho. Desde então, o exame tornou-se gratuito e obrigatório para todos os bebês nascidos no país.
Como o exame é feito
O procedimento é simples, rápido e seguro:
- O profissional faz uma pequena picada no calcanhar do bebê;
- Algumas gotas de sangue são coletadas em um papel especial;
- A coleta deve ocorrer entre o 3º e o 5º dia de vida;
- Não é necessário jejum.
O exame pode ser feito em UBS, maternidades, casas de parto e outros serviços autorizados.
Esse intervalo é importante porque aumenta a precisão dos resultados.
Por que o Teste do Pezinho é tão importante
O exame identifica doenças genéticas, metabólicas, endócrinas e infecciosas antes dos primeiros sintomas. Esse diagnóstico precoce:
- Evita complicações graves;
- Previne deficiência intelectual;
- Reduz risco de sequelas permanentes;
- Salva vidas;
- Garante que o bebê receba tratamento adequado o quanto antes.
O que o Teste do Pezinho detecta pelo SUS
O SUS oferece a versão ampliada, que identifica sete doenças:
- Fenilcetonúria (PKU): impede o metabolismo adequado da fenilalanina;
- Hipotireoidismo congênito: pode afetar crescimento e desenvolvimento neurológico;
- Doença falciforme e outras hemoglobinopatias: provocam anemia e complicações no sangue;
- Fibrose cística: afeta pulmões e sistema digestivo;
- Hiperplasia adrenal congênita: envolve alterações hormonais importantes;
- Deficiência de biotinidase: prejudica o uso da biotina (vitamina B7);
- Toxoplasmose congênita: infecção transmitida da mãe para o bebê durante a gestação.
O teste é uma triagem: caso o resultado seja positivo, novos exames confirmatórios são realizados antes do encaminhamento para especialistas.
Outras versões do teste
Na rede privada, há versões mais completas, como:
- Teste do Pezinho Plus;
- Teste do Pezinho Master;
Eles podem detectar dezenas de outras doenças, como:
- Galactosemia;
- Deficiência de G6PD;
- Sífilis;
- Rubéola congênita;
- Citomegalovirose.
Essas versões são opcionais e variam conforme laboratório e plano de saúde.
Como funciona o Programa Nacional de Triagem Neonatal
O PNTN organiza todas as etapas do processo para garantir eficácia:
- Coleta correta e dentro do prazo;
- Envio rápido da amostra;
- Análise laboratorial segura;
- Comunicação eficiente dos resultados;
- Encaminhamento para centros de referência.
Acompanhamento contínuo das crianças diagnosticadas.
O Ministério da Saúde mantém um banco de dados nacional para monitorar e garantir qualidade.
Atenção dos pais e dos profissionais de saúde
O pediatra e a equipe de saúde devem orientar sobre:
- A importância do exame;
- O prazo ideal de coleta;
- Situações que exigem repetição (prematuridade, transfusão, internação em UTI neonatal).
Mesmo fora do período ideal, fazer o teste ainda é importante. O diagnóstico tardio pode não ser perfeito, mas ainda ajuda a direcionar cuidados e tratamento.
Um direito de todos os bebês
O Teste do Pezinho é um direito da criança e um dever do Estado. Representa um avanço enorme na saúde pública brasileira, garantindo proteção logo nos primeiros dias de vida.
Converse com a equipe de saúde durante o pré-natal, organize a coleta e não deixe de realizar o exame. Um gesto simples, rápido e acessível pode transformar o futuro do seu bebê.
Veja mais: Teste da orelhinha: para que serve e como é feito
Perguntas frequentes sobre o Teste do Pezinho
1. Dói muito no bebê?
A picada é rápida e causa apenas um leve incômodo.
2. E se eu perder o prazo de 3 a 5 dias?
Ainda é possível fazer o exame. Procure a unidade de saúde o quanto antes.
3. O teste é obrigatório?
Sim. É gratuito e faz parte da triagem neonatal em todo o Brasil.
4. O Teste do Pezinho substitui outros exames?
Não. Ele é uma triagem. Exames confirmatórios podem ser necessários.
5. O teste detecta todas as doenças genéticas?
Não. Ele identifica apenas as condições incluídas no painel oferecido pelo SUS ou plano privado.
6. Bebês que ficaram na UTI precisam repetir o exame?
Em alguns casos, sim. Prematuridade, transfusão e outras situações podem exigir nova coleta.
7. O que acontece se o resultado vier alterado?
O bebê é encaminhado para exames confirmatórios e para especialistas, se necessário.
Veja mais: 5 testes obrigatórios que devem ser feitos no recém-nascido

