DOENÇAS & CONDIÇÕES
Hiperplasia prostática benigna (HPB): quando o aumento da próstata deixa de ser normal e exige atenção médica
Saiba por que a próstata aumenta com a idade, quais sinais indicam risco de complicações e quando procurar ajuda especializada

Dr. Luciano Teixeira e Silva
5min • 22 de set. de 2025

O aumento da próstata é uma condição que acompanha milhões de homens ao redor do mundo, especialmente após os 50 anos. Popularmente chamada de “próstata aumentada”, a hiperplasia prostática benigna (HPB) é considerada um processo natural do envelhecimento masculino, mas pode trazer sintomas que comprometem o bem-estar e, em casos mais graves, a saúde dos rins e da bexiga.
Embora seja um diagnóstico frequente nos consultórios, ainda gera muitas dúvidas e medos, sobretudo pela associação equivocada com o câncer. Para esclarecer os principais pontos, conversamos com o urologista Luciano Teixeira, que explica o que é a HPB, quando procurar ajuda e quais os tratamentos disponíveis.
O que é a hiperplasia prostática benigna?
A próstata é uma glândula pequena, localizada abaixo da bexiga, que envolve a uretra, canal por onde a urina passa. Com o avançar da idade, ela pode aumentar de tamanho e dificultar a saída da urina. “Do ponto de vista médico, trata-se de um processo benigno, ligado ao envelhecimento e a questões hormonais, especialmente da testosterona e seus derivados”, explica Luciano.
Apesar disso, a HPB merece atenção, já que pode afetar a rotina e trazer complicações se não for monitorada. “Embora seja uma condição comum e, em geral, parte do envelhecimento masculino, merece atenção porque pode impactar a qualidade de vida e, em casos avançados, até a saúde dos rins e da bexiga.
É importante reforçar que HPB não é câncer, como muitos pensam. “Esse crescimento não tem relação com o câncer, mas pode trazer incômodos. Por isso, a condição precisa ser acompanhada para evitar complicações e para aliviar sintomas que, muitas vezes, atrapalham o dia a dia”, destaca o médico.
A próstata sempre aumenta com a idade?
Assim como outros órgãos, a próstata passa por mudanças ao longo da vida. De acordo com o urologista, a partir dos 40 ou 50 anos é comum que ela comece a crescer. “Do ponto de vista científico, sabemos que quase metade dos homens acima de 50 anos já apresenta algum grau de aumento prostático. Aos 80 anos, essa proporção pode chegar a 80%”, explica.
No entanto, nem todos terão sintomas. Muitos homens convivem com uma próstata aumentada sem perceber alterações significativas. O fator decisivo, segundo o médico, é se o aumento está comprimindo a uretra e prejudicando o esvaziamento da bexiga. “Podemos dizer que o aumento da próstata faz parte do envelhecimento masculino, e só preocupa quando causa sintomas ou traz risco de complicações”.
Sintomas da hiperplasia prostática benigna que indicam alerta
Segundo o urologista, a HPB começa a se tornar preocupante quando passa a interferir no ato de urinar. Os sintomas da hiperplasia prostática benigna mais comuns são:
- Jato urinário fraco, com demora para começar a urinar;
- Sensação de esvaziamento incompleto da bexiga;
- Aumento da frequência urinária, especialmente à noite;
- Urgência para urinar, com dificuldade em segurar.
“Esses sinais indicam que a próstata pode estar comprimindo a uretra e dificultando a saída da urina”, diz o médico, que explica que, em alguns casos, outros sintomas podem estar presentes, como sangue na urina, infecções recorrentes ou até retenção urinária aguda (quando o paciente não consegue mais urinar).
Esses sintomas da hiperplasia prostática significam que a bexiga está trabalhando sob pressão e que pode sofrer danos ao longo do tempo. “Por isso, o acompanhamento com o urologista é fundamental. Quanto antes identificarmos o problema, mais simples e eficaz tende a ser o tratamento”.
HPB e câncer de próstata podem ter alguma relação?
Uma das maiores preocupações dos homens é se a próstata aumentada significa câncer. O médico é enfático: são doenças distintas. “A hiperplasia prostática benigna é um crescimento benigno da próstata, resultado do envelhecimento e da ação hormonal. Já o câncer de próstata é um tumor maligno, com comportamento completamente diferente”.
