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DOENÇAS & CONDIÇÕES

Psoríase: entenda a doença de pele que vai muito além da aparência

Vermelhidão, descamação e coceira são só parte do problema. A psoríase é uma doença inflamatória crônica que exige cuidado contínuo

Dra. Juliana Soares

Dra. Juliana Soares

5min • 9 de nov. de 2025

Homem com psoríase passa creme no cotovelo, região afetada pela doença

A psoríase é uma doença inflamatória crônica da pele, causada por alterações no sistema imunológico, com influência genética | Foto: Freepik

A psoríase é uma das doenças de pele mais comuns e, ao mesmo tempo, uma das mais mal compreendidas. Apesar das manchas vermelhas e da descamação visível, o problema vai muito além da aparência, pois trata-se de uma condição inflamatória crônica ligada ao sistema imunológico, que pode afetar o corpo inteiro e causar impacto na qualidade de vida.

Ainda hoje, muitas pessoas enfrentam preconceito e desinformação, e tudo isso atrasa o diagnóstico e dificulta o tratamento.

Reconhecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como uma doença grave e não contagiosa, a psoríase pode ser controlada com acompanhamento médico, novos medicamentos e mudanças no estilo de vida.

O que é a psoríase?

A psoríase é uma doença inflamatória crônica da pele, causada por alterações no sistema imunológico, com influência genética. Ela pode variar de casos leves a graves e afetar não apenas a pele, mas também as articulações e outros órgãos. Embora não tenha cura, é uma condição que pode ser controlada com tratamento e hábitos saudáveis.

É importante reforçar: a psoríase não é contagiosa. O contato direto com a pele de uma pessoa com psoríase não transmite a doença.

Em 2014, a Organização Mundial da Saúde (OMS) reconheceu a psoríase como uma doença crônica grave e não transmissível, chamando atenção para os impactos emocionais, diagnósticos incorretos e o preconceito que muitos pacientes enfrentam.

Quem pode ter psoríase?

A psoríase pode atingir homens e mulheres de qualquer idade, mas costuma aparecer mais cedo nas mulheres e em quem tem histórico familiar da doença. Os primeiros sinais costumam surgir em duas faixas etárias: entre 20 e 39 anos e novamente entre 50 e 69 anos.

Por que a psoríase acontece?

A psoríase surge por uma combinação de fatores genéticos, imunológicos e ambientais.

Fatores genéticos

Pessoas com parentes de primeiro grau com psoríase têm maior risco de desenvolver a doença. A herança genética pode explicar até 90% da predisposição em alguns casos.

Alterações imunológicas

O sistema de defesa do corpo ataca, por engano, as próprias células da pele. Isso libera substâncias inflamatórias que aceleram a renovação celular, e isso faz com que a pele descame e forme placas avermelhadas.

Gatilhos da psoríase

Estresse;

Infecções;

Tabagismo e consumo de álcool;

Alguns medicamentos (como betabloqueadores, lítio e antimaláricos);

Obesidade;

Clima frio e seco (que resseca a pele).

Sintomas mais comuns

Os sintomas da psoríase variam conforme o tipo e a gravidade. Os mais comuns são:

Manchas vermelhas com descamação branca ou prateada;

Pele ressecada e rachada (às vezes com sangramento);

Coceira, dor ou sensação de queimação;

Unhas grossas, deformadas ou descoladas;

Dor, rigidez ou inchaço nas articulações.

Tipos de psoríase e como se manifestam

Psoríase em placas (vulgar)

É a forma mais comum (90% dos casos). Aparecem placas vermelhas com escamas esbranquiçadas ou prateadas, principalmente nos joelhos, cotovelos, couro cabeludo e região lombar.

Psoríase do couro cabeludo

Provoca descamação intensa e coceira, semelhante à caspa, mas mais espessa e inflamada.

Psoríase ungueal

Afeta as unhas, deixando-as grossas, amareladas e deformadas, podendo até se soltar.

Psoríase gutata

Mais comum em crianças e jovens, geralmente após infecções bacterianas, com pequenas manchas em forma de gota espalhadas pelo corpo.

Psoríase invertida (ou flexural)

Surge em áreas de dobras (axilas, virilhas, sob as mamas), com lesões mais vermelhas e úmidas, sem escamas grossas.

Psoríase pustulosa

Forma grave, com lesões vermelhas cobertas por pequenas bolhas de pus. Pode ser localizada (mãos e pés) ou generalizada, com febre e mal-estar.

Psoríase eritrodérmica

A mais rara e grave, afeta quase todo o corpo com manchas vermelhas e quentes, coceira e febre. Pode exigir internação hospitalar.

Psoríase artropática

Envolve inflamação nas articulações, com dor, rigidez, inchaço e até deformidades.

Como é feito o diagnóstico

O diagnóstico é geralmente clínico, com base na aparência e na distribuição das lesões. Em alguns casos, o dermatologista pode solicitar uma biópsia de pele para confirmar o diagnóstico.

Para avaliar a gravidade, utiliza-se o índice PASI, que mede a vermelhidão, a espessura das placas e a área afetada.

Até 10 pontos: psoríase leve

Acima de 10: psoríase moderada a grave

Tratamentos disponíveis

O tratamento é individualizado e definido pelo dermatologista conforme o tipo e a gravidade da doença.

Casos leves

Cremes e pomadas com corticoides ou derivados da vitamina D;

Hidratação da pele;

Exposição solar moderada e orientada.

Casos moderados

Fototerapia (luz ultravioleta controlada);

Casos graves ou resistentes

Medicamentos orais ou injetáveis;

Terapias biológicas (injeções sob supervisão médica);

Novas terapias orais que modulam a inflamação.

Além do tratamento médico, hábitos saudáveis são bem importantes, como:

Alimentação equilibrada;

Controle do peso;

Atividade física regular;

Manejo do estresse;

Apoio psicológico, quando necessário.

Convivendo com a psoríase

O diagnóstico precoce e o tratamento adequado ajudam a reduzir os sintomas e prevenir complicações. Com os avanços da medicina, é possível que muitas pessoas vivam com a pele praticamente sem lesões, mesmo nos casos graves.

É fundamental não interromper o tratamento por conta própria, pois isso pode agravar a doença. Além disso, o cuidado com o estilo de vida, como dormir bem, praticar exercícios e controlar o estresse ajuda no controle da doença.

Confira: Alergia a níquel de bijuterias: por que acontece, como tratar e se tem cura

Perguntas frequentes sobre psoríase

1. Psoríase é contagiosa?

Não. O contato com a pele de uma pessoa com psoríase não transmite a doença.

2. A psoríase tem cura?

Não existe cura definitiva, mas a doença pode ser controlada com tratamento médico e hábitos saudáveis.

3. O que piora a psoríase?

Estresse, frio, consumo de álcool, tabagismo, obesidade e certos medicamentos podem agravar as crises.

4. Qual médico trata a psoríase?

O dermatologista é o profissional indicado para diagnóstico e tratamento. Em casos com comprometimento das articulações, o reumatologista também pode acompanhar.

5. Psoríase pode causar dor nas articulações?

Sim. A psoríase artropática (artrite psoriásica) pode afetar as articulações e causar dor e rigidez.

6. A exposição ao sol ajuda?

Sim, em quantidades moderadas e com orientação médica, o sol pode ajudar a controlar a inflamação.

7. Alimentação influencia na psoríase?

Sim. Uma dieta equilibrada, rica em frutas, legumes e grãos integrais, e o controle do peso podem ajudar a reduzir as crises.

Veja também: Dermatite atópica: o que é, sintomas e cuidados

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Escrito por Dra. Juliana Soares

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