BEM-ESTAR & ESTILO DE VIDA
Higiene menstrual: conheça os principais cuidados durante o ciclo
As recomendações para a higiene íntima durante a menstruação são parecidas com as do dia a dia, mas com alguns cuidados a mais; saiba mais

Dra. Andreia Sapienza
5min • 10 de set. de 2025

Controlar o fluxo menstrual faz parte da rotina da maioria das mulheres em idade fértil, sendo um período em que a atenção ao corpo deve ser redobrada, para prevenir infecções, odores desagradáveis e desconfortos.
De acordo com a ginecologista e obstetra Andrea Sapienza, manter hábitos de higiene adequados é simples, mas exige atenção para evitar erros comuns, como permanecer muitas horas com o mesmo absorvente ou realizar duchas vaginais internas.
A seguir, esclarecemos as principais dúvidas sobre higiene menstrual e listamos cuidados práticos que podem ajudar a manter a saúde íntima em dia — desde a troca correta dos absorventes até a escolha de roupas adequadas. Confira!
Por que a higiene no ciclo menstrual é tão importante?
A menstruação é um processo natural do organismo que ocorre quando o revestimento do útero, chamado endométrio, se desprende e é expelido pela vagina, na forma de sangue, secreções naturais e restos de tecido. Isso acontece quando não há uma gravidez no período de um ciclo menstrual, que dura em média 28 dias.
Como o ambiente é úmido, somado ao contato prolongado do sangue com a pele e a mucosa vaginal, isso cria condições favoráveis para a proliferação de bactérias e fungos. Por isso, quando a higiene íntima não é feita corretamente, aumentam os riscos de:
- Infecções vaginais, como candidíase e vaginose bacteriana;
- Irritações na pele da vulva devido ao contato prolongado com o sangue;
- Mau odor e sensação de desconforto;
- Alergias causadas por produtos inadequados.
Leia também: Seu ciclo está bagunçado? Saiba quando a menstruação irregular é sinal de alerta
Como deve ser feita a higiene menstrual?
De acordo com Andrea Sapienza, as recomendações para a higiene íntima durante a menstruação são semelhantes às do dia a dia, mas com alguns cuidados a mais.
Limpeza externa, nunca interna
A higiene deve ser realizada apenas na parte externa da vulva, usando movimentos delicados e sem esfregar com força. As duchas vaginais internas não são recomendadas, pois podem remover a flora protetora da vagina e causar desequilíbrios no pH.
A flora vaginal saudável é formada principalmente por lactobacilos, que atuam como uma barreira natural contra fungos e bactérias. Quando o equilíbrio é alterado, aumentam as chances de infecções como candidíase e vaginose bacteriana.
Por isso, água corrente e sabonete suave já são suficientes para manter a saúde íntima em dia.
Uso de sabonetes suaves
A higiene pode ser feita com sabonete comum suave, de preferência neutro e sem perfume. O uso de sabonetes íntimos específicos não é obrigatório: eles podem ser uma opção para quem prefere ou apresenta alguma sensibilidade, mas não devem ser vistos como regra.
O que deve ser evitado são produtos com fragrâncias intensas, corantes ou ação antibacteriana forte, que podem irritar a pele, ressecar ou alterar o equilíbrio natural da flora vaginal.
Em algumas situações, os lenços umedecidos íntimos podem ser usados para evitar resíduo de papel higiênico. O ideal é optar pelos específicos para região íntima, mas os lenços de bebê também servem, desde que sejam suaves, sem perfume forte e que não irritem a pele.
Frequência de higiene
Durante o ciclo menstrual, a recomendação é que a higiene da região íntima externa seja feita ao menos duas vezes ao dia, de preferência uma pela manhã e outra antes de dormir.
Nos dias em que o fluxo estiver mais intenso, ou após a prática de atividades físicas, você pode aumentar a frequência, mas evitando exageros — afinal, o excesso de lavagens também pode prejudicar a proteção natural da pele.
Evite roupas apertadas ou sintéticas
Quando a região íntima fica abafada, seja pelo uso de calças muito justas ou de tecidos sintéticos, cria-se um ambiente úmido e quente que favorece a proliferação de fungos e bactérias. Por isso, sempre que possível, é melhor optar por calcinhas de algodão, que permitem maior ventilação e absorvem melhor a umidade natural.
Troque absorventes com frequência
As trocas de absorventes devem ser realizadas num prazo de seis a oito horas aproximadamente, a depender do fluxo menstrual. A ginecologista Andrea Sapienza aponta alguns cuidados, dependendo do tipo de absorvente usado:
- Absorventes externos: trocar conforme o fluxo, mas não deixar acumular sangue por muitas horas. Prefira absorventes com cobertura de algodão;
- Absorventes internos: podem ser usados, mas não por mais de 8 horas seguidas. A troca é fundamental para evitar proliferação de bactérias;
- Coletores menstruais: devem ser retirados, lavados e recolocados a cada 6 a 8 horas, no máximo. É importante escolher o tamanho adequado;
- Calcinhas absorventes: podem ser utilizadas sozinhas ou combinadas com outros métodos. Devem ser trocadas a cada 8 a 12 horas, respeitando as necessidades individuais.
É recomendado o uso de spray/perfume íntimo?
O uso de sprays, perfumes íntimos ou qualquer produto com fragrâncias e corantes não é recomendado, já que a região é sensível e pode reagir com irritações ou alergias. A higiene íntima deve ser sempre simples, com o mínimo possível de substâncias químicas.
Confira: Exame preventivo ginecológico: o que é e quando fazer
Perguntas frequentes
1. A falta de higienização correta pode causar problemas?
Sim. O risco de desequilíbrio da flora vaginal aumenta, favorecendo infecções como candidíase, além de irritações, mau odor e até infecções urinárias.
2. A vaginose bacteriana pode ser causada por hábitos inadequados de higiene íntima?
Sim. A higiene inadequada, o uso de duchas vaginais ou de produtos perfumados podem favorecer a condição, que costuma causar corrimento acinzentado e odor desagradável.
3. Infecção urinária pode ser causada pela falta de higiene durante a menstruação?
Sim. O canal da uretra pode ser contaminado por bactérias quando a higiene não é feita corretamente. Isso favorece infecções urinárias, que causam dor ao urinar, vontade frequente de ir ao banheiro e até febre.
4. Ficar muitas horas com o mesmo absorvente pode trazer riscos?
Sim. O acúmulo de sangue e umidade favorece a proliferação de microorganismos, resultando em infecções, mau odor e irritações na pele. O ideal é trocar absorventes externos a cada 6 a 8 horas.
5. Posso usar calcinha absorvente em vez de absorventes descartáveis?
Sim. Elas são seguras e confortáveis, podendo ser usadas sozinhas ou em conjunto com outros métodos. Devem ser trocadas a cada 8 a 12 horas e lavadas corretamente após o uso.
6. Quais sinais indicam que preciso procurar o ginecologista durante a menstruação?
Sinais de alerta incluem coceira intensa, ardência, corrimento com cheiro forte, dor ao urinar, fluxo muito maior do que o habitual ou sangramento fora do período menstrual.
7. Qual o melhor sabonete íntimo?
O melhor sabonete é o comum suave, neutro e sem perfume. Os íntimos específicos podem ser usados, mas não são obrigatórios. O mais importante é evitar fragrâncias fortes e produtos agressivos. Em caso de dúvidas, converse com o ginecologista.
Leia mais: Causas comuns de sangramento fora do período menstrual