DOENÇAS & CONDIÇÕES
Hipoglicemia: saiba como reconhecer os sintomas e o que fazer na hora da crise
Endocrinologista explica os sinais de alerta da glicose baixa, quais medidas devem ser tomadas imediatamente e como evitar complicações
Dr. André Colapietro
5min • 25 de set. de 2025

A hipoglicemia é um dos quadros clínicos que mais preocupam endocrinologistas e pacientes com diabetes. Popularmente chamada de “queda de açúcar no sangue”, a condição acontece quando a glicose atinge níveis abaixo do necessário para garantir energia suficiente para os órgãos vitais. Dependendo da gravidade, pode causar desde tremores e suor frio até perda de consciência e convulsões.
Segundo o endocrinologista André Colapietro, a condição pode ocorrer tanto em pessoas com diabetes quanto em não diabéticos em situações específicas (como jejum prolongado). Com as orientações do médico, vamos entender como reconhecer os sintomas de hipoglicemia e o que fazer na hora da crise.
O que é hipoglicemia e como identificar
A hipoglicemia acontece quando a quantidade de glicose (açúcar) no sangue fica abaixo do normal. A glicose é o combustível principal do corpo, especialmente do cérebro. Sem energia suficiente, o organismo começa a dar sinais de alerta. Na prática clínica, considera-se:
- Glicemia < 70 mg/dL: já caracteriza hipoglicemia.
- Glicemia < 54 mg/dL: indica hipoglicemia grave, especialmente quando há alteração do nível de consciência.
Mais importante do que o número isolado é o conjunto de sintomas. Muitas vezes, o paciente sente os sinais de glicemia baixa antes mesmo de confirmar no aparelho, e isso deve ser levado a sério. Afinal, é uma condição que pode se agravar rapidamente.
Quem pode ter hipoglicemia?
A maioria dos casos de hipoglicemia ocorre em pessoas com diabetes em tratamento com insulina ou medicamentos que aumentam o risco de quedas de glicose. No entanto, não se trata de uma condição exclusiva desse grupo.
“Em não diabéticos, pode ocorrer em situações de jejum prolongado, prática intensa de exercícios, consumo excessivo de álcool ou, raramente, em alguns distúrbios hormonais ou tumores pancreáticos”, explica o endocrinologista.
Em resumo, qualquer pessoa pode, em determinadas circunstâncias, apresentar uma queda de glicose e ter hipoglicemia. Por isso, conhecer os sinais e saber como agir é fundamental.
Sintomas de hipoglicemia mais comuns
A glicemia baixa geralmente dá sinais visíveis que podem ser reconhecidos precocemente. Esses sintomas de hipoglicemia aparecem porque o corpo tenta compensar a falta de glicose, acionando hormônios como a adrenalina.
Os sinais mais típicos incluem:
- Tremores
- Sudorese (suor frio)
- Palpitações
- Fome intensa
- Ansiedade
- Tontura e fraqueza
“Atenção, porque alguns desses sintomas de hipoglicemia podem ser semelhantes aos da pressão baixa, então é importante, sempre que possível, aferir a pressão e também a glicemia capilar para evitar confusão com a causa dos sintomas”, enfatiza André.
Após os primeiros sinais, se a glicemia continuar caindo, o paciente pode até evoluir para sintomas neurológicos mais sérios, como dificuldade de raciocínio, alteração da fala e desmaio.
Leia também: Diabetes gestacional: o que é, sintomas, o que causa e como evitar
Hipoglicemia assintomática: o risco silencioso
Nem todos percebem os sintomas de hipoglicemia. Alguns pacientes, principalmente aqueles com diabetes de longa duração, podem ter episódios sem qualquer sintoma perceptível.
“Principalmente pacientes que apresentaram múltiplos episódios de hipoglicemia ao longo da vida podem se tornar menos sensíveis e evoluir com hipoglicemias assintomáticas”, explica Colapietro.
Esse fenômeno, chamado de hipoglicemia inadvertida, é particularmente perigoso porque aumenta o risco de crises graves sem aviso prévio. Para esses pacientes, o monitoramento frequente da glicemia é indispensável.
O que fazer na hora da crise de hipoglicemia
Uma crise de hipoglicemia exige ação imediata, com medidas simples que podem salvar vidas. O protocolo inicial inclui três passos básicos:
- Medir a glicemia, se possível. Essa confirmação ajuda a diferenciar de outras condições.
