DOENÇAS & CONDIÇÕES
Taquicardia sinusal: o que é, causas e se é perigoso
Na maioria das vezes, a taquicardia ocorre como uma resposta do organismo diante de situações que exigem maior esforço

Dra. Juliana Soares
5min • 30 de nov. de 2025

A taquicardia sinusal consiste no aumento do número de batimentos cardíacos por minuto, normalmente acima dos 100 batimentos por minuto | Foto: Freepik
Em situações do cotidiano, como durante a prática de atividade física ou em momentos de ansiedade, é normal que a frequência cardíaca aumente como resposta fisiológica do organismo. Esse tipo de aceleração é controlado pelo nó sinusal, o marca-passo natural do coração — sendo conhecido como taquicardia sinusal.
No entanto, quando os batimentos permanecem acelerados por tempo prolongado, de forma desproporcional ao estímulo ou sem uma causa evidente, o quadro pode indicar uma taquicardia sinusal inapropriada (IST), que requer avaliação médica para investigação e acompanhamento.
Ela nem sempre está associada a uma doença, mas pode indicar que o organismo está reagindo a algum estímulo interno ou externo, e compreender as causas é o primeiro passo para um diagnóstico adequado. Entenda mais, a seguir!
O que é taquicardia sinusal?
A taquicardia sinusal consiste no aumento do número de batimentos cardíacos por minuto, normalmente acima dos 100 batimentos por minuto (bpm), mas mantendo o ritmo normal do coração. O termo sinusal indica que os impulsos elétricos que controlam o batimento continuam partindo do nó sinusal, estrutura responsável por ditar o ritmo cardíaco.
Em pessoas saudáveis, ela ocorre como uma resposta fisiológica do organismo, um mecanismo de adaptação para aumentar a quantidade de sangue bombeado e atender a uma maior demanda de oxigênio em situações como exercícios físicos, febre, ansiedade, estresse ou consumo de cafeína.
No entanto, pode ser anormal quando ocorre de forma persistente e frequente, mesmo em repouso, ou quando é causada por outra doença, como anemia ou hipertireoidismo, conforme explica a cardiologista Juliana Soares.
O que causa a taquicardia sinusal?
A aceleração dos batimentos cardíacos é controlada pelo sistema nervoso autônomo, responsável por ajustar as funções involuntárias do corpo, como respiração e pressão arterial. Uma série de fatores pode ativar o mecanismo, como:
- Atividade física;
- Emoções fortes (medo, raiva, ansiedade);
- Febre;
- Uso de cafeína, nicotina ou álcool;
- Uso de medicamentos como descongestionantes e broncodilatadores;
- Gravidez;
- Situações de dor intensa.
Já a taquicardia sinusal inapropriada pode ter causas mais complexas, incluindo:
- Alterações hormonais (hipertireoidismo, por exemplo);
- Desidratação;
- Anemia;
- Insuficiência cardíaca;
- Doenças pulmonares;
- Distúrbios do sistema nervoso autônomo.
Juliana Soares ainda aponta que o uso de medicamentos como descongestionantes nasais e substâncias estimulantes como drogas ilícitas (cocaína, por exemplo), também podem provocar taquicardia.
Taquicardia sinusal pode vir acompanhada de sintomas?
Além dos batimentos cardíacos acelerados, quadros de taquicardia sinusal inapropriada podem causar:
- Palpitações;
- Falta de ar (dispneia);
- Fadiga e cansaço;
- Tontura ou sensação de desmaio;
- Intolerância ao exercício;
- Desconforto no peito.
Quando há dor no peito, desmaio ou sensação de descontrole dos batimentos, é importante procurar atendimento médico, pois os sinais podem indicar uma arritmia mais grave.
Taquicardia sinusal é perigoso?
Na maioria dos casos, não é uma condição perigosa, especialmente quando está relacionada a estímulos fisiológicos como exercícios ou emoções. O coração acelera para atender à demanda de oxigênio e, depois, retorna ao normal.
Contudo, o aumento da frequência cardíaca torna-se preocupante quando ocorre de forma persistente e em repouso, com frequência acima de 100 batimentos por minuto. Também é motivo de alerta quando surgem sintomas como falta de ar, dor no peito, tontura ou desmaio, de acordo com Juliana.
Em pessoas com doenças cardíacas pré-existentes, como insuficiência cardíaca, o aumento da frequência pode sobrecarregar o coração e aumentar o risco de infarto ou acidente vascular cerebral (AVC).
Como é feito o diagnóstico da taquicardia sinusal?
O diagnóstico de taquicardia sinusal é feito a partir de uma avaliação clínica feita pelo cardiologista, e depende da história do paciente e de exames complementares, como:
- Eletrocardiograma (ECG): registra a atividade elétrica do coração e confirma se o ritmo acelerado tem origem no nó sinusal;
- Holter 24 horas: monitora o ritmo cardíaco ao longo do dia, permitindo identificar variações e episódios de taquicardia;
- Ecocardiograma: avalia a estrutura e a função do coração, identificando possíveis alterações anatômicas;
- Exames laboratoriais: verificam a presença de anemia, hipertireoidismo e alterações nos níveis de potássio e magnésio.
