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Queda de cabelo: o que causa e quando é preocupante?
A queda de cabelo pode indicar um problema de saúde quando é muito intensa ou aparece junto com outros sintomas

Dra. Flávia Grazielle de Sousa Carneiro
5min • 14 de set. de 2025

A queda de cabelo é um processo natural do organismo e, na maioria dos casos, não deve ser um motivo de preocupação. Na verdade, faz parte do ciclo de crescimento capilar perder fios diariamente (em média, entre 50 e 150 por dia), já que novos cabelos estão sempre em formação para substituir os que caem.
No entanto, quando a queda ultrapassa esse limite ou surge acompanhada de sintomas como afinamento dos fios, falhas visíveis no couro cabeludo ou queda localizada, pode ser sinal de algum tipo de alopecia ou de uma condição clínica que merece atenção. Entenda mais!
Quando a queda de cabelo é normal?
Perder cabelo diariamente é absolutamente normal, e segundo a dermatologista Flávia Grazielle Carneiro, uma pessoa saudável perde cerca de 50 a 150 fios por dia.
Isso acontece porque o cabelo passa por um ciclo natural de crescimento, repouso e queda, chamado ciclo capilar, dividido em três fases:
- Anágena (crescimento): dura de 2 a 7 anos e corresponde a cerca de 85 a 90% dos fios;
- Catágena (transição): dura algumas semanas, quando o fio para de crescer;
- Telógena (repouso e queda): dura de 2 a 4 meses, quando o fio antigo cai e dá espaço para o nascimento de um novo.
Além disso, alguns fatores do dia a dia também podem provocar um aumento momentâneo da queda de cabelo, como:
- Estresse emocional: situações de tensão, ansiedade ou cansaço físico podem desregular temporariamente o ciclo capilar e levar a uma queda um pouco mais intensa. Com a rotina estabilizada, os fios tendem a se recuperar naturalmente;
- Procedimentos químicos e escovas frequentes: tinturas, alisamentos e uso contínuo de chapinha ou secador podem fragilizar o fio e gerar quebra, prejudicando a aparência e a resistência dos cabelos;
- Troca de estação: algumas pessoas podem notar mais fios caindo no outono (eflúvio telógeno sazonal). Costuma ser discreto e autolimitado e não ocorre com todos.
No geral, se a quantidade de fios caindo está dentro da faixa considerada normal e não há falhas visíveis no couro cabeludo, dificilmente há motivo para preocupação imediata. Observe a evolução ao longo das semanas e adote hábitos que preservem a saúde capilar.
Idade influencia na queda de cabelo?
Sim. “Com a idade, ocorre uma redução natural da densidade capilar e um aumento da queda. Uma avaliação minuciosa é necessária para diagnosticar o que é normal e o que é patológico”, explica a dermatologista Flávia Grazielle Carneiro.
Quando a queda de cabelo merece atenção?
É importante ter atenção quando a perda de cabelo vai além do esperado ou vem acompanhada de outros sinais, como:
- Queda repentina e intensa, perceptível em poucos dias ou semanas;
- Surgimento de falhas no couro cabeludo ou áreas com menos cabelo;
- Afinamento progressivo dos fios (topo da cabeça e entradas);
- Coceira, dor, descamação intensa ou vermelhidão no couro cabeludo;
- Histórico familiar de calvície (alopecia androgenética);
- Associação com perda de peso, fadiga, unhas frágeis ou alterações hormonais.
Nessas situações, procure um dermatologista. Quanto mais cedo o diagnóstico, maiores as chances de controlar a queda e estimular o crescimento de novos fios.
Leia mais: Como tratar a alopecia e prevenir a queda de cabelo
O que causa a queda de cabelo?
A queda excessiva pode ter diferentes origens, como:
Alopecia androgenética
Conhecida como calvície hereditária, é a forma mais comum de queda em homens e mulheres. Há predisposição genética e ação de hormônios androgênicos, levando ao afinamento progressivo dos fios.
Nos homens, predomina na frente e no alto da cabeça; nas mulheres, há perda difusa de volume sem áreas totalmente carecas.
Eflúvio telógeno
Queda repentina em que muitos fios entram ao mesmo tempo na fase de queda. Pode ser desencadeado por:
- Deficiências nutricionais (ferro, zinco, proteínas);
- Alterações hormonais (tireoidianas, pós-parto, menopausa);
- Doenças infecciosas;
- Cirurgias ou uso de medicamentos;
- Estresse físico e emocional.
