BEM-ESTAR & ESTILO DE VIDA
Produtos hipoalergênicos: o que significam e como funcionam
Geralmente, são produtos que evitam substâncias com alto potencial alergênico, como fragrâncias, corantes e conservantes fortes

Dra. Brianna Nicoletti
5min • 25 de nov. de 2025

Na prática, um produto hipoalergênico é formulado para reduzir o risco de causar alergias ou irritações na pele | Foto: Freepik
A variedade de itens de autocuidado disponíveis nos supermercados é enorme — mas você sabe como escolher? Para quem tem pele sensível, histórico de dermatite ou tendência a alergias de contato, os produtos hipoalergênicos se popularizaram pelas formulações suaves e com menor risco de irritação.
Para entender como eles funcionam e como são regulamentados, conversamos com a alergologista Brianna Nicoletti e esclarecemos tudo em detalhes, a seguir!
Na prática, o que significa ser hipoalergênico?
Na prática, um produto hipoalergênico é formulado para reduzir o risco de causar alergias ou irritações na pele. Isso significa que ele contém ingredientes com menor potencial alergênico, como fragrâncias, corantes e certos conservantes, e passa por testes dermatológicos específicos para avaliar sua tolerância em peles sensíveis.
No entanto, vale apontar que hipoalergênico não quer dizer que o produto seja totalmente livre de risco. Cada organismo reage de forma diferente, e mesmo substâncias seguras para a maioria das pessoas podem causar desconforto em algumas. O termo indica apenas que a probabilidade de reação é menor em comparação a produtos comuns.
“Nenhum cosmético é universalmente seguro. A resposta da pele depende de múltiplos fatores: genética, estado da barreira cutânea, uso prévio de produtos e presença de doenças como dermatite atópica ou rosácea. Mesmo ingredientes considerados neutros podem provocar reações em pessoas predispostas”, complementa Brianna.
A especialista lembra ainda que, no Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) exige que as empresas realizem testes dermatológicos para validar o rótulo, avaliando a tolerância cutânea em voluntários sob supervisão médica.
Como é feita a avaliação para que um cosmético seja hipoalergênico?
A avaliação para que um cosmético seja considerado hipoalergênico envolve uma série de testes científicos e clínicos conduzidos sob supervisão dermatológica. O objetivo é verificar se o produto tem baixo potencial de causar reações alérgicas ou irritações cutâneas, especialmente em pessoas com pele sensível.
De acordo com Brianna, a avaliação é feita especialmente por meio de testes de sensibilidade rigorosos — como o teste de contato (ou patch test), realizado em laboratórios especializados com um grupo de voluntários, incluindo, muitas vezes, pessoas com histórico de peles sensíveis ou alergias conhecidas.
“Esses testes envolvem aplicação do produto em uma pequena área da pele de voluntários com histórico de sensibilidade, observando a presença de irritação, coceira, vermelhidão ou outras reações. Caso a taxa de resposta alérgica seja mínima, o produto é classificado como hipoalergênico”, esclarece a alergologista.
No entanto, os critérios podem variar entre países e não existe uma padronização global. Isso torna fundamental considerar a credibilidade do fabricante e a supervisão científica do teste, segundo Brianna.
Quando os produtos hipoalergênicos são indicados?
Os produtos hipoalergênicos são indicados principalmente para pessoas com pele sensível, dermatite atópica, rosácea, alergias de contato ou histórico de irritações cutâneas. Eles ajudam a reduzir o risco de reações adversas causadas por fragrâncias, corantes, conservantes e outras substâncias irritantes comuns em cosméticos tradicionais.
Também são recomendados para bebês, crianças e idosos, já que a pele desses grupos costuma ser mais fina e delicada, com a barreira cutânea menos resistente. Em situações de pós-procedimentos dermatológicos, como peelings, depilação a laser ou cirurgias estéticas, os hipoalergênicos também podem ser indicados por oferecerem fórmulas mais suaves e seguras.
Ainda assim, Brianna aponta que é importante observar a composição e preferir produtos de marcas que realizam testes clínicos sob supervisão de dermatologistas e alergistas.
Qual a diferença entre hipoalergênico e antialérgico?
A principal diferença está no propósito e na forma de ação de cada um.
- Produtos hipoalergênicos: formulados para reduzir o risco de causar reações em pessoas sensíveis. Contêm menos substâncias irritantes e passam por testes dermatológicos.
- Produtos antialérgicos: são medicamentos usados para tratar uma reação alérgica já existente, contendo anti-histamínicos ou corticosteroides.
Vale apontar que eles não são intercambiáveis, então um cosmético hipoalergênico não substitui um medicamento antialérgico, e vice-versa. A escolha depende do objetivo: prevenir reações ou tratar uma alergia instalada.
Em casos de irritações recorrentes ou sintomas intensos, o ideal é procurar um dermatologista, que poderá identificar a causa exata da alergia e indicar o tratamento mais adequado — além de orientar sobre os produtos seguros para uso contínuo.
E os produtos “sem fragrância” e “dermatologicamente testados”?
De acordo com Brianna, os conceitos são diferentes, mas complementares:
- Sem fragrância: não possui perfume adicionado, mas pode apresentar o odor natural dos ingredientes.
- Dermatologicamente testado: significa que o produto foi avaliado sob supervisão médica, mas isso não garante ausência de reações.
Cuidados ao usar um produto novo na pele
Antes de usar um produto novo na pele, é importante adotar alguns cuidados para evitar reações adversas, alergias ou irritações, como:
- Aplique uma pequena quantidade na parte interna do antebraço ou atrás da orelha e aguarde 24 a 48 horas. Se houver coceira, ardência ou vermelhidão, não utilize.
- Leia o rótulo com atenção, evitando ingredientes aos quais você já teve sensibilidade.
- Introduza o produto aos poucos, aplicando em dias alternados.
- Evite testar vários cosméticos novos ao mesmo tempo.
Nos primeiros dias, observe sinais como ardência, vermelhidão ou aumento de sensibilidade. Caso ocorram, suspenda o uso e consulte um dermatologista.
Veja também: Alergia a níquel de bijuterias: por que acontece, como tratar e se tem cura
Perguntas frequentes
1. Como identificar se tenho pele sensível ou reativa?
A pele sensível reage facilmente a cosméticos, poluição e variações de temperatura. Já a pele reativa apresenta respostas mais intensas, com descamação ou inflamação. Um dermatologista pode ajudar a identificar gatilhos e ajustar a rotina ideal.
2. Quais ingredientes devem ser evitados por quem tem alergia cutânea?
Alguns ingredientes têm maior potencial alergênico, como parabenos, fragrâncias sintéticas, corantes artificiais, lanolina e certos conservantes. Ácidos e extratos concentrados também podem irritar peles sensíveis.
3. Existe diferença entre alergia e sensibilidade na pele?
Sim! A alergia envolve resposta imunológica, enquanto a sensibilidade é uma irritação mais leve, sem envolvimento do sistema imunológico.
4. Como fazer um teste de toque?
Aplique o produto no antebraço ou atrás da orelha e aguarde 24 a 48 horas. Se não houver reação, o uso tende a ser seguro.
5. Produtos naturais ou veganos são mais seguros?
Não necessariamente. Alguns extratos vegetais e óleos essenciais podem irritar a pele. O importante é avaliar a composição e priorizar produtos com testes clínicos.
6. É seguro usar produtos hipoalergênicos em bebês?
Sim, desde que formulados para o público infantil. Mesmo assim, recomenda-se teste de toque antes do uso regular.
Veja mais: Alergia à tatuagem existe? Saiba mais sobre sintomas e tratamentos

