Logo Propor

MÃES, PAIS & BEBÊS

Pneumonia silenciosa em crianças: conheça as características da doença

A pneumonia silenciosa tem evolução mais discreta e, muitas vezes, sem os sinais clássicos como febre alta e tosse intensa

Dra. Juliana Sencini

Dra. Juliana Sencini

5min • 21 de out. de 2025

criança pequena com cobertor azul no sofá assoando o nariz com um lenço de papel, aparentando sintomas de pneumonia silenciosa infantil.

A pneumonia silenciosa não é, necessariamente, uma doença sem nenhum sintoma. Entenda quais podem ser as manifestações

A pneumonia é uma infecção nos pulmões que causa inflamação nos alvéolos, que podem se encher de líquido ou pus e dificultar a respiração. Ela costuma causar sintomas clássicos, como tosse intensa, febre alta, calafrios e dor no peito — sendo a maior causa infecciosa de morte em crianças em todo o mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).

No entanto, existem algumas situações em que a doença evolui de forma mais discreta, sem febre ou tosse evidente. Conhecida como pneumonia silenciosa, ela pode passar despercebida, principalmente em crianças, que aparentam apenas um resfriado leve, ficam mais cansadas, sonolentas e com pouco apetite.

Apesar dos sintomas iniciais leves, a evolução clínica da doença pode ser rápida, levando à piora do quadro em pouco tempo. Por isso, é fundamental que os pais fiquem atentos a qualquer mudança na respiração, no sono ou no comportamento da criança, buscando avaliação médica diante de qualquer sinal de alerta.

O que é pneumonia silenciosa e por que acontece

De acordo com a pneumologista pediátrica Juliana Sencini, o termo costuma se referir a casos de pneumonia atípica, normalmente causados por agentes como Mycoplasma pneumoniae ou Chlamydia pneumoniae, que provocam sintomas mais brandos e de início gradual. Por isso, é comum que a doença passe despercebida, atrasando o diagnóstico e o tratamento.

Ela ocorre quando bactérias, vírus ou fungos atingem os pulmões e causam inflamação nos alvéolos — pequenas bolsas de ar responsáveis pela troca de oxigênio. Quando isso acontece, o ar tem dificuldade de circular, prejudicando a respiração e a oxigenação do sangue.

Crianças pequenas, especialmente as menores de 5 anos, são mais vulneráveis porque o sistema imunológico ainda está em desenvolvimento. Além disso, nessa faixa etária, elas nem sempre conseguem expressar o que estão sentindo, o que torna o quadro ainda mais difícil de ser notado pelos pais.

Causas de pneumonia em crianças

A pneumonia infantil pode ser causada por diferentes agentes infecciosos, como:

  • Bactérias: como Streptococcus pneumoniae, Mycoplasma pneumoniae e Haemophilus influenzae;
  • Vírus: como o vírus sincicial respiratório (VSR), influenza (gripe) e adenovírus;
  • Fungos: em casos mais raros, especialmente em crianças com imunidade comprometida.

Outros fatores também aumentam o risco da doença, como baixa imunidade, falta de vacinação, ambientes pouco ventilados e doenças respiratórias prévias — como bronquite e asma.

Sintomas de pneumonia silenciosa infantil

Diferente da pneumonia comum, a versão silenciosa não costuma apresentar febre alta nem tosse persistente. Em muitos casos, os pais acreditam que a criança está apenas gripada ou cansada e não procuram um médico.

Nesse contexto, Juliana aponta alguns sinais para os pais ficarem atentos. Em crianças pequenas, podem surgir sintomas inespecíficos, como:

  • Prostração;
  • Irritabilidade;
  • Choro constante;
  • Vômitos;
  • Diarreia;
  • Lesões de pele, em alguns casos.

Em crianças mais velhas, pode surgir febre baixa, tosse esporádica, dor de cabeça e mal-estar. Inclusive, a criança ainda pode estar ativa e sem grande comprometimento no estado geral.

Pneumonia silenciosa é contagiosa?

Sim. A pneumonia pode ser contagiosa, principalmente quando causada por vírus ou bactérias que se espalham pelo ar. A transmissão ocorre por meio de gotículas expelidas ao tossir, espirrar ou falar.

Mesmo que a criança apresente sintomas leves, ela pode transmitir a infecção a outros pequenos, familiares e colegas de escola. A melhor forma de reduzir o contágio é manter a vacinação em dia, incentivar a lavagem frequente das mãos e evitar aglomerações em períodos de surtos respiratórios.

Quando os pais devem suspeitar de pneumonia silenciosa?

Segundo Juliana, é necessário observar a evolução da criança. Quando os sintomas mencionados anteriormente não melhoram ou demoram muito para regredir, o ideal é procurar avaliação com um pediatra ou pneumologista pediátrico.

Se houver qualquer sinal de gravidade, procure atendimento de emergência o mais rápido possível. Entre os sintomas, destacam-se:

  • Respiração acelerada ou difícil;
  • Sonolência excessiva;
  • Queda na saturação de oxigênio;
  • Recusa alimentar;
  • Lábios ou unhas arroxeados;
  • Vômitos frequentes;
  • Irritação e choro constante sem motivo aparente.

Em muitos casos, os sintomas iniciais são leves, mas a evolução pode ser rápida, resultando em piora significativa em pouco tempo.

Como é feito o diagnóstico?

O diagnóstico da pneumonia atípica envolve avaliação clínica e exames complementares. O pediatra escuta o pulmão da criança com o estetoscópio, em busca de ruídos típicos da infecção, como chiados e crepitações.

