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Metástase: o que é, sintomas, como surge e se tem cura

Muitas vezes, a metástase é silenciosa e descoberta apenas em exames de rotina ou de acompanhamento

Dr. Thiago Chadid

Dr. Thiago Chadid

5min • 10 de out. de 2025

Médico segura as mãos de paciente enquanto analisam exames de imagem, em consulta sobre diagnóstico e tratamento da metástase. 

Você já ouviu falar em metástase? O diagnóstico pode trazer um sentimento de insegurança e incerteza, especialmente em pacientes que estão em tratamento de câncer, mas entender como ela acontece é fundamental para enfrentar o momento com mais clareza.

De maneira simples, a metástase indica um estágio crítico no desenvolvimento e progressão do câncer, e acontece quando células de um tumor maligno que surgiu em um local específico do corpo se disseminam para outras partes do corpo, como fígado, pulmão, ossos ou cérebro.

Nesses casos, o tratamento precisa ser mais individualizado, levando em conta tanto o tipo de câncer inicial quanto os órgãos atingidos. O objetivo é controlar a doença, aliviar os sintomas e oferecer a melhor qualidade de vida possível. Entenda mais, a seguir.

Afinal, o que é metástase?

A metástase ocorre quando células cancerígenas se desprendem do tumor primário e se espalham para outras regiões do corpo. De acordo com o oncologista Thiago Chadid, o deslocamento normalmente ocorre pela corrente sanguínea ou pelo sistema linfático, atingindo órgãos como fígado, pulmão, ossos ou cérebro.

Vale destacar que nem todo tumor causa metástase – e é uma capacidade apenas do câncer maligno, que consegue invadir tecidos vizinhos e se espalhar pelo corpo. Tumores benignos, por outro lado, costumam ter células mais organizadas e um crescimento mais lento. Isso significa que, quando um câncer atinge a fase metastática, novas lesões tumorais passam a surgir em locais diferentes do tumor inicial.

Como acontece a metástase no organismo?

Segundo o Ministério da Saúde, a metástase acontece quando células cancerígenas se desprendem do tumor principal e conseguem acessar a circulação sanguínea, a linfa ou até cavidades do corpo, como a pleural e a peritoneal. A partir daí, elas encontram novos locais para se instalar e formar outros tumores.

De acordo com Thiago, existem três principais formas de disseminação:

  • Pelo sangue (via hematogênica): a mais comum, em que células tumorais caem na corrente sanguínea e atingem órgãos distantes;
  • Pelo sistema linfático: células invadem vasos linfáticos e alcançam linfonodos próximos ou distantes;
  • Por disseminação celômica: mais rara, ocorre na cavidade abdominal, causando o chamado carcinoma peritoneal.

Além disso, no caso do câncer de pulmão, pode ocorrer uma disseminação aérea, em que células tumorais se espalham pelas vias respiratórias, afetando outras áreas do próprio pulmão.

Quais órgãos são mais atingidos pela metástase?

As metástases podem surgir em qualquer local do corpo, no entanto, alguns locais tendem a ser mais comuns. De acordo com Thiago, existe um fenômeno chamado tropismo, que é a tendência de determinados tumores crescerem melhor em ambientes específicos.

O oncologista e o Ministério da Saúde destacam os seguintes padrões:

Tipos de câncer Órgãos mais comuns de metástase
Câncer de mama Linfonodos, fígado, ossos e pulmões
Câncer de pulmão Linfonodos, pulmão, glândulas suprarrenais, fígado, ossos e cérebro
Câncer de estômago Linfonodos, fígado e peritônio
Câncer de intestino (cólon e reto) Linfonodos, fígado, peritônio e, em alguns casos, pulmão
Câncer de próstata Linfonodos e ossos
Câncer de tireoide Pulmão e ossos
Melanoma Fígado e cérebro
Sarcoma Pulmões

Quais os sintomas da metástase?

Os sintomas de uma metástase variam de acordo com o órgão afetado. Muitas vezes, o paciente só descobre a metástase quando realiza exames de rotina ou quando o câncer apresenta sinais mais agressivos.

Entre alguns dos sinais de alerta, é possível apontar:

  • Metástase óssea: dores intensas nas costas e pescoço, ossos fragilizados, compressão da medula, dificuldade de urinar;
  • Metástase cerebral: dores de cabeça, convulsões, sonolência, vômitos, alterações neurológicas e dificuldade de fala ou visão;
  • Metástase pulmonar: falta de ar, tosse persistente, dor torácica, chiado no pulmão, sangue no catarro, rouquidão;
  • Metástase no fígado: perda de apetite, emagrecimento, icterícia (pele e olhos amarelados), dor abdominal, febre, náuseas e vômitos.

Se você já tratou um câncer e notar algum dos sintomas, isso não significa necessariamente que tenha metástase. Ainda assim, procure o médico rapidamente para investigar e, se houver confirmação, receber a orientação sobre o tratamento mais adequado.

Como é feito o diagnóstico de metástase?

O diagnóstico de metástase envolve uma combinação de exames clínicos, laboratoriais e de imagem. Tomografia, ressonância magnética e PET-CT, por exemplo, ajudam a identificar novos focos tumorais no corpo, mas a confirmação definitiva vem da biópsia, onde uma amostra do tecido suspeito é analisada em laboratório.

