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DOENÇAS & CONDIÇÕES

Intoxicação alimentar por alimentos crus: como se proteger

Consumir carnes ou peixes crus sem higiene pode desencadear náuseas, diarreia e até questões mais sérias; veja o que acontece no corpo e como agir

Dra. Juliana Soares

Dra. Juliana Soares

5min • 15 de out. de 2025

Mulher de calça jeans e blusa branca segura um rolo de papel higiênico e vai ao banheiro com intoxicação alimentar.

Você já saiu para comer fora ou preparou uma refeição em casa e, pouco tempo depois, começou a sentir náusea, dor abdominal ou diarreia? Esses sinais podem indicar uma intoxicação alimentar, problema que atinge milhões de brasileiros todos os anos e que muitas vezes está ligado ao consumo de alimentos crus ou mal higienizados.

Embora na maioria dos casos os sintomas sejam leves, a intoxicação alimentar pode evoluir para quadros graves, especialmente em crianças, idosos e pessoas com imunidade baixa. Entender como ela acontece, quais são os principais riscos e como prevenir é importante para agir rápido e evitar complicações.

O que é intoxicação alimentar?

A intoxicação alimentar acontece quando ingerimos alimentos ou bebidas contaminados por microrganismos, como bactérias, vírus ou parasitas, ou substâncias tóxicas naturais ou químicas.

Há, porém, diferença entre infecção alimentar e intoxicação alimentar:

  • Na infecção alimentar: o microrganismo se instala e multiplica no corpo após a ingestão;
  • Na intoxicação alimentar: já ingerimos toxinas prontas produzidas por microrganismos ou contaminantes, sem necessidade de multiplicação.

O perigo dos alimentos crus sem higiene

Consumir carnes ou peixes crus (como sushis, ceviches, carpaccios) exige extremo cuidado. Sem higienização, eles podem estar contaminados por:

  • Bactérias patogênicas: salmonella, escherichia coli (E.coli), vibrio, listeria, que vivem no intestino de animais e podem contaminar a carne;
  • Parasitas: certos helmintos podem resistir se o alimento não for bem tratado;
  • Toxinas e micotoxinas: fungos que crescem em carne armazenada em condições inadequadas podem produzir substâncias que não se eliminam só com calor;
  • Contaminação cruzada: utensílios usados com carnes cruas que depois tocam outros alimentos prontos podem transmitir microrganismos que provocam intoxicação alimentar.

A questão é que a aparência ou o cheiro do alimento nem sempre denunciam a contaminação, pois muitas vezes a comida parece normal ao paladar.

O que acontece no corpo durante a intoxicação?

Depois de consumir o alimento contaminado, o organismo reage e os sintomas geralmente começam entre 30 minutos e poucas horas depois da ingestão, mas podem se estender por dias.

O sistema digestivo tenta eliminar o agente nocivo. Para isso, intensifica movimentos intestinais, provoca vômito e diarreia para expulsar o microrganismo ou a toxina.

Se a intoxicação evoluir ou o contaminante for particularmente agressivo, podem ocorrer complicações em rins, fígado, sistema nervoso ou falência de múltiplos órgãos.

Sintomas de intoxicação alimentar

Os sinais variam de leves a graves. Os mais comuns são:

  • Náuseas e vômitos;
  • Dor abdominal e cólicas;
  • Diarreia (às vezes com sangue ou muco);
  • Febre;
  • Mal-estar e fraqueza;
  • Desidratação (secura na boca, sede intensa, pouco xixi).

Sintomas mais alarmantes que exigem atenção médica imediata incluem sangue nas fezes, febre muito alta, sinais de choque ou falência de órgãos.

Diagnóstico e tratamento

O diagnóstico da intoxicação alimentar costuma ser clínico. O médico avalia os sintomas, o histórico alimentar recente e os sinais de desidratação. Para confirmar, exames laboratoriais de fezes, sangue e cultura microbiana podem ser solicitados, assim se poderá saber qual o agente que causou a intoxicação.

O tratamento consiste em:

  • Repouso e hidratação: fundamental repor líquidos e eletrólitos;
  • Dieta leve: alimentos de fácil digestão, evitar gorduras, laticínios e cafeína;
  • Medicamentos sob orientação médica: medicamentos para náusea e vômitos, para diarreia (com precaução) e antibióticos, se houver infecção confirmada;
  • Casos graves podem requerer internação e hidratação endovenosa, aquela feita por soro.

Veja também: Intolerância à lactose: o que comer no dia a dia?

Prevenção: como evitar intoxicação alimentar

Algumas medidas simples podem ajudar a evitar uma intoxicação alimentar. Veja:

  • Lavar bem as mãos com água e sabão antes de preparar alimentos e após usar o banheiro;
  • Manter superfícies, utensílios e tábuas de cozinha limpas e higienizadas;
  • Separar carnes cruas de alimentos prontos, pois isso evita a contaminação cruzada;
  • Cozinhar carnes, ovos e peixes em temperatura adequada até que estejam bem cozidos, pois isso já elimina boa parte dos microrganismos ruins;
  • Evitar consumo de carne crua de procedência duvidosa;
  • Armazenar alimentos em condições adequadas de temperatura (o ideal é refrigerar ou congelar);
  • Consumir alimentos dentro do prazo de validade e evitar conservar por muito tempo.

Perguntas frequentes sobre intoxicação alimentar

1. Comer sushi ou ostras é seguro?

Sim, se o estabelecimento respeitar normas de higiene, origem e refrigeração rigorosa. Mas há risco maior se esses produtos não forem tratados ou manipulados corretamente.

2. Posso reconhecer comida estragada pelo cheiro ou aparência?

Nem sempre. Alimentos contaminados nem sempre apresentam odor, cor ou sabor alterados.

3. Quanto tempo demoram os sintomas para aparecer?

Os sintomas da intoxicação alimentar podem aparecer entre 30 minutos e até alguns dias, dependendo do agente envolvido.

4. Quando devo procurar atendimento médico?

Se houver sangue nas fezes, febre alta, desidratação ou sintomas persistentes por mais de 48 horas.

5. Intoxicação alimentar pode matar?

Sim, especialmente em grupos vulneráveis (crianças, idosos, imunodeprimidos). Alguns agentes e toxinas podem causar falência de órgãos severa.

6. Tomar antibiótico por conta própria ajuda?

Não. Uso errado pode piorar ou prolongar o quadro. A decisão de usar antibióticos deve ser feita por médico com base no agente identificado.

Leia também: 10 alimentos ricos em fibras para regular o intestino

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Escrito por Dra. Juliana Soares

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