Entre os exames mais utilizados, Juliana Sencini destaca a radiografia de tórax, o hemograma e a proteína C reativa, que ajudam a identificar sinais de inflamação e alterações pulmonares. Para uma avaliação mais detalhada, podem ser usados a ultrassonografia ou a tomografia computadorizada, que oferecem imagens mais precisas das estruturas pulmonares.

Quando há necessidade de identificar o agente causador da infecção, podem ser solicitados exames como cultura de microrganismos, painel de PCR respiratório e sorologias.

Nem todos os exames precisam ser realizados em todos os casos; a escolha depende da avaliação médica, da gravidade e dos recursos disponíveis.

Como tratar a pneumonia em crianças?

O tratamento da pneumonia infantil varia conforme a causa e a gravidade do quadro. Quando a infecção é provocada por bactérias, o médico indica antibióticos específicos, escolhidos de acordo com o agente e a idade da criança.

Já as pneumonias virais costumam ser tratadas com medidas de suporte, como hidratação adequada, repouso e alimentação leve. Em alguns casos, o médico pode prescrever analgésicos ou antitérmicos para aliviar os sintomas.

Outros cuidados importantes incluem:

  • Garantir descanso completo para recuperação do corpo;
  • Oferecer bastante líquido para manter a hidratação e eliminar secreções;
  • Priorizar refeições leves e nutritivas;
  • Seguir corretamente as doses e horários dos medicamentos;
  • Manter o ambiente limpo, ventilado e livre de fumaça ou mofo.

Nos casos mais graves, pode ser necessária internação hospitalar para oxigenoterapia e administração de medicamentos intravenosos.

Vale ressaltar que mesmo com melhora dos sintomas, o tratamento deve ser seguido até o fim. Interromper o uso de antibióticos antes do prazo indicado pode favorecer a resistência bacteriana e a recorrência da infecção.

Confira: Pneumonia em crianças: o que causa, sintomas e como tratar

Existe uma forma de prevenir a pneumonia silenciosa?

Nas pneumonias atípicas, a transmissão entre pessoas próximas pode acontecer com facilidade. Por isso, observar se alguém do convívio apresentou sintomas respiratórios semelhantes ajuda o pediatra a identificar a origem da infecção e orientar medidas de prevenção.

A vacinação é o método mais eficaz para prevenir doenças infecciosas, especialmente em crianças. As principais vacinas são a pneumocócica conjugada (VPC) e a Haemophilus influenzae tipo b (Hib), aplicada na vacina Pentavalente, indicadas para menores de 5 anos. No Brasil, o calendário do PNI prevê a aplicação da VPC10 a partir dos 2 meses de idade.

Além da vacinação, alguns hábitos ajudam a proteger as vias respiratórias e fortalecer o sistema imunológico:

  • Lavar as mãos com frequência;
  • Usar máscara em locais de maior risco, como hospitais;
  • Evitar o tabagismo e a exposição à fumaça;
  • Manter alimentação equilibrada e rica em frutas e vegetais;
  • Garantir ambientes bem ventilados e sem mofo.

Durante o outono e o inverno, os cuidados devem ser redobrados, pois a circulação de vírus respiratórios aumenta. O acompanhamento pediátrico regular é essencial para detectar precocemente qualquer alteração respiratória.

Perguntas frequentes sobre pneumonia silenciosa

1. O que diferencia a pneumonia silenciosa da pneumonia comum?

A pneumonia silenciosa, ou atípica, tem evolução mais discreta e pode não apresentar febre alta ou tosse intensa. Já a pneumonia comum causa sintomas mais evidentes, como febre, dor no peito, falta de ar e tosse produtiva. Por ser mais sutil, a forma silenciosa tende a ser diagnosticada mais tardiamente, o que pode atrasar o tratamento.

2. Quando é hora de levar a criança ao hospital?

Se houver respiração acelerada, dificuldade para respirar, sonolência excessiva, recusa alimentar ou coloração arroxeada nos lábios e unhas, é preciso buscar atendimento imediatamente. Crianças pequenas desidratam rápido e podem piorar em poucas horas.

3. Quanto tempo dura o tratamento?

Depende do agente causador e da resposta da criança, mas em geral o uso de antibióticos dura de 7 a 14 dias, enquanto a recuperação completa pode levar até 3 semanas. Nunca interrompa o tratamento antes do tempo indicado.

4. Como identificar pneumonia silenciosa em bebês?

Em bebês, a pneumonia silenciosa é difícil de perceber. Os principais sinais são respiração rápida, curta, com o peito afundando entre as costelas ou as narinas abrindo a cada inspiração. Outros sinais incluem recusa alimentar, choro fraco, sonolência e coloração arroxeada nos lábios ou dedos.

5. O que fazer se a criança piorar durante o tratamento?

Se houver piora dos sintomas — como respiração mais acelerada, sonolência, febre persistente ou recusa alimentar — procure o hospital imediatamente. Isso pode indicar resistência ao antibiótico, infecção secundária ou acúmulo de secreção. Nunca altere o tratamento sem orientação médica.

Leia também: 5 testes obrigatórios que devem ser feitos no recém-nascido

Inscreva-se em nossa newsletter

Receba semanalmente as últimas notícias da área da saúde, cuidado e bem estar.

Foto de Dra. Juliana Sencini

Escrito por Dra. Juliana Sencini

Sobre

Pediatra e pneumo-pediatra

Especialidades/Área de atuação

Pediatria e Pneumologia Pediátrica - CRM/SP 140.350

Group Companies
Waves