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Tempo seco pode piorar as alergias? Saiba o que fazer para se proteger

O tempo seco resseca as mucosas e a pele, aumenta poluentes no ar e agrava crises de rinite, asma e dermatite

Dra. Brianna Nicoletti

Dra. Brianna Nicoletti

5min • 6 de dez. de 2025

Mulher espirrando e cobrindo o nariz com lenço de papel, indicando crise alérgica causada pelo tempo seco.

As alergias mais afetadas pelo tempo seco são aquelas que atingem as vias respiratórias e as mucosas, pois dependem de umidade adequada para manter a defesa natural do organismo | Foto: Freepik

Em determinadas épocas do ano, o tempo seco e a baixa umidade do ar podem ser um grande problema para a saúde respiratória — ainda mais para pessoas com quadros de alergia, asma ou rinite.

Isso acontece porque o ar seco resseca as vias respiratórias, reduz a produção de muco e facilita a entrada de vírus, bactérias e partículas de poeira. Como consequência, aumenta o risco de crises alérgicas, tosses persistentes e infecções respiratórias.

Para diminuir os efeitos do clima seco, existem algumas recomendações que podem contribuir no dia a dia, desde medidas de limpeza até hábitos simples de autocuidado que ajudam a manter o corpo hidratado e as vias respiratórias protegidas. Confira!

Afinal, por que o tempo seco costuma piorar as alergias?

O ar seco reduz a umidade das mucosas nasais, oculares e orais, comprometendo a barreira natural de proteção do organismo. Quando as mucosas ficam ressecadas, perdem parte da capacidade de filtrar partículas, vírus e bactérias presentes no ambiente.

Como consequência, ocorre irritação local, coceira, sensação de ardor e aumento dos espirros. A mucosa nasal inflamada tende a inchar, dificultando a passagem do ar e provocando congestão. Nos olhos, o ressecamento pode causar vermelhidão, sensação de areia e lacrimejamento excessivo; já na boca, favorece o mau hálito e o desconforto ao engolir.

Na pele, a alergologista Brianna Nicoletti explica que o ressecamento quebra a barreira lipídica, favorecendo a penetração de alérgenos e o surgimento de dermatite. “Essa combinação torna o organismo mais suscetível a crises de rinite, asma e dermatite atópica”, complementa.

Quais as alergias mais afetadas pelo tempo seco?

As alergias mais afetadas pelo tempo seco são aquelas que atingem as vias respiratórias e as mucosas, pois dependem de umidade adequada para manter a defesa natural do organismo. Entre as principais, é possível destacar:

  • Rinite alérgica: o ressecamento das mucosas facilita a entrada de poeira, ácaros e poluentes, provocando espirros, coceira e congestão nasal;
  • Asma: o ar seco irrita os brônquios e pode desencadear crises, especialmente quando há exposição a poeira e poluição;
  • Sinusite alérgica: a falta de umidade dificulta a drenagem do muco, levando ao acúmulo de secreção e inflamação nos seios da face;
  • Conjuntivite alérgica: o ressecamento ocular aumenta a sensibilidade a poeira, fumaça e poluentes, causando vermelhidão, coceira e lacrimejamento nos olhos.

Segundo Brianna, o ar seco tem relação especialmente com a poeira e a poluição acumulada em casa, pois durante períodos de baixa umidade, a poluição atmosférica se concentra e as partículas permanecem suspensas por mais tempo.

“Em ambientes internos, o acúmulo de poeira doméstica e resíduos de ácaros e fungos aumenta a exposição a alérgenos, agravando sintomas respiratórios. Por isso, é essencial manter janelas abertas, realizar limpeza úmida e evitar o uso de espanadores”, explica a alergologista.

Como evitar alergias em tempo seco?

Algumas mudanças de hábito ajudam a proteger as vias respiratórias e manter a pele saudável, como:

Uso correto de umidificadores de ar

Os umidificadores de ar podem ajudar quando a umidade relativa do ar está abaixo de 40%, de acordo com Brianna. No entanto, o uso inadequado pode causar efeitos contrários. “O aparelho deve ser higienizado diariamente, utilizando água filtrada e evitando o funcionamento contínuo por muitas horas”, complementa.

O excesso de umidade favorece o crescimento de fungos e ácaros, que agravam as alergias. A faixa ideal para o conforto respiratório e da pele situa-se entre 45% e 60% de umidade.

Hidratação adequada

A ingestão adequada de água contribui para manter a viscosidade das secreções respiratórias, facilitando a eliminação de impurezas e protegendo as mucosas.

Na pele, a hidratação deve ser feita logo após o banho, enquanto ela ainda estiver levemente úmida, com cremes e loções que ajudam a restaurar a barreira lipídica, reduzindo a coceira e o ressecamento.

Pessoas com dermatite devem priorizar produtos hipoalergênicos e com ativos como ceramidas, glicerina e ureia em baixa concentração, que promovem hidratação profunda sem irritar a pele.

Cuidados com o ambiente doméstico

O ambiente de casa tem um papel importante na prevenção de alergias em períodos de clima seco. Quando o ar está com pouca umidade, a poeira, os ácaros e os poluentes se acumulam com mais facilidade, piorando sintomas respiratórios e irritações na pele.

  • Permitir circulação de ar: ajuda a reduzir acúmulo de poeira e poluentes. Mantenha janelas abertas sempre que possível;
  • Trocar roupas de cama semanalmente: lave com água quente e seque bem;
  • Evitar cortinas e tapetes: prefira superfícies fáceis de limpar;
  • Usar aspirador com filtro HEPA: reduz partículas finas no ambiente;
  • Trocar vassouras por panos úmidos: evita dispersão de poeira;
  • Evitar fragrâncias e fumaça: prefira produtos neutros e mantenha ventilação adequada;
  • Fazer lavagem nasal: duas vezes ao dia para manter as mucosas hidratadas.

Quando procurar atendimento médico?

Alguns sinais indicam que a alergia requer avaliação médica, como:

  • Falta de ar ou dificuldade para respirar;
  • Chiado no peito;
  • Tosse persistente;
  • Febre inexplicada;
  • Sangramento nasal;
  • Lesões de pele com secreção;
  • Vermelhidão intensa ou coceira persistente.

Se um ou mais desses sintomas estiverem presentes, é importante procurar atendimento médico. O profissional poderá ajustar o tratamento e indicar o uso de medicamentos específicos.

Leia também: Alergias em crianças: como a escola deve lidar?

Perguntas frequentes

Qual é o índice ideal de umidade do ar para a saúde?

A faixa ideal fica entre 40% e 60%. Abaixo de 40%, o ar é considerado seco.

Quais são as alergias mais afetadas pelo tempo seco?

Rinite, asma, sinusite alérgica e conjuntivite alérgica.

Qual é o tempo ideal de uso do umidificador de ar?

De 2 a 3 horas seguidas, apenas nos períodos mais secos do dia.

Como o ar-condicionado afeta as alergias?

Ele reduz ainda mais a umidade e pode acumular fungos nos filtros.

O tempo seco pode causar dor de cabeça?

Sim, pela desidratação e irritação das vias respiratórias.

Como o tempo seco afeta pessoas com doenças cardíacas ou crônicas?

A desidratação pode alterar pressão arterial e sobrecarregar o coração.

O que fazer em dias de alerta de baixa umidade do ar?

Evitar exercícios intensos ao ar livre, hidratar-se bem e manter o ambiente ventilado.

Confira: Asma alérgica: o que é, sintomas, tratamentos e remédios

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Foto de Dra. Brianna Nicoletti

Escrito por Dra. Brianna Nicoletti

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