- Consumir carboidratos de ação rápida. Os líquidos doces são os mais indicados, pois são rapidamente absorvidos pelo organismo. Entre as opções estão suco de fruta, refrigerante comum, água com açúcar ou mel.
- Ficar em local seguro. Evitar dirigir, operar máquinas ou realizar atividades que ofereçam risco até que a glicemia esteja normalizada.
“Depois disso, deve-se repetir a medição da glicemia capilar em 15 minutos. Se não melhorar, é indicado repetir a ingestão de carboidrato e procurar um serviço de pronto-atendimento”. Na prática, recomenda-se a chamada regra dos 15: ingerir cerca de 15 g de glicose rápida. Isso pode ser feito com:
- 3 a 4 balas de doce
- Meio copo de suco de fruta
- 1 colher de sopa de açúcar ou mel
“Depois, a pessoa pode comer um lanche com carboidrato + proteína (um misto quente, por exemplo) para manter a glicemia estável”. Esse cuidado evita um novo episódio pouco tempo depois da correção inicial, garantindo que a glicemia se mantenha equilibrada.
Veja mais: Diabetes: por que controlar é tão importante para o coração
Hipoglicemia grave: quais os sinais?
Algumas crises podem ser corrigidas em casa seguindo essas indicações do médico, porém, em alguns casos, a hipoglicemia se torna uma emergência médica.
Situações que caracterizam hipoglicemia grave incluem:
- Perda ou rebaixamento da consciência
- Convulsões
- Incapacidade de ingerir alimentos sozinho
“Em casos graves, pode ser necessário glucagon injetável ou atendimento hospitalar”, afirma Colapietro. O uso de glucagon, que eleva a glicose rapidamente, deve ser prescrito e ensinado pelo médico para situações de emergência.
Como prevenir episódios em pessoas com diabetes
Para quem vive com diabetes, a prevenção é o pilar central do cuidado. Pequenas mudanças no dia a dia reduzem muito o risco de quedas de glicose. Entre as principais medidas estão:
- Monitoramento regular da glicemia: ajuda a identificar quedas antes que causem sintomas.
- Ajuste da medicação: sempre em parceria com o médico, para usar o menor número possível de fármacos de alto risco.
- Padrão estável de atividade física: manter rotina equilibrada, evitando mudanças bruscas de intensidade.
- Alimentação adequada: evitar jejum prolongado e manter horários regulares de refeição.
- Reconhecimento precoce dos sintomas: agir rápido assim que aparecerem os primeiros sinais.
Para pessoas com diabetes, a prevenção deve ser parte do cuidado diário, enquanto para a população em geral, conhecer os sinais é uma forma de evitar emergências.
Embora seja uma condição comum, nunca deve ser banalizada. O acompanhamento médico é essencial para ajustar o tratamento, orientar condutas de emergência e reduzir os riscos a longo prazo.
Perguntas e respostas sobre hipoglicemia
1. O que é hipoglicemia?
É a queda do nível de glicose no sangue abaixo de 70 mg/dL. Quando chega a menos de 54 mg/dL, já pode ser considerada grave.
2. Quem pode ter hipoglicemia?
É mais comum em pessoas com diabetes que usam insulina ou certos medicamentos, mas pode ocorrer em não diabéticos em casos como jejum prolongado, exercício intenso ou consumo excessivo de álcool.
3. Quais são os sintomas mais comuns?
Tremores, suor frio, palpitações, fome intensa, ansiedade, tontura e fraqueza. Em casos mais graves, pode causar dificuldade de raciocínio e até desmaios.
4. Existe hipoglicemia sem sintomas?
Sim. Pacientes com diabetes de longa duração podem perder a sensibilidade aos sinais, apresentando crises silenciosas, o que aumenta o risco de complicações.
5. O que fazer durante uma crise?
Consumir carboidratos de rápida absorção, como suco, refrigerante comum, açúcar ou mel. Depois, repetir a glicemia em 15 minutos e reforçar a alimentação com carboidrato e proteína.
6. Quando a hipoglicemia é considerada grave?
Quando causa perda de consciência, convulsões ou incapacidade de se alimentar sozinho. Nessas situações, pode ser necessário glucagon injetável ou atendimento hospitalar.
7. Como prevenir novos episódios?
Monitorar a glicemia com frequência, ajustar medicamentos com orientação médica, evitar jejum prolongado, manter alimentação regular e reconhecer os sintomas logo no início.
Leia também: Sintomas silenciosos do diabetes: atenção aos sinais que podem passar despercebidos