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DOENÇAS & CONDIÇÕES

Quando o corpo ataca a própria tireoide: entenda a síndrome de Hashimoto 

Doença autoimune que afeta a tireoide pode causar sintomas como cansaço, ganho de peso e alterações de humor. Entenda as causas, diagnóstico e tratamento

Dra. Juliana Soares

Dra. Juliana Soares

5min • 16 de out. de 2025

Mulher jovem com aparência cansada e recém-diagnosticada com síndrome de hashimoto

A síndrome de Hashimoto, ou tireoidite de Hashimoto, é uma doença autoimune que faz o corpo atacar a própria tireoide

A síndrome de Hashimoto é uma doença autoimune em que o próprio sistema de defesa do corpo passa a atacar a glândula tireoide, responsável por produzir hormônios que regulam o metabolismo.

Com o tempo, essa inflamação leva à redução da atividade da tireoide, provocando o chamado hipotireoidismo. É uma condição crônica, mais comum em mulheres entre 30 e 50 anos, mas que pode acontecer em qualquer idade.

O que é a síndrome de Hashimoto

Na síndrome de Hashimoto, também chamada de tireoidite de Hashimoto, o sistema imunológico identifica erroneamente as células da tireoide como inimigas e começa a produzir anticorpos que atacam a glândula.

Essa agressão contínua causa inflamação e, aos poucos, destrói o tecido tireoidiano, o que impacta na produção dos hormônios T3 (triiodotironina) e T4 (tiroxina), que são substâncias essenciais para manter o corpo com energia, regular o peso, a temperatura e até o humor.

Causas e fatores de risco

As causas exatas ainda não são totalmente compreendidas, mas sabe-se que a síndrome de Hashimoto envolve uma combinação de fatores genéticos, hormonais e ambientais.

Entre os principais fatores de risco estão:

  • Predisposição genética: histórico familiar de doenças autoimunes, como diabetes tipo 1, lúpus ou vitiligo;
  • Sexo feminino: mulheres têm até 10 vezes mais chance de desenvolver a doença;
  • Alterações hormonais: a doença pode aparecer após a gravidez (tireoidite pós-parto);
  • Excesso de iodo: suplementação inadequada pode desencadear ou agravar o quadro;
  • Estresse e infecções virais: podem funcionar como gatilhos em pessoas predispostas a ter a doença.

Sintomas da síndrome de Hashimoto

Os sintomas variam conforme o grau de comprometimento da tireoide. No início, podem ser sutis ou até inexistentes, então muita gente nem nota. À medida que a glândula perde sua função, o corpo desacelera e os sintomas aparecem.

Os sinais mais comuns são:

  • Cansaço constante e sono excessivo;
  • Ganho de peso sem explicação;
  • Queda de cabelo e pele seca;
  • Sensação de frio mesmo em dias quentes;
  • Inchaço no rosto e nas pálpebras;
  • Constipação (intestino preso);
  • Alterações de humor, como tristeza e irritabilidade;
  • Dificuldade de concentração e memória;
  • Menstruação irregular.

Em alguns casos pode acontecer um aumento do volume da tireoide, conhecido como bócio, que pode ser percebido como um pequeno caroço no pescoço.

Como é feito o diagnóstico da síndrome de Hashimoto

O diagnóstico é confirmado por meio de exames de sangue que avaliam os níveis dos hormônios tireoidianos (T3, T4 e TSH) e dos anticorpos antitireoidianos — especialmente o anti-TPO (antiperoxidase tireoidiana), que costuma estar elevado na doença.

O ultrassom da tireoide também pode ser solicitado pelo médico para observar o tamanho e a textura da glândula.

Tratamento da síndrome de Hashimoto

Não existe cura para a síndrome de Hashimoto, mas o tratamento é simples e eficaz. O objetivo é repor os hormônios que a tireoide deixou de produzir.

O médico endocrinologista prescreve a levotiroxina, uma versão sintética do hormônio T4. A dose é ajustada individualmente, com base nos exames e sintomas.

Além do remédio, é importante:

  • Fazer acompanhamento periodicamente com o médico;
  • Tomar o hormônio em jejum, sempre no mesmo horário;
  • Evitar automedicação e suplementos sem orientação;
  • Manter alimentação equilibrada, rica em frutas, verduras e proteínas magras.

Síndrome de Hashimoto tem cura?

Não. A síndrome de Hashimoto é uma doença crônica, o que significa que o tratamento precisa ser contínuo. Com o uso correto da medicação e acompanhamento médico, porém, a pessoa pode levar uma vida absolutamente normal, com energia e qualidade de vida.

Quando procurar um médico

Procure um endocrinologista se você notar sintomas como cansaço persistente, ganho de peso inexplicável, queda de cabelo ou irregularidade menstrual. Quanto mais cedo a doença for diagnosticada, mais simples é o controle e menor o risco de complicações.

Veja mais: Nódulos na tireoide: quando se preocupar e como diferenciar benignos de malignos

Perguntas frequentes sobre a síndrome de Hashimoto

1. A síndrome de Hashimoto é a mesma coisa que hipotireoidismo?

Não exatamente. O Hashimoto é a causa mais comum de hipotireoidismo, mas nem todo hipotireoidismo é causado por Hashimoto.

2. Quem tem Hashimoto pode engravidar?

Sim, mas é importante manter o tratamento e acompanhamento médico. O controle hormonal é essencial para uma gestação saudável.

3. A alimentação influencia a doença?

Sim. O excesso de iodo e o consumo exagerado de alimentos ultraprocessados podem prejudicar o controle. É recomendável uma dieta equilibrada.

4. O glúten deve ser cortado?

Algumas pessoas relatam melhora dos sintomas sem glúten, especialmente se têm sensibilidade, mas não há consenso científico de que isso seja obrigatório.

5. O tratamento é para sempre?

Na maioria dos casos, sim. Como a glândula perde a capacidade de produzir hormônios, é necessário repor continuamente.

6. Existe risco de complicações?

Sim, se não for tratada, a doença pode causar hipotireoidismo grave, com risco para coração, metabolismo e fertilidade.

7. Hashimoto pode causar depressão?

Sim. A falta dos hormônios tireoidianos atinge o humor e pode contribuir para sintomas de depressão, que costumam melhorar com o tratamento.

Leia também: Tireoide: a pequena glândula que comanda o corpo inteiro

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Escrito por Dra. Juliana Soares

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