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Por que o bebê fica amarelinho? Entenda tudo sobre a icterícia neonatal 

Descubra o que provoca o amarelado típico dos primeiros dias de vida e como garantir um acompanhamento seguro para o seu bebê

Dra. Isabella Segura

Dra. Isabella Segura

5min • 23 de out. de 2025

Bebê recém-nascido em berço com icterícia neonatal

Na maior parte dos casos, a icterícia é normal e temporária, mas há situações em que ela pode indicar um problema de saúde

Nos primeiros dias de vida, é comum que o bebê apresente uma coloração amarelada na pele e nos olhos. Na maioria das vezes, trata-se de um quadro passageiro e inofensivo de icterícia neonatal, causado pela imaturidade natural do fígado. Com o tempo e o acompanhamento adequado, a coloração costuma voltar ao normal sem deixar sequelas.

Em alguns casos, porém, esse amarelado pode indicar problemas de saúde que exigem atenção médica — como doenças metabólicas, incompatibilidade sanguínea ou dificuldade na eliminação da bilirrubina. Por isso, é importante que os pais saibam identificar os sinais e mantenham o acompanhamento pediátrico após o nascimento.

O que é a icterícia

A icterícia acontece quando há acúmulo de bilirrubina no sangue. A bilirrubina é uma substância produzida naturalmente durante a renovação dos glóbulos vermelhos. O fígado transforma e elimina essa substância pelas fezes e pela urina.

Nos primeiros dias de vida, o fígado do bebê ainda está amadurecendo, o que pode causar um leve aumento da bilirrubina e resultar na coloração amarelada da pele e dos olhos.

Quando a icterícia pode ser preocupante

Na maioria dos casos, a icterícia é fisiológica, ou seja, normal e temporária. No entanto, há situações em que ela pode indicar um problema de saúde, como:

  • Alterações metabólicas, como o hipotireoidismo;
  • Aumento da destruição dos glóbulos vermelhos, comum em casos de incompatibilidade sanguínea entre mãe e bebê ou deficiência de G6PD;
  • Dificuldade na eliminação da bilirrubina, causada por obstrução das vias biliares ou doenças hepáticas.

Em qualquer uma dessas situações, a avaliação médica é indispensável para identificar a causa e iniciar o tratamento adequado.

Risco para o cérebro

Em casos raros, a bilirrubina pode atravessar a barreira natural do cérebro e causar neurotoxicidade. Nos estágios iniciais, o bebê pode apresentar:

  • Sonolência excessiva;
  • Moleza ou, ao contrário, rigidez muscular;
  • Irritação e choro agudo.

Sem tratamento, o quadro pode evoluir para kernicterus — uma forma grave e crônica de icterícia que pode causar dificuldades motoras, perda auditiva e atraso no desenvolvimento. Embora seja raro, o kernicterus é uma complicação grave e irreversível, por isso a observação cuidadosa é fundamental.

Fatores de risco para icterícia grave

Alguns bebês exigem vigilância maior, como:

  • Prematuros;
  • Bebês com doença hemolítica do recém-nascido, que ocorre quando os anticorpos da mãe atacam os glóbulos vermelhos do bebê;
  • Histórico familiar de icterícia grave em irmãos;
  • Baixa ingestão de leite materno, que dificulta a eliminação da bilirrubina.

Como é feito o diagnóstico

O diagnóstico começa com o exame visual, observando a pele, os olhos e as mucosas. Em bebês de pele mais escura, o amarelado costuma ser mais evidente na parte branca dos olhos e embaixo da língua.

Mas apenas observar não é suficiente. Sempre que houver suspeita, o médico deve solicitar a dosagem da bilirrubina, que pode ser feita por:

  • Exame de sangue;
  • Teste transcutâneo, realizado com um aparelho que mede os níveis de bilirrubina pela pele.

Em alguns casos, podem ser necessários exames complementares de sangue ou imagem para investigar a causa do aumento da bilirrubina.

Prevenção e triagem

  • Todos os recém-nascidos devem ser avaliados entre 24 e 48 horas após o parto;
  • Durante a gestação, exames de sangue da mãe ajudam a identificar riscos, como incompatibilidade do fator Rh;
  • O início precoce da amamentação — ainda na sala de parto — auxilia o bebê a eliminar a bilirrubina pelas fezes;
  • O acompanhamento pediátrico deve continuar após a alta hospitalar, pois a icterícia pode piorar quando o bebê já está em casa.

Leia mais: Teste da orelhinha: para que serve e como é feito

Tratamento da icterícia em recém-nascidos

Fototerapia

É o tratamento mais comum e eficaz. O bebê fica exposto a uma luz especial (diferente da solar), que transforma a bilirrubina em uma forma mais fácil de eliminar. O tempo de tratamento varia conforme os níveis de bilirrubina e a resposta do bebê.

Casos graves

Em situações raras, pode ser necessária a exsanguineotransfusão — procedimento em que parte do sangue do bebê é trocada para remover rapidamente o excesso de bilirrubina.

Perguntas frequentes sobre icterícia em recém-nascidos

1. É normal o bebê ficar amarelinho depois que nasce?

Sim. A maioria dos bebês tem icterícia leve nos primeiros dias de vida, que desaparece sozinha conforme o fígado amadurece.

2. Quando a icterícia precisa de tratamento?

Quando os níveis de bilirrubina estão altos ou o bebê apresenta sinais como sonolência excessiva, dificuldade para mamar ou fraqueza.

3. A icterícia pode causar sequelas?

Somente nos casos graves e sem tratamento. Quando acompanhada adequadamente, a icterícia não deixa sequelas.

4. Posso colocar o bebê no sol para tratar a icterícia?

Não. A fototerapia médica é feita com luz específica e segura. A exposição solar não substitui o tratamento.

5. A amamentação influencia a icterícia?

Sim. Amamentar com frequência ajuda o bebê a eliminar a bilirrubina mais rapidamente.

6. Quando devo procurar o médico com urgência?

Se o bebê estiver muito sonolento, com choro agudo, dificuldade para mamar ou se a cor amarelada piorar após a alta hospitalar, procure atendimento médico imediatamente.

Leia também: 5 testes obrigatórios que devem ser feitos no recém-nascido

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Escrito por Dra. Isabella Segura

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