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DOENÇAS & CONDIÇÕES

Prolapso uterino: o que é, sintomas, o que causa e tratamento

Sensação de peso na pelve, dor lombar e dificuldade urinária estão entre os sintomas mais comuns da condição

Dra. Andreia Sapienza

Dra. Andreia Sapienza

5min • 3 de nov. de 2025

Mulher sentada na cama com as mãos sobre o abdômen, demonstrando sensação de peso ou pressão na pelve, sintoma comum em condições como prolapso uterino

O prolapso uterino acontece pelo enfraquecimento dos músculos e ligamentos que sustentam o útero, estruturas que fazem parte do assoalho pélvico | Foto: Freepik

Você já ouviu falar em prolapso uterino? Com o passar dos anos, o corpo feminino passa por uma série de mudanças que podem afetar a sustentação dos órgãos pélvicos.

O suporte é garantido por músculos e ligamentos que tendem a enfraquecer — seja pela idade ou por situações que aumentam a pressão dentro do abdômen, como a gravidez, a prática de esforço físico intenso ou a constipação crônica.

Quando as estruturas de suporte perdem a força, ocorre o deslocamento dos órgãos da pelve, como o útero ou a bexiga, em direção à vagina. A condição, também chamada de prolapso dos órgãos pélvicos, pode precisar de cirurgia nos casos mais graves.

Conversamos com uma especialista para entender quais são os fatores de risco, os sinais de alerta que merecem atenção e as opções de tratamento disponíveis. Confira!

Afinal, o que é prolapso uterino?

O prolapso uterino acontece pelo enfraquecimento dos músculos e ligamentos que sustentam o útero, estruturas que fazem parte do assoalho pélvico. Isso faz com que os órgãos da pelve (como bexiga, útero ou reto) deslizem de sua posição normal e desçam em direção ao canal vaginal — podendo até sair parcialmente pela vagina em casos mais graves.

De forma simples, é como se o suporte que mantém o útero no lugar não tivesse mais força suficiente. Por isso, algumas mulheres descrevem a sensação de “uma bola na vagina” ou de pressão pélvica.

Segundo a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), o prolapso genital faz parte de um grupo de alterações chamadas desordens do assoalho pélvico, que também incluem incontinência urinária e fecal. Estima-se que 50% das mulheres apresentem algum grau de prolapso em algum momento da vida.

O que causa o prolapso uterino?

O prolapso uterino pode surgir quando os órgãos da pelve perdem o apoio adequado. Isso acontece, principalmente, por mudanças na estrutura da região ou por condições que aumentam a pressão intra-abdominal, como:

  • Partos vaginais: especialmente múltiplos partos ou com uso de fórceps, que podem causar lesões na musculatura de sustentação;
  • Predisposição genética: histórico familiar eleva o risco;
  • Obesidade: o excesso de peso aumenta a pressão sobre o assoalho pélvico, elevando o risco em até 50%;
  • Doenças crônicas: constipação intestinal, tosse crônica (como em DPOC) e outras condições que aumentam a pressão intra-abdominal;
  • Idade avançada: o risco sobe após os 50 anos, especialmente após a menopausa, com queda do estrogênio.

Existem fatores de risco?

De acordo com a ginecologista e obstetra Andreia Sapienza, a gravidez é o principal fator de risco para o prolapso uterino. Outros fatores que contribuem para o enfraquecimento do assoalho pélvico incluem:

  • Envelhecimento, com redução natural de colágeno e elastina;
  • Aumento da pressão abdominal;
  • Obesidade;
  • Presença de miomas;
  • Tumores;
  • Tabagismo, que compromete a qualidade do colágeno.

Sintomas do prolapso uterino

  • Sensação de peso ou pressão na pelve;
  • Impressão de “bola na vagina”;
  • Dor lombar ou pélvica;
  • Dificuldade para urinar ou evacuar;
  • Incontinência urinária ou fecal;
  • Desconforto ou dor durante a relação sexual;
  • Em casos avançados, visualização do útero saindo pelo canal vaginal.

Nem todas as mulheres apresentam sintomas intensos. Em graus leves, a condição pode ser descoberta em exames de rotina, como a ultrassonografia.

Graus do prolapso uterino

  • Grau I (leve): o útero desce um pouco, mas não chega à abertura vaginal;
  • Grau II (moderado): o útero chega próximo à abertura da vagina;
  • Grau III (avançado): parte do útero ultrapassa a entrada da vagina;
  • Grau IV (grave): o útero sai quase totalmente pela vagina (procidência uterina).