Alopecia areata
Doença autoimune em que o sistema de defesa ataca os folículos, causando falhas arredondadas no couro cabeludo (podendo atingir sobrancelhas, barba e outros pelos). Costuma ter recidivas, mas há tratamentos que ajudam no controle e na rebrota.
Alterações hormonais
Oscilações hormonais podem causar queda temporária ou acelerar perdas em predispostos, como:
- Gravidez e pós-parto: eflúvio meses após o parto;
- Menopausa: redução de estrogênio, fios menos densos;
- Disfunções tireoidianas: hipo/hipertireoidismo afetam o ciclo capilar.
Doenças autoimunes e dermatológicas
Lúpus, psoríase e dermatite seborreica podem inflamar o couro cabeludo, gerar descamação, coceira e enfraquecimento dos fios.
Hábitos de vida
Dieta pobre em nutrientes, sono ruim, tabagismo e álcool enfraquecem os fios. O estresse pode desencadear ou agravar a queda e aumentar a percepção dos fios perdidos.
Quais exames podem ser feitos para investigar?
Em quedas intensas ou persistentes, o dermatologista pode solicitar:
- Tricoscopia: exame com aumento que avalia couro cabeludo e fios;
- Exames de sangue: para checar deficiências, hormônios e autoimunidade;
- Biópsia do couro cabeludo: em casos selecionados, para análise do folículo.
O que fazer em caso de queda excessiva de cabelo?
Se notar queda acima do normal (tufos, falhas visíveis ou afinamento progressivo), procure um dermatologista. Enquanto isso, adote cuidados:
- Alimentação equilibrada, rica em proteínas, ferro e vitaminas;
- Evitar excesso de químicas e calor;
- Usar produtos adequados ao couro cabeludo;
- Reduzir estresse: sono adequado e atividade física;
- Evitar penteados que tracionem os fios.
O tratamento pode incluir loções estimulantes, medicamentos, suplementos e terapias capilares, conforme o diagnóstico.
É possível evitar a queda de cabelo?
Nem sempre é possível evitar, mas hábitos saudáveis ajudam a preservar os fios e reduzir o risco de queda acentuada:
- Cuidar do couro cabeludo e manter boa higienização;
- Garantir proteínas, ferro, zinco e vitaminas do complexo B na dieta;
- Beber água ao longo do dia;
- Alternar shampoo suave com fórmulas específicas (quando indicado);
- Proteger do sol (chapéus/produtos com filtro UV);
- Evitar químicas agressivas ou espaçá-las adequadamente;
- Evitar dietas muito restritivas;
- Reduzir estresse (exercícios, lazer, relaxamento);
- Dormir bem;
- Usar protetor térmico ao usar calor;
- Evitar prender o cabelo molhado e elásticos muito apertados.
Se notar sinais de queda acima do normal, associados a outros sintomas, busque orientação médica.
Perguntas frequentes
1. É normal perder cabelo todos os dias?
Sim. Todo fio tem um ciclo de vida e, ao final, cai para dar lugar a outro. É normal perder de 100 a 150 fios/dia. Preocupe-se se a queda ultrapassa esse limite ou vier com afinamento e falhas.
2. É verdade que o cabelo cai mais no outono?
Alguns percebem queda um pouco maior (eflúvio sazonal). É discreto, temporário e não ocorre com todos; o crescimento costuma normalizar sozinho.
3. A queda de cabelo pode estar ligada à alimentação?
Sim. Deficiências de ferro, proteínas, zinco, vitamina D e vitaminas do complexo B estão associadas ao enfraquecimento e à queda. Dietas restritivas e jejum prolongado também prejudicam. Prefira dieta variada com carnes magras, ovos, leguminosas, oleaginosas, frutas, verduras e integrais.
4. Quem faz química no cabelo tem mais chance de queda?
Químicas não alteram o folículo, mas fragilizam o fio e aumentam a quebra (muitas vezes confundida com queda). Em excesso, pioram a densidade aparente.
5. Lavar o cabelo todos os dias aumenta a queda?
Não. A lavagem só desprende fios que já cairiam. Evitar lavar não reduz a queda e pode causar oleosidade excessiva, caspa, coceira e inflamação.
Leia também: Queda de cabelo ou alopecia? Saiba quando investigar