SAÚDE MENTAL & EMOCIONAL
Síndrome do pânico: saiba o que é e como tratar
Entenda o que acontece no cérebro durante uma crise de pânico, quais são os sintomas e como é feito o tratamento

Dr. Luiz Antonio Vesco Gaiotto
5min • 6 de ago. de 2025

Palpitações, tontura, suor frio, sensação de morte iminente. Para quem já viveu uma crise de pânico, esses sintomas não são exagero. Mas o que acontece no cérebro durante esse episódio intenso? E por que ele reage com tanta força mesmo quando não há perigo real?
O psiquiatra Luiz Antonio Vesco Gaiotto, referência em transtornos de ansiedade e autor das diretrizes brasileiras sobre o tema, explica como o cérebro dispara alarmes falsos e quais caminhos a ciência oferece para o controle das crises.
Diferença entre medo, ansiedade e pânico
Antes de tudo, é importante entender a diferença entre essas três reações.
“O medo é uma reação instintiva e saudável diante de um perigo real e imediato. A ansiedade é um estado de alerta útil para lidar com desafios. Já o ataque de pânico é uma reação súbita, intensa e desproporcional, sem ameaça real presente”, esclarece o médico.
Quando as crises se tornam frequentes e causam medo constante de novos episódios, pode-se falar em transtorno de pânico, ou síndrome do pânico, como a condição é popularmente conhecida.
Como o cérebro dispara alarmes falsos
Na síndrome do pânico, o cérebro se comporta como um alarme exageradamente sensível. Estímulos inofensivos, como uma leve aceleração dos batimentos cardíacos, ambientes fechados ou uma respiração mais curta podem ser interpretados como ameaças graves.
“É como se o cérebro ligasse o modo emergência sem necessidade, gerando reações intensas e desproporcionais”, explica Luiz Antonio.
Fatores de risco para síndrome do pânico
A chance de ter síndrome do pânico vem, muitas vezes, da genética.
“Cerca de 40% da vulnerabilidade ao transtorno do pânico é de origem genética, especialmente em genes ligados à serotonina e noradrenalina. Um temperamento mais ansioso desde a infância também pode predispor ao transtorno”, explica Luiz Antonio.
Estudos recentes mostraram que pessoas com transtorno do pânico apresentam maior sensibilidade ao gás carbônico, o que explica crises que acontecem por alterações na respiração. Elas também podem ter alterações em substâncias do cérebro que faz com que tenham mais dificuldade na regulação das emoções.
Tratamentos para síndrome do pânico
O tratamento do transtorno de pânico envolve várias especialidades médicas e deve ser tratado caso a caso. As formas mais comuns de tratar são:
Psicoterapia
Com destaque para a terapia cognitivo-comportamental (TCC), que ajuda a pessoa a identificar e modificar pensamentos distorcidos e padrões de comportamento.
Remédios
Especialmente antidepressivos como os ISRS (inibidores seletivos da recaptação de serotonina), IRSN (inibidores seletivos da recaptação de serotonina e noradrenalina) e, em alguns casos, antidepressivos tricíclicos. A classe de remédios benzodiazepínicos também pode ser usada em curto prazo com indicação e supervisão médica.
Educação sobre o transtorno do pânico
Muito importante para que a pessoa entenda o que está acontecendo durante uma crise de pânico. Isso reduz o medo e melhora a adesão ao tratamento.
Dicas práticas para crises de pânico
Além das abordagens clínicas, algumas outras mudanças de vida podem reduzir os gatilhos:
- Evitar excesso de cafeína, bebidas alcoólicas e cigarro (nicotina);
- Reduzir o estresse;
- Dormir bem;
- Fazer atividade física regularmente;
- Reconhecer que os sintomas, embora intensos, não representam um risco real.
Perguntas frequentes sobre síndrome do pânico
1. O que é uma crise de pânico?
É uma reação súbita e intensa do organismo que simula uma emergência, com sintomas físicos como taquicardia, suor, tontura e sensação de morte iminente, mesmo sem ameaça real.
2. Crise de pânico é o mesmo que ansiedade?
Não. A ansiedade é uma resposta a situações estressantes, enquanto a crise de pânico é uma reação extrema e desproporcional, muitas vezes sem gatilho claro.
3. Como saber se tive um ataque de pânico?
Se você teve sintomas físicos intensos e repentinos, acompanhados de medo intenso, e não havia um perigo real, é possível que tenha sido uma crise de pânico.
4. O transtorno do pânico tem cura?
Com o tratamento certo, como psicoterapia, remédios indicados pelo médico e mudança de hábitos, dá para controlar os sintomas e ter mais qualidade de vida.
5. Quem tem transtorno do pânico precisa tomar remédio para sempre?
Nem sempre. O uso de medicação varia conforme o caso e deve ser avaliado pelo médico. Em muitos casos, pode ser temporário.
6. Estímulos como cafeína e redes sociais podem piorar as crises?
Sim. Estímulos excessivos, privação de sono e hábitos como o consumo de cafeína podem agravar os sintomas e aumentar a frequência das crises.
7. Onde buscar ajuda se eu tiver crises de pânico?
O ideal é procurar um psiquiatra ou psicólogo com experiência em transtornos de ansiedade. Em caso de urgência, um pronto atendimento pode acolher e orientar os primeiros cuidados.