DOENÇAS & CONDIÇÕES
Quando o intestino inflama: o que é a retocolite ulcerativa
A doença inflamatória intestinal pode afetar a qualidade de vida e exige acompanhamento contínuo; saiba mais

Dra. Juliana Soares
5min • 20 de dez. de 2025

A retocolite ulcerativa é uma inflamação crônica do intestino grosso, com períodos de crise e remissão | Foto: Freepik
A diarreia com sangue, a dor abdominal frequente e a sensação constante de urgência para ir ao banheiro não costumam ser encaradas como algo normal. Quando esses sintomas se repetem ou persistem, podem indicar uma doença inflamatória intestinal que exige acompanhamento médico contínuo: a retocolite ulcerativa.
Apesar de não ter cura, a retocolite ulcerativa pode ser controlada. Com diagnóstico precoce, tratamento adequado e seguimento regular, muitas pessoas conseguem manter boa qualidade de vida e longos períodos sem sintomas.
O que é a retocolite ulcerativa?
A retocolite ulcerativa é uma doença inflamatória intestinal crônica que afeta a mucosa do intestino grosso. A inflamação começa no reto e pode se estender de forma contínua por todo o cólon.
Trata-se de uma condição sem cura definitiva, mas com tratamento voltado para o controle da inflamação, redução das crises e prevenção de complicações. A doença atinge homens e mulheres de forma semelhante, com maior incidência entre os 20 e 40 anos e um segundo pico em idosos.
Outro ponto importante é o aumento do risco de câncer colorretal, especialmente em pessoas com doença de longa duração, o que torna o acompanhamento regular indispensável.
Principais sintomas
Os sintomas estão relacionados à inflamação da mucosa intestinal e podem variar de intensidade.
Sintomas intestinais mais comuns
- Diarreia com sangue, com ou sem muco;
- Dor abdominal;
- Febre;
- Perda de peso.
Os sintomas costumam surgir de forma gradual e evoluem em fases de crise, intercaladas com períodos de remissão, quando o paciente pode ficar assintomático.
Manifestações fora do intestino
- Uveíte e esclerite (olhos);
- Artrite (articulações);
- Eritema nodoso (lesões na pele).
Complicações possíveis
- Sangramento intestinal importante;
- Colite fulminante;
- Perfuração do intestino.
O que causa a retocolite ulcerativa?
A retocolite ulcerativa não tem uma causa única definida. Sabe-se que existe um componente genético importante, com maior risco em pessoas que têm familiares com doenças inflamatórias intestinais.
Além disso, fatores como alterações da microbiota intestinal e respostas imunológicas inadequadas contribuem para o desenvolvimento da inflamação crônica no intestino grosso.
Como é feito o diagnóstico?
O diagnóstico é baseado na história clínica, nos sintomas e em exames complementares.
Exames iniciais
- Exames de fezes, para descartar infecções intestinais;
- Exames de sangue, que podem mostrar sinais de inflamação.
Exame padrão-ouro
A colonoscopia com biópsia é o exame mais importante. Ela permite:
- Visualizar a inflamação contínua do intestino;
- Diferenciar a retocolite de outras doenças, como a doença de Crohn;
- Afastar câncer colorretal.
Exames de imagem, como tomografia, podem auxiliar, mas não substituem a colonoscopia.
Tratamento da retocolite ulcerativa
O tratamento depende da extensão e da gravidade da doença.
Tratamento inicial
- Medicamentos anti-inflamatórios intestinais, como sulfassalazina;
- Corticoides, por via oral ou retal, durante as crises.
Escalonamento do tratamento
Se não houver melhora em cerca de duas semanas, podem ser indicados imunossupressores mais potentes.
Cirurgia
Em situações específicas, como:
- Sangramento importante;
- Perfuração;
- Colite fulminante;
- Falha do tratamento medicamentoso.
A cirurgia para retirada do intestino grosso pode ser necessária e tem caráter curativo.
O que esperar
Na maioria dos casos, a perspectiva para os primeiros 10 anos após o diagnóstico é boa, com muitos pacientes permanecendo em remissão, ou seja, sem atividade da doença.
Apesar da baixa mortalidade, a doença pode impactar a qualidade de vida. Por isso, é importante ter acompanhamento regular com gastroenterologista e realizar colonoscopias periódicas para rastreio de câncer colorretal.
Leia mais: Colonoscopia: o exame que avalia o intestino
Perguntas frequentes sobre retocolite ulcerativa
A retocolite ulcerativa tem cura?
Não. A doença é crônica, mas pode ser controlada com tratamento adequado.
Retocolite ulcerativa é a mesma coisa que doença de Crohn?
Não. Ambas são doenças inflamatórias intestinais, mas apresentam padrões diferentes de acometimento.
Quem tem retocolite sempre tem diarreia com sangue?
Não necessariamente. O sintoma é comum, mas pode variar conforme a fase da doença.
A doença aumenta o risco de câncer?
Sim. O risco de câncer colorretal é maior, especialmente em casos de longa duração.
A cirurgia resolve o problema?
Em casos indicados, a cirurgia pode ser curativa, pois remove o intestino grosso afetado.
A alimentação influencia?
A alimentação não causa a doença, mas pode ajudar a controlar os sintomas durante as crises.
É possível levar uma vida normal?
Sim. Com acompanhamento adequado, muitos pacientes vivem bem e sem sintomas por longos períodos.
Leia mais: Câncer colorretal: entenda mais sobre o terceiro tipo de tumor mais frequente no Brasil

