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Nódulos na tireoide: quando se preocupar e como diferenciar benignos de malignos
Endocrinologista explica como surgem os nódulos na tireoide, quais sinais exigem investigação e em quais casos a cirurgia é indicada
Dr. André Colapietro
5min • 26 de set. de 2025

Os nódulos na tireoide são achados comuns na prática médica e frequentemente despertam preocupação nos pacientes, sobretudo pelo medo de câncer. Estima-se que uma parcela significativa da população adulta possa apresentar nódulos detectáveis ao longo da vida, muitas vezes de forma silenciosa.
Embora a grande maioria seja benigna, uma pequena porcentagem pode representar risco maior, exigindo investigação detalhada.
Para esclarecer as principais dúvidas, conversamos com o endocrinologista André Colapietro, que explica como os nódulos aparecem, quais características merecem atenção e quais exames definem se há motivo para preocupação.
O que são nódulos na tireoide e por que aparecem?
Os nódulos na tireoide são pequenos aglomerados de células que se formam no interior da glândula tireoide, localizada na região anterior do pescoço.
“Podem surgir por alterações celulares benignas, processos inflamatórios ou, mais raramente, câncer”, fala o médico. Fatores como envelhecimento, predisposição genética e inflamações da tireoide aumentam a probabilidade de surgimento desses nódulos.
Apesar de muita gente associar os nódulos ao câncer logo de cara, o médico tranquiliza e esclarece que nem sempre a presença de um nódulo é motivo imediato de alarme. “Cerca de 90% dos nódulos de tireoide são benignos”.
No entanto, o acompanhamento médico é essencial na presença de um nódulo na tireoide. A avaliação criteriosa garante que os casos suspeitos sejam investigados de forma precoce e que os pacientes com nódulos benignos não passem por intervenções desnecessárias.
Quais sintomas indicam investigação detalhada?
Grande parte dos nódulos é assintomática, descoberta apenas em exames de rotina. No entanto, alguns sinais merecem atenção especial, pois aumentam a suspeita de malignidade ou de complicações locais.
- Crescimento rápido do nódulo
- Dor local
- Rouquidão persistente
- Dificuldade para engolir (disfagia) ou para respirar (dispneia)
Além disso, fatores de risco individuais, como histórico familiar de câncer de tireoide e exposição prévia à radiação na região cervical, elevam a necessidade de investigação cuidadosa.
Confira: 7 sintomas iniciais de câncer que não devem ser ignorados
Como é feito o diagnóstico?
O diagnóstico inicial pode ser feito no exame físico, por palpação do pescoço, ou como achado incidental em exames de imagem, como tomografia ou ressonância.
“Mas o exame de primeira linha, que fornece as informações mais completas sobre as características do nódulo, é o ultrassom”, esclarece André.
No ultrassom de tireoide, o médico não avalia apenas se há um nódulo, mas também suas características, como formato, bordas, consistência e presença de calcificações.
Cada detalhe recebe uma pontuação e, ao final, o resultado é convertido em um escore chamado Ti-Rads, que varia de 1 a 5. Quanto maior o número, maior a chance de o nódulo ser suspeito.
Nódulos de baixo risco geralmente só precisam de acompanhamento periódico, enquanto aqueles classificados como de risco mais alto podem exigir exames adicionais.
“Lembrando que não existe uma idade recomendada para iniciar o rastreio. Alguns tipos raros de câncer de tireoide com determinadas mutações genéticas implicam em rastreio precoce, ainda na infância. Mas a grande maioria das indicações do exame ocorre na idade adulta”, esclarece o endocrinologista.
Quais exames diferenciam nódulos benignos de malignos?
Embora o ultrassom seja a principal ferramenta para avaliar os nódulos na tireoide, ele sozinho não consegue dizer com certeza se o nódulo é benigno ou maligno. O exame mostra características que ajudam a estimar o risco, mas o diagnóstico definitivo depende de uma investigação mais aprofundada.
Para casos de maior risco, conforme características ultrassonográficas, histórico familiar ou evolução do nódulo, pode ser necessária a punção aspirativa por agulha fina (PAAF).
Nesse procedimento simples, feito em consultório, uma agulha fina retira uma pequena amostra de células do nódulo, que depois é analisada em laboratório.
Isso permite identificar alterações típicas de benignidade ou malignidade, auxiliando na decisão sobre o tratamento do nódulo na tireoide.
Leia também: Exames de rotina para prevenir câncer: conheça os principais
Quando a cirurgia de tireoide pode ser indicada?
Nem todo nódulo precisa ser removido. Os critérios para acompanhamento ou cirurgia de tireoide dependem de características clínicas e laboratoriais:
- Acompanhamento periódico: indicado para nódulos benignos ou para aqueles que não tiveram indicação de PAAF. O seguimento é feito com ultrassom em intervalos regulares.
- Cirurgia: recomendada para nódulos com diagnóstico compatível com câncer ou para nódulos muito volumosos, que comprimem estruturas vizinhas, causando sintomas como dificuldade para engolir ou respirar.
Esse equilíbrio entre observar e intervir garante que apenas pacientes que realmente necessitam passem por cirurgia, evitando procedimentos desnecessários.
Fatores de risco associados ao câncer de tireoide
Alguns fatores podem aumentar o risco de câncer em pacientes com nódulos, embora não estejam diretamente relacionados à formação do nódulo em si. Entre eles:
- Tabagismo: prejudica a saúde geral e pode impactar negativamente a evolução de doenças.
- Obesidade grave: associada a alterações hormonais e inflamatórias.
- Estresse crônico: pode impactar a saúde como um todo.
O médico faz questão de esclarecer que não há uma medicação ou substância específica que atue nessa proteção. “Tanto no surgimento do nódulo quanto na sua evolução para maligno, a prevenção está ligada a bons hábitos de vida”.
Perguntas e respostas sobre nódulos na tireoide
1. O que são nódulos na tireoide e por que aparecem?
São aglomerados de células que se formam dentro da glândula tireoide. Podem surgir por alterações benignas, inflamações ou, mais raramente, câncer, sendo mais comuns com o envelhecimento e predisposição genética.
2. A maioria dos nódulos na tireoide é câncer?
Não. Cerca de 90% dos nódulos são benignos, mas o acompanhamento médico é essencial para descartar casos suspeitos e evitar intervenções desnecessárias.
3. Quais sintomas indicam investigação imediata?
Crescimento rápido, dor, rouquidão persistente, dificuldade para engolir ou respirar. Histórico familiar de câncer de tireoide e exposição prévia à radiação também elevam o risco.
4. Como é feito o diagnóstico inicial?
O exame físico pode identificar nódulos, mas o ultrassom é o principal método. Ele avalia características do nódulo e gera um escore de risco chamado Ti-Rads, que varia de 1 a 5.
5. Quais exames diferenciam benignos de malignos?
A punção aspirativa por agulha fina (PAAF) é usada em casos de maior risco. O material coletado é analisado em laboratório para definir se o nódulo é benigno ou maligno.
6. Quando a cirurgia é indicada?
É recomendada para nódulos com diagnóstico de câncer ou muito volumosos, que comprimem estruturas do pescoço e causam sintomas. Nódulos benignos geralmente só exigem acompanhamento.
7. Quais fatores aumentam o risco de câncer de tireoide?
Tabagismo, obesidade grave e estresse crônico podem impactar a evolução da doença, embora não causem diretamente os nódulos. Bons hábitos de vida ajudam na prevenção.
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