DOENÇAS & CONDIÇÕES
Síndrome dos Ovários Policísticos: o que é e sintomas que você não deve ignorar
Entenda mais sobre um dos distúrbios hormonais mais comuns entre mulheres em idade fértil

Dra. Juliana Soares
5min • 26 de nov. de 2025

Não existe uma única causa para a Síndrome dos Ovários Policísticos, mas sim uma interação entre genética, hormônios e fatores ambientais | Foto: Freepik
A Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP) é uma das condições hormonais mais frequentes no consultório ginecológico e uma das principais causas de irregularidade menstrual e dificuldade para engravidar. Embora seja comum, ainda é cercada por dúvidas, afinal, muitas mulheres convivem com sintomas por anos até obter o diagnóstico correto.
A Síndrome dos Ovários Policísticos envolve um desequilíbrio hormonal que altera o funcionamento dos ovários. Isso favorece a produção aumentada de hormônios masculinos (andrógenos), interferindo na ovulação. Por isso, pode afetar o ciclo menstrual, a pele, o peso e até a saúde metabólica da mulher.
Principais causas e fatores de risco
A Síndrome dos Ovários Policísticos é uma condição complexa e multifatorial. Não existe uma única causa, mas sim uma interação entre genética, hormônios e fatores ambientais.
Herança genética
É comum encontrar várias mulheres na mesma família com Síndrome dos Ovários Policísticos. A síndrome resulta da ação de múltiplos genes, que se expressam de maneiras diferentes em cada pessoa.
Desequilíbrio hormonal
Na Síndrome dos Ovários Policísticos, há aumento de LH e redução de FSH, alteração que estimula os ovários a produzirem mais andrógenos, como a testosterona. Isso explica sintomas como acne, aumento de pelos e dificuldade para ovular.
Resistência à insulina
Bastante frequente na SOP, a resistência à insulina faz o corpo produzir níveis maiores desse hormônio — que, por sua vez, também estimulam a produção de andrógenos.
Fatores ambientais e estilo de vida
Sedentarismo, obesidade e exposição a substâncias químicas podem aumentar o risco ou agravar os sintomas.
Sintomas mais comuns
A SOP pode se manifestar de formas bastante diferentes entre as mulheres. Entre os sintomas mais frequentes estão:
- Irregularidade menstrual (ciclos longos ou ausência de menstruação);
- Dificuldade para engravidar, devido à falta de ovulação regular;
- Hirsutismo (pelos aumentados no rosto, seios e abdômen);
- Acne persistente e pele oleosa;
- Queda de cabelo e afinamento dos fios;
- Ganho de peso, especialmente na região abdominal.
Não é necessário ter todos os sintomas para ser diagnosticada, e muitas mulheres com peso normal também podem ter Síndrome dos Ovários Policísticos.
Diagnóstico
O diagnóstico é feito pelo ginecologista ou endocrinologista, combinando dados clínicos, exames laboratoriais e ultrassom.
Segundo os critérios de Roterdã, o diagnóstico é confirmado quando a mulher apresenta dois dos três:
- Irregularidade menstrual ou ausência de ovulação;
- Excesso de andrógenos (clínico ou laboratorial);
- Ovário com aspecto policístico no ultrassom.
Antes disso, é essencial descartar outras doenças que podem causar sintomas parecidos, como:
- Alterações da tireoide;
- Hiperprolactinemia;
- Hiperplasia adrenal congênita.
Complicações e comorbidades associadas
A Síndrome dos Ovários Policísticos vai muito além de alterações menstruais. É uma condição crônica e metabólica, associada a:
- Síndrome metabólica;
- Obesidade;
- Diabetes tipo 2;
- Resistência à insulina;
- Alterações do colesterol;
- Risco cardiovascular aumentado;
- Ansiedade e depressão.
Isso reforça a importância do acompanhamento regular.
Tratamento e controle
O tratamento é individualizado, levando em conta os sintomas e objetivos da paciente (regular ciclo, tratar acne, perder peso ou engravidar).
Mudanças no estilo de vida
São fundamentais. A perda de apenas 5% do peso corporal já melhora ciclos, ovulação e sintomas metabólicos.
Tratamento medicamentoso (quando indicado)
- Metformina: ajuda na resistência à insulina e pode auxiliar na ovulação;
- Anticoncepcionais hormonais combinados: regulam o ciclo e reduzem o excesso de andrógenos;
- Indutores de ovulação: indicados para quem deseja engravidar;
- Tratamentos dermatológicos: para acne, hirsutismo e queda de cabelo.
Abordagem multidisciplinar
Pode incluir ginecologista, endocrinologista, nutricionista e dermatologista, dependendo dos sintomas.
Importância do acompanhamento
A Síndrome dos Ovários Policísticos não tem cura, mas tem controle. Com diagnóstico precoce e tratamento adequado, é possível recuperar a regularidade menstrual, melhorar a fertilidade e reduzir riscos metabólicos a longo prazo.
O cuidado contínuo faz diferença significativa para a saúde e a qualidade de vida da mulher.
Veja mais: Dor pélvica forte? Pode ser endometriose
Perguntas frequentes sobre Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP)
1. É possível ter SOP mesmo com peso normal?
Sim. O peso influencia, mas não determina o diagnóstico.
2. A SOP causa infertilidade?
Ela pode dificultar a ovulação, mas muitas mulheres conseguem engravidar com tratamento.
3. Toda mulher com ovário policístico tem Síndrome dos Ovários Policísticos?
Não. O aspecto policístico pode aparecer mesmo sem a síndrome.
4. Síndrome dos Ovários Policísticos engorda?
O ganho de peso é comum, especialmente na região abdominal, mas não ocorre em todas as mulheres.
5. Quem tem SOP deve evitar anticoncepcionais?
Pelo contrário: em muitos casos, eles fazem parte do tratamento.
6. A SOP aumenta o risco de diabetes?
Sim. A resistência à insulina é uma das características da síndrome.
7. A Síndrome dos Ovários Policísticos tem cura?
Não, mas pode ser controlada com acompanhamento e mudanças no estilo de vida.
Leia mais: Insuficiência istmocervical: o que é e por que merece atenção na gravidez

