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DOENÇAS & CONDIÇÕES

Sarampo: conheça os sinais e veja o que fazer em caso de contato 

Altamente contagioso, o sarampo voltou a circular em vários países; entenda os sintomas, riscos e como a vacina protege

Dra. Juliana Soares

Dra. Juliana Soares

5min • 2 de nov. de 2025

Criança com bicho de pelúcia recebe reforço de vacina contra sarampo

O sarampo é uma doença infecciosa viral causada pelo paramixovírus, e se espalha facilmente pelo ar, através de gotículas expelidas ao tossir, falar ou espirrar | Foto: Freepik

Durante décadas, o sarampo foi considerado uma doença praticamente erradicada no Brasil. No entanto, a queda na cobertura vacinal nos últimos anos fez com que o vírus voltasse a circular e causasse novos surtos. Extremamente contagiosa, essa infecção viral pode provocar febre alta, manchas na pele e complicações graves, especialmente em crianças pequenas e pessoas não vacinadas.

Transmitido pelo ar e capaz de permanecer suspenso por horas, o sarampo é uma das doenças infecciosas mais contagiosas conhecidas. A vacinação completa continua sendo a melhor forma de proteção — e também a principal maneira de evitar que o país volte a enfrentar grandes epidemias.

O que é o sarampo

O sarampo é uma doença infecciosa viral causada pelo paramixovírus, e se espalha facilmente pelo ar, através de gotículas expelidas ao tossir, falar ou espirrar. O vírus pode permanecer ativo no ambiente por várias horas, o que explica sua alta taxa de contágio.

O período de incubação (tempo entre o contato com o vírus e o início dos sintomas) varia de 8 a 12 dias. A pessoa infectada começa a transmitir o vírus cerca de dois dias antes dos primeiros sintomas e permanece contagiosa até quatro dias após o surgimento das manchas na pele.

Sintomas e evolução da doença

O sarampo apresenta um quadro clínico clássico, dividido em duas fases principais:

Fase inicial (prodrômica)

Dura de 3 a 4 dias e se assemelha a uma gripe forte, com:

  • Febre alta e progressiva, que atinge o pico no início do exantema;
  • Tosse seca e persistente;
  • Mal-estar, fraqueza e cansaço;
  • Dor de cabeça;
  • Coriza (nariz escorrendo);
  • Olhos vermelhos e sensíveis à luz (fotofobia).

Um sinal característico nessa fase são as manchas de Koplik, pequenas manchas brancas e azuladas na parte interna das bochechas, consideradas um marcador típico da doença.

Fase das manchas na pele (exantemática)

Nesta etapa, surgem manchas avermelhadas e levemente elevadas (exantema morbiliforme), que:

  • Começam atrás das orelhas;
  • Espalham-se para rosto, pescoço, tronco, braços e pernas;
  • Podem se unir em algumas regiões;
  • Desaparecem após 3 a 4 dias, deixando a pele com manchas acastanhadas temporárias.

Durante essa fase, o paciente costuma ter o pior estado geral, com febre alta, tosse forte e aspecto abatido.

Complicações possíveis

Embora seja conhecida como uma doença da infância, o sarampo pode causar complicações graves, especialmente em:

  • Crianças pequenas;
  • Gestantes;
  • Pessoas desnutridas;
  • Indivíduos com imunidade baixa.

Complicações mais comuns

  • Otite média (infecção no ouvido);
  • Laringite e traqueobronquite;
  • Pneumonia viral ou bacteriana;
  • Diarreia intensa e desidratação;
  • Infecções oculares, podendo causar cegueira;
  • Encefalite (inflamação cerebral);
  • Panencefalite esclerosante subaguda — que aparece anos depois e causa deterioração progressiva do sistema nervoso.

Diagnóstico

O diagnóstico pode ser clínico, com base nos sintomas e sinais característicos. No entanto, recomenda-se confirmação laboratorial por meio de:

  • Exame de sangue (sorologia) para detecção de anticorpos IgM;
  • Teste de PCR, que identifica o material genético do vírus.

