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DOENÇAS & CONDIÇÕES

Rabdomiólise: saiba mais sobre a doença que deixa o xixi preto

Dra. Juliana Soares

Dra. Juliana Soares

5min • 19 de out. de 2025

Peixes frescos prontos para serem vendidos, mas comprador se questiona sobre o risco de rabdomiólise

A rabdomiólise acontece quando há destruição das fibras musculares, e pode também estar ligada ao consumo de certos tipos de peixe

A rabdomiólise é uma condição médica que pode surgir de forma inesperada e causar sérios danos ao organismo. Ela ocorre quando há destruição das fibras musculares, liberando substâncias como mioglobina e enzimas na corrente sanguínea. Esse processo sobrecarrega principalmente os rins e pode levá-los à falência se o tratamento não for iniciado rapidamente.

Embora possa ter várias causas — de acidentes e esforço físico intenso a reações a medicamentos ou infecções — a rabdomiólise também aparece em situações raras, como na doença de Haff, relacionada ao consumo de certos tipos de peixe. Reconhecer os sintomas precocemente é essencial para evitar complicações graves.

O que é a rabdomiólise

É uma condição caracterizada pela destruição das fibras musculares esqueléticas, responsáveis pelos movimentos. Quando isso ocorre, o conteúdo celular (mioglobina, enzimas e eletrólitos) é liberado no sangue, podendo causar:

  • Sobrecarga dos rins;
  • Alterações cardíacas;
  • Complicações potencialmente fatais, se não tratada rapidamente.

Causas mais comuns

A rabdomiólise pode ter causas traumáticas (físicas) ou não traumáticas.

Traumáticas ou físicas

  • Lesões graves (acidentes, quedas);
  • Imobilização prolongada (coma, uso de drogas ou álcool);
  • Queimaduras extensas, choques elétricos ou raio;
  • Exercícios físicos intensos, principalmente em pessoas não acostumadas.

Não traumáticas ou não físicas

  • Uso de certos medicamentos;
  • Infecções virais ou bacterianas;
  • Distúrbios metabólicos e hormonais (diabetes descompensado, alterações de cálcio e potássio);
  • Toxinas (picadas de cobras, insetos, cogumelos ou álcool em excesso);
  • Doenças musculares genéticas, como distrofias.

Sinais e sintomas da rabdomiólise

  • Fraqueza muscular;
  • Dor nos músculos;
  • Inchaço localizado na região afetada;
  • Urina escura, semelhante à cor de “coca-cola” (pela presença de mioglobina).

Em casos graves, podem surgir:

  • Insuficiência renal aguda;
  • Arritmias cardíacas;
  • Distúrbios de coagulação.

Diagnóstico

O diagnóstico é feito por avaliação clínica e exames laboratoriais.

Exames laboratoriais

  • CPK (creatinofosfoquinase): principal marcador de destruição muscular. Níveis acima de 5x o normal indicam suspeita;
  • Mioglobina na urina: confirma liberação da proteína muscular;
  • Função renal: creatinina e ureia avaliam o comprometimento dos rins;
  • Eletrocardiograma: detecta arritmias causadas por desequilíbrios de eletrólitos.

Possíveis complicações

  • Lesão renal aguda: mioglobina danifica os túbulos renais;
  • Alterações de cálcio e potássio: causam arritmias e risco de parada cardíaca;
  • Síndrome compartimental: aumento da pressão dentro do músculo, reduzindo a circulação;
  • Distúrbios de coagulação: em casos graves, o sangue pode perder a capacidade de coagular.

Tratamento da rabdomiólise

O tratamento deve começar o mais rápido possível, preferencialmente em ambiente hospitalar.

Medidas principais

  • Hidratação venosa intensa (soro fisiológico) para ajudar os rins a eliminar a mioglobina;
  • Monitoramento constante de urina e exames de sangue;
  • Correção de alterações eletrolíticas (como excesso de potássio);
  • Suspensão de medicamentos causadores, se houver.

Em casos graves

  • Hemodiálise: quando há insuficiência renal aguda;
  • Fasciotomia: cirurgia emergencial usada na síndrome compartimental para aliviar a pressão muscular.

Doença de Haff — quando o peixe pode causar rabdomiólise

A doença de Haff é uma forma rara de rabdomiólise que aparece até 24h após o consumo de peixe ou crustáceos, mesmo que estejam bem cozidos e aparentemente frescos.

Acredita-se que esteja ligada a toxinas naturais presentes em certos pescados, ainda não totalmente identificadas.

Sintomas da doença de Haff

  • Dor e fraqueza muscular intensa;
  • Urina escura;
  • Mal-estar geral.

Diagnóstico e tratamento da doença de Haff

O diagnóstico baseia-se no consumo recente de pescado (até 24h antes) e no aumento da CPK. O tratamento segue o mesmo protocolo da rabdomiólise: hidratação venosa vigorosa, monitoramento renal e controle das complicações.

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Perguntas frequentes sobre rabdomiólise

1. A rabdomiólise pode acontecer após exercício físico?

Sim. Esforços intensos, especialmente em pessoas sem preparo, estão entre as causas mais frequentes.

2. Urina escura sempre indica rabdomiólise?

Nem sempre, mas é um sinal de alerta importante. A presença de mioglobina na urina deve ser investigada imediatamente.

3. A rabdomiólise tem cura?

Sim. Com diagnóstico e tratamento precoces, a recuperação costuma ser completa.

4. Todo caso precisa de internação?

Não necessariamente. Casos leves podem ser acompanhados com hidratação e monitoramento médico, mas os graves exigem internação.

5. O que acontece se a rabdomiólise não for tratada?

Pode causar falência renal, arritmias cardíacas e até morte.

6. O peixe causa rabdomiólise sempre que está estragado?

Não. Na doença de Haff, o peixe pode parecer normal. O problema está em toxinas naturais ainda não totalmente identificadas.

7. Como evitar a doença de Haff?

Compre peixes e crustáceos de origem confiável e mantenha-os sempre sob refrigeração adequada antes do consumo.

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Escrito por Dra. Juliana Soares

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