SAÚDE MENTAL & EMOCIONAL
TDAH: o que é, como diferenciar e tratar
Descubra os sintomas do TDAH, como diferenciar da distração comum e os caminhos para diagnóstico e tratamento

Dra. Paula Dieckmann
5min • 6 de ago. de 2025

No mundo acelerado em que vivemos, é comum se sentir distraído, esquecer compromissos ou ter dificuldade para manter o foco. Mas quando isso passa do limite e começa a atrapalhar a vida pessoal, profissional ou emocional, pode ser sinal de algo mais sério: o TDAH, ou Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade.
Segundo a neurologista Paula Dieckmann, distração e procrastinação são comportamentos comuns, especialmente em contextos com excesso de estímulos. “No TDAH, no entanto, esses sintomas são intensos, frequentes, começam na infância e causam prejuízos reais na vida da pessoa”, explica.
O que é TDAH? Principais sintomas e características
O TDAH é um transtorno neurobiológico que afeta funções cerebrais relacionadas à atenção, ao controle da impulsividade, ao planejamento e à regulação emocional. Estima-se que o TDAH afete entre 5% e 8% da população mundial, segundo dados da Associação Brasileira do Déficit de Atenção (ABDA).
Ele pode se manifestar de três formas:
- Desatenção;
- Hiperatividade;
- Impulsividade.
Os principais sintomas de TDAH, segundo a médica, são:
- Desatenção: dificuldade de manter o foco, cometer erros por descuido, perder objetos, esquecer compromissos;
- Hiperatividade: inquietação motora, sensação de “motor ligado”, falar demais;
- Impulsividade: interromper conversas, agir sem pensar, dificuldade de esperar.
“Esses sintomas precisam durar pelo menos seis meses, ocorrer em diferentes contextos — como escola, trabalho e casa — e causar prejuízo significativo”.
Como diferenciar TDAH da distração normal
Nem toda distração é sinal de TDAH. A diferença está na intensidade, na frequência e no impacto na vida da pessoa.
“Uma pessoa com TDAH enfrenta uma dificuldade real e persistente de autorregulação, o que afeta o desempenho escolar ou profissional, a autoestima e os relacionamentos”, afirma Paula.
O transtorno começa na infância, mesmo que o diagnóstico de TDAH só venha mais tarde — como na adolescência ou na vida adulta.
Diagnóstico de TDAH: processo e profissionais indicados
O diagnóstico do TDAH é clínico e deve ser feito por profissionais capacitados, como neurologistas, psiquiatras ou psicólogos.
“Não existe um exame de sangue ou uma ressonância que confirme o TDAH. A avaliação precisa ser criteriosa, porque outras condições, como ansiedade, depressão ou problemas de sono, podem ter sintomas parecidos”, alerta a médica.
A jornada para o diagnóstico de TDAH pode usar:
- Entrevistas estruturadas;
- Questionários validados (como ASRS, SNAP-IV, DIVA-5);
- Histórico de vida;
- Testes neuropsicológicos (quando necessários).
“Sem uma avaliação adequada, a pessoa pode mascarar outros problemas, usar medicamentos de forma incorreta ou deixar de buscar o tratamento mais adequado”, explica.
E mais: o diagnóstico correto pode trazer alívio. “A pessoa entende que não é preguiça, mas um funcionamento neurológico que pode ser tratado”, complementa a especialista.
TDAH em adultos: sinais e peculiaridades
O TDAH começa na infância, mas pode persistir na vida adulta em até 70% dos casos.
“A hiperatividade visível da infância muitas vezes se transforma em inquietação interna ou dificuldade de relaxar. Muitos adultos só descobrem que têm o transtorno ao buscar ajuda para si ou ao acompanharem os filhos em um diagnóstico semelhante”, explica a Dra. Paula.
Na vida adulta, o impacto pode aparecer de várias formas:
- Dificuldade de concentração no trabalho;
- Falta de organização;
- Procrastinação constante;
- Ansiedade, baixa autoestima e frustração.
Tratamento de TDAH: abordagens e medicamentos
O tratamento de TDAH envolve várias estratégias combinadas:
- Psicoeducação: para entender o funcionamento do cérebro com TDAH;
- Terapia cognitivo-comportamental: estratégias práticas para organização e regulação emocional;
- Apoio escolar ou profissional: adaptações na rotina para facilitar o dia a dia;
- Medicação: estimulantes (como metilfenidato e lisdexanfetamina) ou não-estimulantes (como atomoxetina) podem ser indicados pelo médico quando necessário.
“A medicação não cura, mas reduz sintomas como desatenção e impulsividade, facilitando o uso das estratégias aprendidas”, esclarece a médica.
Redes sociais pioram os sintomas de TDAH?
Segundo a neurologista Paula Dieckmann, o uso constante de celular e redes sociais pode, sim, agravar os sintomas do TDAH. Isso porque reforça um padrão de busca por recompensas rápidas, com liberação de dopamina a cada nova curtida, notificação ou estímulo.
“Isso não causa TDAH, mas pode agravar os sintomas e dificultar o diagnóstico. Parte do tratamento, inclusive, envolve mudanças no estilo de vida e reeducação digital”, explica a médica.
Como buscar ajuda profissional para TDAH
Se você desconfia que tem TDAH, o primeiro passo é procurar um profissional com experiência em transtornos do neurodesenvolvimento.
“Em crianças, o pediatra pode fazer o encaminhamento. Evite se autodiagnosticar ou seguir receitas prontas da internet. Cada caso é único e merece avaliação cuidadosa”, recomenda a psiquiatra.
E o recado final da médica: “Se a desatenção, a impulsividade ou a desorganização estão atrapalhando sua vida, autoestima ou relações, vale investigar. O diagnóstico pode ser o começo de uma virada. Buscar ajuda não é fraqueza — é coragem”.
Perguntas frequentes sobre TDAH
1. Como saber se tenho TDAH?
Se os sintomas como distração, impulsividade ou desorganização são frequentes, intensos e atrapalham sua vida, vale procurar avaliação especializada.
2. Qual a diferença entre TDAH e distração comum?
A distração comum é ocasional. No TDAH, os sintomas são persistentes desde a infância e causam problemas no dia a dia.
3. Quais são os sintomas de TDAH em adultos?
Dificuldade de concentração, desorganização, atraso em tarefas, ansiedade, impulsividade e baixa autoestima são comuns.
4. Como é feito o diagnóstico do TDAH?
A partir de entrevistas, questionários e, às vezes, testes neuropsicológicos. Não existe um exame único para confirmar.
5. O TDAH tem cura?
Não, mas tem tratamento eficaz que ajuda a controlar os sintomas e melhorar a qualidade de vida.
6. Quais são os remédios usados para TDAH?
Os mais comuns são estimulantes como metilfenidato e lisdexanfetamina, além de não-estimulantes como atomoxetina, mas sempre indicados por um médico.
7. Celular e redes sociais pioram o TDAH?
Sim, o uso excessivo reforça padrões de distração e pode piorar os sintomas.