Esses exames são importantes para confirmar o diagnóstico e monitorar surtos da doença.

Tratamento

Não existe um tratamento específico contra o vírus do sarampo. O cuidado é feito com medicações para alívio dos sintomas, repouso e hidratação.

  • Uso de antitérmicos e analgésicos, conforme orientação médica;
  • Vitamina A (palmitato de retinol), recomendada pela OMS para reduzir complicações, morbidade e mortalidade da doença.

O acompanhamento médico é essencial, especialmente em crianças pequenas, para evitar desidratação e infecções secundárias.

Situação atual

O Brasil recebeu, em 2016, o certificado de eliminação do sarampo pela Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS). Contudo, o vírus voltou a circular nos últimos anos devido à redução das taxas de vacinação.

Durante a pandemia de covid-19, houve queda temporária nos casos, consequência do isolamento social. Mas, com o retorno da circulação de pessoas, os números voltaram a subir.

Em abril de 2025, foram registrados 2.325 casos confirmados nas Américas, com quatro mortes — um aumento de 11 vezes em relação ao mesmo período de 2024.

Diante disso, o Ministério da Saúde reintroduziu a dose zero (D0) da vacina contra sarampo em locais de maior risco, reforçando a importância da imunização.

Prevenção

A vacinação é a forma mais eficaz de prevenir o sarampo. A vacina contém vírus vivo atenuado e é aplicada da seguinte forma:

  • 1ª dose: aos 12 meses (tríplice viral – sarampo, caxumba e rubéola);
  • 2ª dose: aos 15 meses (tetraviral – sarampo, caxumba, rubéola e varicela).

Dose zero (D0)

Devido ao aumento de casos, foi instituída uma dose adicional para crianças de 6 meses residentes em áreas de maior risco, como:

  • Roraima e Amapá;
  • Região Metropolitana de Belém e de São Paulo;
  • Municípios de fronteira e da Região Sul.

Essa dose oferece proteção temporária, mas não substitui as doses do calendário regular.

Cuidados com pessoas expostas ao vírus

Quem teve contato com alguém com sarampo e não foi vacinado nem teve a doença deve seguir estas orientações:

  • Até 72 horas após a exposição: aplicar a vacina contra o sarampo;
  • Entre 3 e 6 dias após o contato: aplicar imunoglobulina humana, que oferece proteção temporária.

Durante o período de contágio, recomenda-se isolamento respiratório, com uso de máscara, por pelo menos 4 dias após o início das manchas.

Veja também: Escarlatina: uma infecção antiga que ainda exige atenção hoje

Perguntas frequentes sobre sarampo

1. O que é o sarampo?

É uma infecção viral altamente contagiosa que provoca febre alta, manchas vermelhas na pele e pode causar complicações graves.

2. Como o sarampo é transmitido?

Pelo ar, através de gotículas expelidas ao tossir, espirrar ou falar. O vírus pode permanecer suspenso por horas.

3. Quais são os primeiros sintomas do sarampo?

Febre alta, tosse seca, coriza, olhos vermelhos e pequenas manchas brancas na mucosa da boca (manchas de Koplik).

4. Quando surgem as manchas na pele?

Geralmente após 3 a 4 dias dos sintomas iniciais, começando atrás das orelhas e se espalhando pelo corpo.

5. Existe tratamento para o sarampo?

Não há tratamento específico. O cuidado é de suporte, com medicações para sintomas e vitamina A.

6. Quem deve tomar a vacina contra o sarampo?

Todas as pessoas conforme o calendário: 1ª dose aos 12 meses e 2ª aos 15 meses; adultos não vacinados também devem se imunizar.

7. O que é a dose zero da vacina?

É uma dose adicional aplicada em crianças de 6 meses em áreas com maior risco de surtos.

8. O sarampo pode matar?

Sim. A doença pode causar pneumonia, encefalite e outras complicações graves, especialmente em crianças pequenas.

Veja mais: Catapora: tudo o que você precisa saber sobre sintomas e prevenção

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Escrito por Dra. Juliana Soares

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