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Pré-eclâmpsia: o que toda gestante precisa saber
Entenda por que a pressão alta na gestação exige atenção especial e como o pré-natal protege mãe e bebê

Dra. Juliana Soares
5min • 20 de nov. de 2025

Nos quadros graves, o cérebro também pode ser afetado, o que causa convulsões. Nesse estágio, a condição é chamada de eclâmpsia | Foto: Freepik
A pré-eclâmpsia é uma das complicações mais temidas da gestação, e não sem motivo. Embora muitas vezes silenciosa, ela pode evoluir rápido e trazer riscos para a gestante e para o bebê.
A condição costuma surgir a partir da 20ª semana de gestação e envolve aumento da pressão arterial associado à presença de proteína na urina. O acompanhamento rigoroso permite intervir no momento certo, reduzindo riscos graves como eclâmpsia, síndrome HELLP e problemas no desenvolvimento fetal. Entenda mais.
O que acontece no corpo da gestante
A pré-eclâmpsia provoca um estreitamento dos vasos sanguíneos, dificultando a circulação do sangue. Isso pode gerar:
- Inchaço nas mãos, rosto e pernas;
- Perda de proteínas na urina (proteinúria), indicando sofrimento renal;
- Alterações no fígado, como dor na parte superior do abdômen e aumento de enzimas;
- Distúrbios de coagulação;
- Redução do fluxo sanguíneo para a placenta, prejudicando o crescimento do bebê.
Nos quadros graves, o cérebro também pode ser afetado, o que causa convulsões. Quando isso acontece, chamamos de eclâmpsia, o estágio mais perigoso da doença.
Sintomas que merecem atenção imediata
Mesmo que a gestante se sinta bem, a pré-eclâmpsia pode evoluir sem sinais evidentes. Ainda assim, alguns sintomas devem ser considerados alertas importantes:
- Ddor de cabeça forte e persistente;
- Visão turva, manchas na visão ou sensibilidade à luz;
- Inchaço repentino no rosto, mãos ou pés;
- Dor na parte superior do abdômen;
- Náuseas e vômitos persistentes;
- Falta de ar;
- Diminuição da quantidade de urina.
Como a pressão alta pode ser silenciosa, o pré-natal regular, com aferição de pressão, exames de urina e sangue, é muito importante.
Como é feito o diagnóstico?
A pré-eclâmpsia é diagnosticada quando a gestante apresenta:
- Pressão arterial ≥ 140 x 90 mmHg em duas medições separadas
- Proteinúria, ou seja, presença de proteína na urina
Além disso, podem ser solicitados:
- Outros exames laboratoriais;
- Ultrassonografias para avaliar o bem-estar e crescimento fetal.
Fatores de risco
Algumas mulheres têm maior chance de desenvolver pré-eclâmpsia. Os principais fatores de risco são:
- Primeira gestação;
- Histórico pessoal ou familiar de pré-eclâmpsia;
- Pressão alta crônica;
- Diabetes;
- Obesidade;
- Gravidez múltipla;
- Idade materna acima de 35 anos;
- Doenças autoimunes ou problemas de coagulação.
Possíveis complicações
Quando não tratada, a pré-eclâmpsia pode evoluir para quadros graves, como:
- Eclâmpsia (convulsões);
- Síndrome HELLP;
- Lesões em órgãos como rins, fígado e cérebro;
- Descolamento prematuro de placenta.
Para o bebê, há risco de:
- Restrição de crescimento;
- Baixo peso ao nascer;
- Parto prematuro.
Em situações extremas, há risco de óbito materno e fetal.
Tratamento e cuidados
Toda gestante com pré-eclâmpsia precisa de acompanhamento rigoroso em ambiente hospitalar ou unidade de alto risco. A doença é imprevisível e pode se agravar rapidamente.
O tratamento depende da gravidade e da idade gestacional:
- Casos leves: controle da pressão com medicamentos, repouso orientado, exames frequentes e vigilância médica constante;
- Casos graves: pode ser necessário antecipar o parto para proteger mãe e bebê.
A importância do pré-natal
A melhor forma de evitar complicações é um pré-natal bem feito. É nele que a equipe consegue identificar alterações na pressão arterial, proteinúria e sinais precoces da doença.
Com diagnóstico precoce e manejo adequado, a maioria das mulheres com pré-eclâmpsia pode ter uma gestação segura e um bebê saudável.
Prevenção: o que pode ajudar
Embora não exista forma garantida de evitar a pré-eclâmpsia, algumas medidas reduzem o risco, especialmente em gestantes de alto risco:
- Suplementação de cálcio (se indicada pelo médico);
- Uso de medicamentos preventivos sob orientação;
- Pré-natal regular;
- Controle de peso;
- Manejo adequado de diabetes e pressão alta;
- Hábitos de vida saudáveis e manejo do estresse.
Veja mais: 12×8 já não é normal: nova diretriz muda o que entendemos por pressão alta
Perguntas frequentes sobre pré-eclâmpsia
1. A pré-eclâmpsia sempre causa sintomas?
Não. Muitas vezes é silenciosa, por isso o pré-natal é tão importante.
2. Toda pressão alta na gravidez é pré-eclâmpsia?
Não. A pré-eclâmpsia exige também proteinúria ou outros sinais de comprometimento.
3. Quem teve pré-eclâmpsia em uma gestação terá novamente?
O risco é maior, mas não é regra. O acompanhamento precoce ajuda a prevenir complicações.
4. Como a doença afeta o bebê?
Pode prejudicar o crescimento, causar parto prematuro e reduzir o fluxo sanguíneo para a placenta.
5. A única cura definitiva é o parto?
Sim. A placenta é parte central da doença. Após o parto, os sintomas costumam regredir.
6. Pré-eclâmpsia pode acontecer no pós-parto?
Sim. Pode surgir até 6 semanas após o parto.
7. Exercícios ajudam a prevenir?
Eles ajudam no controle do peso e da saúde geral, mas não garantem prevenção.
Veja também: Tratamento de diabetes gestacional: como é feito?