O especialista ressalta ainda que a HPB também não aumenta o risco de câncer. Porém, como ambas as doenças afetam a mesma glândula e podem causar sintomas parecidos, a avaliação urológica é indispensável para diferenciá-las. “Ou seja, a próstata aumentada por HPB não ‘vira’ câncer. Mas só o urologista, com os exames adequados, pode dar essa segurança ao homem”.
Quando procurar o urologista?
A recomendação é clara: todos os homens devem procurar o urologista a partir dos 50 anos, mesmo sem sintomas. Já quem tem histórico familiar de câncer de próstata (pai ou irmão) ou faz parte de grupos de risco, como homens negros, deve iniciar aos 45. “Além da idade, é fundamental procurar o urologista sempre que houver sintomas urinários, independentemente da fase da vida”, ressalta Luciano.
Entre os sinais que merecem atenção imediata estão: dificuldade para urinar, dor, infecção, sangue na urina e episódios de retenção urinária. “O acompanhamento regular permite identificar precocemente tanto a hiperplasia prostática benigna quanto o câncer de próstata, aumentando a eficácia dos tratamentos e permitindo opções menos agressivas”, completa o médico.
Quais exames são usados para diagnosticar a HPB?
O diagnóstico da hiperplasia prostática benigna envolve análise do histórico clínico do paciente, além de exame físico e testes complementares. Entre os principais:
- Toque retal: avalia tamanho, consistência e presença de nódulos;
- Exame de sangue PSA: mede a proteína produzida pela próstata. Pode estar alterado tanto na HPB quanto no câncer;
- Ultrassonografia: avalia o volume prostático e repercussões na bexiga e rins;
- Urofluxometria: mede a força e a velocidade do jato urinário;
- Urodinâmica: avalia o comportamento da bexiga durante enchimento e esvaziamento;
- Exames de urina e função renal: ajudam a identificar complicações.
Com esse conjunto de informações, o urologista consegue distinguir HPB de outras doenças e indicar o tratamento mais adequado.
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Tratamento para hiperplasia prostática benigna: quais são as opções?
O tratamento para hiperplasia prostática benigna depende da gravidade dos sintomas e do impacto na vida do paciente. Segundo o especialista, as principais abordagens incluem:
- Acompanhamento clínico: indicado quando os sintomas são leves e não causam prejuízos; o paciente é apenas monitorado regularmente;
- Medicamentos: que relaxam a musculatura da próstata, facilitando a passagem da urina, e que reduzem o tamanho da glândula;
- Cirurgias minimamente invasivas: como ressecção transuretral da próstata (RTU), Laser GreenLight e técnicas de enucleação com laser (HoLEP);
- Cirurgia aberta ou robótica: reservadas para próstatas muito volumosas.
O objetivo de todas as opções de tratamento para hiperplasia prostática benigna acima citadas é o mesmo: aliviar os sintomas, proteger a função da bexiga e dos rins, e devolver qualidade de vida ao paciente.
Lembrando que o tratamento é mais eficaz com o diagnóstico precoce. Por isso, a mensagem final é clara: homens devem vencer o tabu e buscar acompanhamento urológico regular, sobretudo após os 50 anos.
Perguntas e respostas sobre hiperplasia prostática benigna
1. O que é a hiperplasia prostática benigna (HPB)?
É o aumento benigno da próstata, comum com o envelhecimento. Não é câncer, mas pode causar sintomas urinários e afetar rins e bexiga.
2. Hiperplasia prostática benigna é a mesma coisa que câncer?
Não, a HPB é benigna e não aumenta o risco de câncer. Os sintomas podem ser parecidos, por isso é importante a avaliação médica.
3. A próstata sempre aumenta com a idade?
É comum que cresça a partir dos 40–50 anos, mas nem todos terão sintomas; a situação preocupa apenas quando afeta a bexiga.
4. Quais os sintomas mais comuns?
Jato urinário fraco, demora para urinar, sensação de bexiga cheia, urinar várias vezes à noite e urgência para urinar.
5. Quando procurar o urologista?
Aos 50 anos (ou aos 45 se for do grupo de risco). Também sempre que surgirem sintomas como dor, sangue na urina ou retenção.
6. Quais exames são feitos?
Toque retal, PSA, ultrassonografia, urofluxometria, urodinâmica e exames de urina/função renal.
7. Quais os tratamentos disponíveis?
Acompanhamento clínico, medicamentos, cirurgias minimamente invasivas (RTU, Laser, HoLEP) ou, em casos grandes, cirurgia aberta/robótica.
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