O oncologista Thiago Chadid explica que, por meio da análise histológica e molecular, é possível determinar se a célula encontrada pertence a um tumor já existente (ou seja, uma metástase) ou se ela se trata de um novo câncer primário.

Veja mais: Exames de rotina para prevenir câncer: conheça os principais

Quais são os tratamentos para a metástase?

O tratamento da metástase depende do tipo de câncer que deu origem ao tumor. Mesmo quando a doença se espalha para outros órgãos, a escolha do tratamento leva em conta o local onde começou. Normalmente, são usados medicamentos como quimioterapia, hormonioterapia, imunoterapia ou terapias-alvo.

Em alguns casos, pode ser feita uma cirurgia para retirar metástases localizadas. Já a radioterapia é usada, na maioria das vezes, para controlar sintomas, como dor ou sangramento, mas em certas situações também pode ser indicada como tratamento do câncer com metástase.

Metástase tem cura?

Todo câncer metastático é considerado de estágio avançado, o que torna a cura mais difícil. Porém, como destaca Thiago, existem situações em que poucas metástases localizadas podem ser operadas ou tratadas.

Além disso, o Ministério da Saúde ressalta que os avanços em quimioterapia, hormonioterapia, imunoterapia e drogas-alvo vêm permitindo controlar o câncer metastático por longos períodos. Nesses casos, mesmo sem falar em cura definitiva, o tratamento pode transformar a doença em algo crônico, possibilitando uma vida mais longa e com qualidade.

É possível prevenir a metástase?

A melhor forma de reduzir o risco de metástase é tratar o câncer o quanto antes. Quando diagnosticado precocemente, o tratamento pode incluir cirurgia associada a terapias complementares, como quimioterapia, radioterapia ou hormonioterapia. Elas têm como objetivo eliminar células tumorais que possam permanecer no organismo, evitando a recidiva da doença e o surgimento de metástases.

Por fim, manter um estilo de vida saudável, com o controle de peso, alimentação equilibrada, prática regular de atividades físicas, não fumar e evitar o consumo excessivo de álcool, também ajuda na prevenção do câncer em si — e, consequentemente, da metástase.

Confira: Imunoterapia: a estratégia que transforma o corpo em arma contra o câncer

Perguntas frequentes sobre metástase

1. A metástase pode surgir logo no início do câncer?

Sim, o processo de metástase pode começar ainda em fases iniciais do câncer, quando algumas células já conseguem se desprender do tumor e viajar pela corrente sanguínea ou linfática. No entanto, isso acontece com maior frequência em estágios mais avançados.

O que muda é que, no início, muitas vezes as células ainda não conseguem se instalar com sucesso em outros órgãos. Elas podem até circular, mas nem sempre encontram condições para crescer. Já em estágios avançados, a quantidade de células circulando aumenta e as chances de fixação em novos locais também.

2. Metástase no fígado tem sintomas específicos?

O fígado é um dos órgãos mais atingidos por metástases, especialmente em caso de câncer de mama, intestino ou pulmão. Quando isso acontece, o paciente pode apresentar sintomas como dor abdominal, pele e olhos amarelados (icterícia), perda de apetite, emagrecimento e fadiga intensa.

No entanto, é importante ressaltar que muitas vezes a metástase hepática pode ser silenciosa, só sendo descoberta em exames de imagem de rotina. Por isso a importância do acompanhamento médico regular.

3. Metástase no cérebro causa quais sintomas?

Quando o câncer chega ao cérebro, os sintomas variam conforme a área afetada. O paciente pode apresentar dores de cabeça persistentes, convulsões, dificuldade de fala, alterações de visão, desequilíbrio, perda de memória ou até mudanças de comportamento.

Os sinais muitas vezes podem ser confundidos com doenças neurológicas e, por isso, exames de imagem, como ressonância magnética, são fundamentais para esclarecer o diagnóstico.

4. Uma cirurgia pode eliminar todas as metástases?

Depende. Quando há poucas metástases em locais acessíveis, a cirurgia pode ser indicada e até oferecer chance de cura. Mas, na maioria das vezes, elas estão espalhadas por vários órgãos ou em áreas de difícil acesso, o que torna a cirurgia inviável. Nesses casos, o tratamento costuma ser feito com quimioterapia, hormonioterapia, imunoterapia ou terapias-alvo.

5. Pacientes com metástase podem viver muitos anos?

Apesar de a metástase indicar um estágio avançado de câncer, os avanços da medicina permitem que muitos pacientes vivam por longos períodos, mantendo a doença sob controle. Em diversos casos, o câncer metastático já é tratado como uma condição crônica, possibilitando anos de acompanhamento e estabilidade.

O foco do tratamento não é apenas prolongar a vida, mas também garantir o bem-estar e a qualidade de vida. Com as terapias atuais, muitas pessoas conseguem continuar trabalhando, viajando, convivendo com a família e mantendo uma rotina próxima do normal.

6. Metástase pode desaparecer sozinha?

Não, uma vez instalada, a metástase não desaparece sem tratamento. O que pode acontecer é a doença ficar estável por longos períodos, sem crescimento significativo, especialmente em resposta a terapias eficazes.

Em alguns casos, os exames mostram redução parcial do tamanho das metástases após tratamento, mas isso é resultado direto das intervenções médicas. Por isso, o acompanhamento contínuo é tão importante.

Leia mais: Entenda a diferença entre tumor benigno e maligno

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