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SAÚDE MENTAL & EMOCIONAL

TDAH em adultos: saiba mais sobre os sintomas e como descobrir se você tem 

Neurologista explica como o transtorno afeta adultos, quais os sinais de alerta e as melhores estratégias de tratamento e organização

Dra. Paula Dieckmann

Dra. Paula Dieckmann

5min • 23 de set. de 2025

TDAH em adultos: saiba mais sobre os sintomas e como descobrir se você tem 

O Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é geralmente lembrado como um diagnóstico da infância, mas o TDAH em adultos também é comum. Muitos convivem com sintomas sem saber, o que afeta trabalho, relacionamentos e qualidade de vida.

A neurologista Paula Dieckmann explica: “Trata-se de um transtorno neurobiológico, que se inicia na infância e pode persistir na vida adulta”.

A seguir, veja como o TDAH se manifesta em adultos, como é diagnosticado e quais tratamentos e estratégias ajudam a lidar com os sintomas.

O que é o TDAH na vida adulta

Nos adultos, o TDAH se apresenta de forma diferente da infância. Em vez de hiperatividade física, predomina uma inquietação interna, descrita como a sensação de “não conseguir desligar a mente”.

Segundo Paula: “No adulto, o TDAH se manifesta principalmente por dificuldades persistentes de atenção, concentração e controle de impulsos. Muitas vezes a agitação é interna, mesmo sem movimentos físicos evidentes”.

Isso interfere na organização pessoal, na capacidade de manter foco em tarefas prolongadas e na memória de compromissos.

Principais sintomas de TDAH em adultos

Os sintomas se agrupam em três eixos: desatenção, impulsividade e hiperatividade interna. Entre eles:

  • Desatenção: distração fácil, esquecimento frequente, dificuldade em concluir projetos, procrastinação.
  • Impulsividade: decisões precipitadas, compras por impulso, falar sem filtrar, mudanças de planos repentinas.
  • Hiperatividade interna: inquietude constante, balançar pernas, roer unhas, mexer no cabelo.

“Mudanças de humor, irritabilidade ou ansiedade podem ocorrer quando a pessoa se sente sobrecarregada. É a persistência do conjunto de sinais, e não sintomas isolados, que caracteriza o transtorno”, reforça a neurologista.

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Como é feito o diagnóstico de TDAH em adultos

O diagnóstico é clínico — não há exame de sangue ou imagem que confirme a condição. O processo envolve:

  • Entrevista clínica detalhada (sintomas atuais e histórico desde a infância).
  • Exclusão de outras condições (ansiedade, depressão, distúrbios de sono, alterações da tireoide).
  • Questionários padronizados para mapear frequência e intensidade dos sintomas.
  • Conversa com familiares ou pessoas próximas (com consentimento).

“O diagnóstico é feito pela conversa e observação clínica, aplicando critérios formais e descartando outras doenças”, resume Paula.

Impacto do TDAH no trabalho e nos relacionamentos

No trabalho, o desempenho pode ser inconsistente: picos de alta produtividade em tarefas estimulantes seguidos de quedas de concentração em atividades repetitivas.

Nos relacionamentos, a impulsividade pode gerar discussões, e a desatenção pode ser interpretada como falta de interesse. Pesquisas mostram maior taxa de conflitos conjugais e divórcios entre pessoas com TDAH, mas o tratamento adequado reduz esses impactos.

Tratamento de TDAH: abordagem multidisciplinar

O tratamento combina estratégias médicas e comportamentais. As principais incluem:

  • Medicação: estimulantes (metilfenidato, lisdexanfetamina) e não estimulantes (atomoxetina, antidepressivos específicos).
  • Terapia: especialmente Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), que ensina técnicas de organização, gestão de tempo e autoestima.
  • Educação e suporte: grupos de apoio e orientação familiar.
  • Estilo de vida saudável: sono adequado, exercícios físicos e alimentação equilibrada.

“A escolha depende da intensidade dos sintomas, das atividades do paciente e até do acesso a tratamentos. Casos leves podem ser controlados apenas com terapia e mudanças de rotina. Já quadros mais intensos podem se beneficiar da combinação com medicação”, explica Paula.

Hábitos e estratégias que ajudam no dia a dia

Além do tratamento formal, rotinas práticas trazem ganhos significativos. Algumas recomendações:

  • Estabelecer rotina fixa (horários regulares para acordar, trabalhar, dormir).
  • Usar ferramentas de organização (agendas, aplicativos, lembretes).
  • Quebrar tarefas grandes em partes menores.
  • Reduzir distrações no ambiente de estudo ou trabalho.
  • Manter hábitos saudáveis: sono regular, exercícios, alimentação equilibrada.
  • Aplicar técnicas de gestão do tempo (ex.: método Pomodoro).

No trabalho, vale conversar com colegas ou gestores de confiança para estabelecer prazos claros e lembretes. Em casa, dividir responsabilidades e pedir apoio em lembretes também pode ajudar.

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Perguntas e respostas sobre TDAH em adultos

1. O que é o TDAH em adultos?

É um transtorno neurobiológico que afeta atenção, concentração e impulsividade, manifestando-se mais como inquietação mental do que hiperatividade física.

2. Quais são os principais sintomas de TDAH em adultos?

Incluem distração fácil, esquecimento, procrastinação, impulsividade e sensação constante de inquietude interna.

3. Como é feito o diagnóstico de TDAH em adultos?

É clínico, baseado em entrevistas, questionários e exclusão de outras condições. Deve ser feito por neurologista ou psiquiatra.

4. O TDAH pode impactar trabalho e relacionamentos?

Sim. No trabalho, pode gerar dificuldades com prazos e organização. Nos relacionamentos, pode causar conflitos por impulsividade ou distração.

5. Quais são os principais tratamentos de TDAH em adultos?

Medicação (quando indicada), terapia cognitivo-comportamental, suporte familiar e mudanças de estilo de vida.

6. A medicação é sempre necessária?

Não. Casos leves podem ser controlados com terapia e hábitos saudáveis. Casos intensos geralmente exigem medicação.

7. Quais hábitos ajudam no dia a dia?

Rotina estruturada, ferramentas de organização, divisão de tarefas, sono regular, exercícios físicos e técnicas de gestão do tempo.

Leia também: TDAH: o que é, como diferenciar e tratar

Este conteúdo é informativo e não substitui a avaliação médica. Se houver suspeita de TDAH, procure acompanhamento especializado.

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Escrito por Dra. Paula Dieckmann

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