Em alguns casos, é necessário um teste ergométrico (teste de esforço), para observar como o coração reage durante a atividade física.
Qual a diferença entre taquicardia sinusal e outros tipos de taquicardia?
O termo “taquicardia” significa apenas que o coração está batendo rápido, mas existem vários tipos.
A taquicardia sinusal é regular e com origem no nó sinusal, sendo considerada a forma mais comum e, na maioria das vezes, benigna. Já as taquicardias supraventriculares e ventriculares são mais perigosas, pois se originam em outras partes do coração e podem causar arritmias graves, levando até à parada cardíaca.
No eletrocardiograma, o médico consegue diferenciar facilmente o tipo de taquicardia e indicar o tratamento adequado.
É necessário tratar a taquicardia sinusal?
De acordo com Juliana, o tratamento não é necessário quando a taquicardia sinusal é fisiológica, isto é, uma resposta normal do organismo ao esforço físico ou a emoções intensas. Quando há uma causa secundária, o tratamento deve ser direcionado a ela — tratar infecções em casos de febre, corrigir anemia ou disfunções da tireoide e manejar a ansiedade por meio de terapia ou medicação, por exemplo.
Em situações raras, como na síndrome da taquicardia sinusal inapropriada, em que ocorre uma resposta exagerada e persistente, pode ser necessário o uso de medicamentos para reduzir a frequência cardíaca e prevenir sobrecarga ou danos ao coração a longo prazo.
Como controlar a taquicardia sinusal sem remédios?
Quando o aumento dos batimentos é fisiológico, pequenas mudanças de estilo de vida podem ajudar a controlar a taquicardia sinusal, como:
- Controlar o estresse e a ansiedade com técnicas de respiração, meditação ou yoga;
- Evitar o consumo de café, energéticos, nicotina e álcool;
- Dormir bem todos os dias;
- Beber bastante água para evitar desidratação;
- Praticar atividade física leve e regular;
- Manter uma alimentação equilibrada, com frutas, verduras e alimentos ricos em magnésio e potássio;
- Fazer pausas durante o dia para respirar fundo e relaxar;
- Realizar acompanhamento periódico com o cardiologista.
Quando procurar atendimento médico?
Procure um cardiologista quando a aceleração dos batimentos ocorrer em repouso, for frequente ou vier acompanhada de:
- Dor ou aperto no peito;
- Falta de ar;
- Tontura ou desmaio;
- Fadiga extrema;
- Sensação de descompasso no ritmo cardíaco.
Em emergências, como dor torácica intensa, falta de ar súbita ou desmaio, procure imediatamente um pronto-socorro.
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Perguntas frequentes
Como diferenciar taquicardia sinusal de outras arritmias?
Isso pode ser feito através de exames solicitados pelo médico, como o eletrocardiograma (ECG). Na taquicardia sinusal, o ritmo é regular e o impulso elétrico parte do nó sinusal, o que a torna mais previsível e geralmente benigna.
Já em arritmias como a taquicardia supraventricular ou ventricular, o ritmo é desorganizado, podendo gerar palpitações súbitas e perigosas, com risco de desmaios e parada cardíaca. Por isso, o ECG é fundamental para identificar o tipo e a origem da aceleração.
Taquicardia sinusal pode causar desmaios?
Sim, embora seja pouco comum. Quando o coração bate rápido demais, pode haver redução do volume de sangue bombeado por batimento, diminuindo a oxigenação cerebral — o que provoca tontura e, em casos extremos, desmaio. Ah, e também pode ocorrer queda de pressão durante crises de taquicardia intensa.
Qualquer episódio de desmaio associado a palpitações deve ser avaliado com urgência por um cardiologista, pois pode indicar risco de arritmia mais grave.
Quando o tratamento de taquicardia sinusal com remédios é indicado?
O uso de medicamentos é indicado em casos de sintomas intensos, taquicardia persistente ou taquicardia sinusal inapropriada (aceleração sem causa aparente). A escolha do tratamento deve ser feita pelo médico cardiologista, conforme o quadro clínico e a tolerância do paciente.
Como diferenciar taquicardia sinusal inadequada de ansiedade?
Na ansiedade, a aceleração dos batimentos resulta da descarga de adrenalina e ocorre em situações emocionais específicas, desaparecendo quando a pessoa se acalma. Na síndrome da taquicardia sinusal inadequada, porém, o aumento da frequência cardíaca pode ser contínuo ou ocorrer em repouso, sem necessariamente estar ligado a emoções.
O diagnóstico é confirmado por avaliação clínica e eletrocardiograma, que mostram se o ritmo é de origem sinusal ou não.
Quem tem taquicardia sinusal pode praticar esportes?
Sim, desde que o quadro seja benigno e avaliado por um cardiologista. A prática regular de atividades físicas melhora a capacidade cardiovascular e ajuda a manter o ritmo cardíaco estável.
O ideal é iniciar com exercícios leves, como caminhadas ou natação, e aumentar a intensidade de forma gradual. Pessoas com taquicardia sinusal inapropriada devem evitar esportes de alta exigência até liberação médica.
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