A classificação orienta a escolha do tratamento mais adequado.

Como é feito o diagnóstico?

O diagnóstico costuma ser clínico, durante a consulta ginecológica. O médico considera os sintomas e realiza exame físico em posição ginecológica. Em alguns casos, pode solicitar a manobra de Valsalva (esforço semelhante ao de evacuar) para evidenciar a descida do útero.

Dependendo do quadro, podem ser solicitados exames complementares, como ultrassonografia transvaginal ou ressonância magnética.

Tratamento de prolapso uterino

O tratamento depende do grau do prolapso, dos sintomas, da idade e do impacto na qualidade de vida. De acordo com a Febrasgo, pode ser conservador ou cirúrgico.

Tratamento conservador

  • Pessários vaginais: dispositivos de silicone ou borracha inseridos na vagina para sustentar o útero e aliviar sintomas — indicados especialmente para pacientes idosas, com comorbidades ou que não desejam cirurgia;
  • Fisioterapia pélvica: exercícios específicos para fortalecer o assoalho pélvico, reduzir desconfortos e retardar a progressão em estágios leves;
  • Mudanças no estilo de vida: controle do peso, combate à constipação, prática de atividade física orientada e redução de esforços (como carregar muito peso).

Tratamento cirúrgico

A cirurgia é indicada nos casos graves, escolhida conforme a gravidade e as necessidades da paciente. Segundo a ginecologista Andreia Sapienza, o procedimento pode ser feito por via vaginal ou por videolaparoscopia. Não se trata, em geral, de cirurgia de grande porte (sem abertura da cavidade abdominal), e a recuperação costuma ser mais rápida.

É possível evitar?

  • Manter o peso corporal adequado;
  • Evitar esforços excessivos e levantar peso de forma incorreta;
  • Tratar constipação intestinal e tosses crônicas;
  • Fortalecer o assoalho pélvico (exercícios de Kegel, pilates com foco pélvico);
  • Realizar acompanhamento ginecológico regular.

Embora seja mais comum a partir dos 55 anos, o prolapso pode ocorrer em qualquer fase da vida. Cada caso deve ser avaliado individualmente.

Confira: Adenomiose: o que é, sintomas, causas e tratamento

Perguntas frequentes sobre prolapso uterino

1. O prolapso uterino pode voltar depois do tratamento?

Sim. Há possibilidade de retorno, pois o enfraquecimento do assoalho pélvico pode continuar ao longo do tempo. Cirurgias têm altas taxas de sucesso, mas não garantem 100% de eficácia definitiva. Fisioterapia pélvica e manutenção do peso adequado costumam ser recomendadas mesmo após a intervenção.

2. O prolapso uterino causa dor?

A dor não é o sintoma mais típico, mas pode ocorrer. É comum relatar sensação de peso, pressão ou incômodo pélvico, que pode piorar ao ficar muito tempo em pé ou durante esforços. Em graus avançados, pode haver dor lombar ou desconforto nas relações sexuais.

3. O prolapso uterino pode desaparecer sozinho?

Não. Uma vez instalado, pode permanecer estável por um período ou progredir. A melhora significativa depende de tratamento conservador ou cirúrgico.

4. Prolapso uterino pode virar câncer?

Não. O prolapso é uma alteração anatômica e não evolui para câncer. Ainda assim, os exames preventivos (como o Papanicolau) devem ser mantidos em dia, pois as condições podem coexistir.

5. Prolapso uterino é grave?

Não costuma representar risco imediato à vida, mas pode ser grave quando compromete o dia a dia ou há complicações (infecções urinárias recorrentes, retenção urinária, obstrução intestinal, dificuldade para caminhar). Em estágios avançados, o útero pode ultrapassar a abertura vaginal, causando desconforto e risco de lesões.

6. Prolapso uterino pode causar sangramento?

O prolapso em si geralmente não causa sangramento, mas o atrito do útero ou da mucosa vaginal exposta pode gerar irritações, pequenas lesões ou úlceras com sangramento. O sintoma deve ser avaliado, pois pode ter outras causas ginecológicas.

Veja mais: Exame preventivo ginecológico: o que é e quando fazer

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Escrito por Dra. Andreia Sapienza

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